tag:blogger.com,1999:blog-91009557540755007942024-03-13T04:12:04.713-07:00Mito e Mentemitologia, cultura, pensamento social, arte, símbolos, religiões, filosofia e treinamentoRenato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.comBlogger19125tag:blogger.com,1999:blog-9100955754075500794.post-85058487175118243502018-09-18T17:02:00.000-07:002018-09-18T17:02:10.624-07:00Hades: Suicídio e silêncio<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<blockquote class="_2cuy _509u" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="29pq2-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #7f7f7f; font-family: "Hoefler Text", Georgia, serif; font-style: italic; line-height: 42px; margin: 0px auto 56px; padding: 32px 80px 28px; position: relative; text-align: center; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="29pq2-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-wMOlIdEq_HU/W6GRlPbXRaI/AAAAAAAA4E8/CvoOnVwGMT48Ce6aVFI03ogcs0zEm5tZgCLcBGAs/s1600/hades002.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="474" height="320" src="https://3.bp.blogspot.com/-wMOlIdEq_HU/W6GRlPbXRaI/AAAAAAAA4E8/CvoOnVwGMT48Ce6aVFI03ogcs0zEm5tZgCLcBGAs/s320/hades002.png" width="237" /></a><span data-offset-key="29pq2-0-0" style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;">“Há momentos em que silenciar é mentir” - Miguel de Unamuno</span></span></div>
</blockquote>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="fivdv-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="fivdv-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="fivdv-0-0" style="font-family: inherit;"><span style="font-size: x-large;">A</span><span style="font-size: 17px;">o tratarmos de Hades nos encontros virtuais Mito e Mente sempre falamos da luz e da sombra dos aspectos relacionados à morte. É comum entre os junguianos a tendência de trabalhar o tema através da perspectiva da morte como transformação. Afinal, para Jung, o psicólogo que mais e melhor se debruçou sobre os mitos originários e modernos, todo o processo psíquico é exatamente isso, um processo! Ele tem um rumo, uma orientação “teleológica” - orientada para um fim, para uma finalidade ou meta - ou ao menos um “fluxo” - para os mais pragmáticos. Pois bem, a vida psíquica, como a vida orgânica está em fluxo, é profunda e constante transformação. </span></span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="8229k-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8229k-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="8229k-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">Represa</span><span data-offset-key="8229k-0-1" style="font-family: inherit;">
Por esse viés das trocas energéticas efetuadas entre os diferentes complexos psíquicos ou sociais muitas vezes não percebemos que há, também, a possibilidade de interrupção desse fluxo, de escoamento final, de corte. Procuramos virar o rosto para a possibilidade fatal, para o acelerar fatal do processo a que todos tendemos. Faz parte da nossa reação de horror à sombra, ao pânico em lidar com aquilo que identificamos como incômodo, incerto, misterioso e hediondo. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="6gmks-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="6gmks-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="6gmks-0-0" style="font-family: inherit; font-style: italic;">Na Grécia Antiga evitava-se pronunciar o nome do deus Hades. Não era interessante invocar (do latim invocare “chamar para perto”) o deus do subterrâneo. Pois bem, estamos aqui para romper esse silêncio. Estamos aqui para viver em voz alta.</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="dksgv-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="dksgv-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="dksgv-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">Sociologia do Suicídio</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="2bhpd-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="2bhpd-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="2bhpd-0-0" style="font-family: inherit;">Émile Durkheim foi o primeiro sociólogo a estudar o suicídio como um “fato social”, como um fato relacionado diretamente a determinadas relações sociais, culturas e crenças sociais. Para ele os indivíduos eram integrados e regulados, em maior ou menor escala, através de “forças sociais” que poderiam ser estudadas e analisadas numericamente. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="5aahi-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="5aahi-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="5aahi-0-0" style="font-family: inherit;">Da obra de Durkheim, O Suicídio (1897), temos a distinção entre três formas de suicídio: o suicídio anômico, o altruísta e o egoísta. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="2u73r-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="2u73r-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="2u73r-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">Suicídio Anômico:</span><span data-offset-key="2u73r-0-1" style="font-family: inherit;"> Em linhas gerais o primeiro, o suicídio anômico, trata do autoextermínio causado pela ausência de regras que mantenham a coesão e a coerência social (“anomia”, do grego </span><span data-offset-key="2u73r-0-2" style="font-family: inherit; font-style: italic;">ἀνομία</span><span data-offset-key="2u73r-0-3" style="font-family: inherit;"> - “ausência de regra”, “privação da lei”). É importante compreender que as regras sociais não cumprem apenas a função de nos limitar e tolher nossos desejos e impulsos, mas também de dotar de sentido, de direção e significado, as nossas ações dentro de uma determinada coletividade. Nesse sentido o caos gerado por grandes e aceleradas mudanças estruturais dentro de uma sociedade pode ampliar muito o número de fatalidades do tipo. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="33pa5-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="33pa5-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="33pa5-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">Suicídio Altruísta: </span><span data-offset-key="33pa5-0-1" style="font-family: inherit;">Esse tipo de fatalidade ocorre pelo extremo oposto do suicídio anômico. Quando o excesso de regras impostas a uma coletividade se torna insuportável para uma pessoa ou para uma classe, esse tipo de suicídio tende a ocorrer mais. Temos aqui os causados em nome de uma “causa” maior, como da “liberdade” de um povo, uma etnia, e também os cometidos em defesa de um ideal seja ele civil ou religioso. