Religiões da África Oriental
A região leste da África comporta 100 milhões de habitantes pertencentes aos quatro grandes grupos lingüísticos mencionados na postagem anterior, que formam mais de 200 sociedades distintas. Um suaíle simplificado serve de língua veicular na região, mas a maioria das pessoas fala línguas bantos, como os "gandas", "nyoros", "nkores", "sogas" e "gisus" em Uganda: os kikuyus e kambas no Quênia; e os "kagurus" e "gogos" na Tanzânia. As religiões dos povos bantos apresentam algumas características comuns, como o caráter de deus otiosus do criador que, com exceção dos kikuyus, é visto como figura distante que não intervém nos acontecimentos do dia a dia. Consequentemente sua presença no ritual é pequena. As divindades ativas são os heróis e os ancestrais, muitas vezes consultados em seus santuários por médiuns que, em estado de transe, entram em comunicação direta com eles. Em princípio os espíritos dos mortos também podem possuir o médium. Por isso, convém aplacá-los e fazer-lhes oferendas periódicas. Vários rituais têm a finalidade de livrar a sociedade de certos estados de impureza nos quais se incorreu em virtude de transgressão, voluntária ou involuntária, da ordem.
A arte divinatória (adivinhação)
A adivinhação de tipo geomântico simplificado é encontrada na maioria dos povos da África Oriental. É praticada com o fim de ajudar as decisões binárias (sim/não), de denunciar um culpado ou de prever o futuro. Como o feitiço é considerado a causa da morte, da doença e do infortúnio, a adivinhação também serve para mostrar o autor de um malefício mágico a fim de puni-lo. O estudo de E. E. Evans-Pritchard sobre os azandes - Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Azande, Jorge Zahar Editores Br - esclarece a relação entre feitiçaria e oráculos.
Iniciações pubertárias
Todos os povos da África Oriental conhecem a iniciação pubertária, geralmente mais complexa entre os meninos que entre as meninas. A maioria dos povos bantos pratica a circuncisão e a cliteridectomia ou a labiectomia.
Iniciações guerreiras
As iniciações guerreiras mais intensas servem às vezes para cimentar a unidade de organizações secretas, como os Mau-maus dos kikuyus, no Quenia, que participaram da libertação do país.
Populações
Os povos nilóticos da África Oriental compreendem os shilluks, os nuers e os dincas na república do Sudão; os acholis em Uganda; e os inos no Quênia.
Os Nuers
A religião dos nuers e dos dincas é bem conhecida, graças aos trabalhos excepcionais de E. E. Evans-Pritchard e de Godfrey Lienhardt. Como os outros habitantes da região dos Lagos (masais, por exemplo), os nuers e os dincas são criadores transumantes de gado. Esse dado ecológico é a base de sua religião. Os primeiros seres humanos e os primeiros bovinos foram criados juntos. O deus criador não mais participa da história humana. Os diversos espíritos que podem ser invocados e os ancestrais estão próximos do homem.
Os nuers na wikipedia
Os nuers na wikipedia
Os especialistas do sagrado
Nas duas sociedades encontram-se especialistas do sagrado que se comunicam com as forças do invisível: os sacerdotes-leopardos entre os nuers e os mestres do arpão entre os dincas, que executam o rito do sacrifício do boi para livrar a comunidade da desonra e o indivíduo da doença que o acometeu. Os profetas dos nuers e dos dincas são personagens religiosas possuídas pelos espíritos.
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Texto de Renato Kress
Adaptado de "Dicionário das Religiões" de Mircea Eliade. Esse texto vai sofrer várias alterações de estudos complementares até tornar-se uma referência diversa. O texto base de Eliade foi escolhido por ser o mais completo e proporcionar mais abrangência ao tema.
Texto de Renato Kress
Adaptado de "Dicionário das Religiões" de Mircea Eliade. Esse texto vai sofrer várias alterações de estudos complementares até tornar-se uma referência diversa. O texto base de Eliade foi escolhido por ser o mais completo e proporcionar mais abrangência ao tema.
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