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="8ac9b-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8ac9b-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="8ac9b-0-0" style="font-family: inherit;">Aqui se encaixam também os suicídios de políticos japoneses indiciados por corrupção. O mecanismo social que responde por essas situações é a lógica grega do miasma - do grego </span><span data-offset-key="8ac9b-0-1" style="font-family: inherit; font-style: italic;">míasma </span><span data-offset-key="8ac9b-0-2" style="font-family: inherit;">(“emanação”) - uma espécie de influência social nociva que passa, como que por convivência e contato, do sujeito criminoso para toda a sua família. Resta ao responsável eliminar a si mesmo para eliminar esse mal-estar corruptor do seio de sua família. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="35lis-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="35lis-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="35lis-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">Suicídio Egoísta:</span><span data-offset-key="35lis-0-1" style="font-family: inherit;"> Esse tipo ocorre quando o sujeito não se sente conectado de forma alguma à sociedade ou à realidade ao seu redor. Normalmente estamos integrados socialmente através dos papéis sociais que interpretamos em nossas vidas: mãe, professora, tio, primo, vizinho, síndico, médico, mecânico, enfim por laços de familiaridade, trabalho, comunidade e obrigações sociais. Quando esses laços são enfraquecidos pela perda de seus referenciais de apoio - perda de trabalho, cônjuge, familiares próximos, status social - o número de suicídios desse tipo aumenta.</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="3ptms-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="3ptms-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="3ptms-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">Silêncio estatístico</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="fuuqa-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="fuuqa-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="fuuqa-0-0" style="font-family: inherit;">Devemos lembrar sempre que as diferenças culturais entre os povos são fatores tão importantes quanto as culturas às quais esses povos são submetidos. Tendemos a pensar que o egoísmo, assim como o narcisismo, são consequências naturais e quase que inevitáveis da sociedade contemporâneas (pós-industrial). Isso não pode nos cegar para outras formas culturais de lidar com os mesmos problemas. Vejamos o caso do Japão contemporâneo.</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="1suf8-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="1suf8-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="1suf8-0-0" style="font-family: inherit;">No Japão, hoje em dia, a maior parte dos suicídios é causada pela vergonha em não se conseguir se “adaptar” ao ideal social, por fracassar em realizar os objetivos que o grupo impõe sobre seus membros.</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="3eld0-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="3eld0-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="3eld0-0-0" style="font-family: inherit;">A sociologia seguiu, após Durkheim, estudando as variações do suicídio e de suas motivações. Halbwacks (1933), Sainsbury (1955) e Cavari (1965) publicaram, sucessivamente, estudos relacionado o fenômeno social à urbanização e ao isolamento individual. Gibbs e Martin (1964) pensou a conexão entre suicídio e falta de integração de status, Henri e Short (1954) e Maris (1969) à falta de restrição externa e, mais recentemente, Phillips e Carstensen (1988) a efeitos sócio-psicológicos da mídia de massa. Como se vê, o tema é extenso. Mas os estudos sociológicos não ajudaram tanto a evitar os suicídios quanto ajudaram a tornar a sociologia famosa e respeitável no meio acadêmico. </span></div>
</div>
<blockquote class="_2cuy _509u" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="ak6a1-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #7f7f7f; font-family: "Hoefler Text", Georgia, serif; font-style: italic; line-height: 42px; margin: 56px auto; padding: 32px 80px 28px; position: relative; text-align: center; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="ak6a1-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="ak6a1-0-0" style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;">...é imprescindível falarmos de Hades! A mão pesada do silêncio é cúmplice de tragédias futuras!</span></span></div>
</blockquote>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="51mt-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="51mt-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="51mt-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">Problemas </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="8du23-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8du23-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="8du23-0-0" style="font-family: inherit;">Um dos maiores problemas em lidar com o suicídio é o silêncio. O silêncio que permeia todo o tema. Não podemos, por exemplo, considerar como muito acuradas as estatísticas sobre o suicídio. Da mesma forma como, em geral, temos grande dificuldade em falar com aqueles que ficam sobre aquele que se foi. Acontece que diferentes culturas determinam de forma diferente o que as autoridades entendem como suicídio. Muitos são considerados acidentes e tantos outros como assassinatos. Há um outro fato social a ser considerado aqui: se a autoridade encarregada de fazer o registro da ocorrência não encontrar uma motivação socialmente validada, ou tiver algum interesse - de qualquer ordem! - em acobertar o fato, ele não entrará para as estatísticas. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="82pqg-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="82pqg-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="82pqg-0-0" style="font-family: inherit;">Por isso também é imprescindível falarmos de Hades! A mão pesada do silêncio é cúmplice de tragédias futuras!</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="1bcjl-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="1bcjl-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="1bcjl-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">Aspectos psicológicos</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="bt0id-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="bt0id-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="bt0id-0-0" style="font-family: inherit;">Wilhelm Steckel e Alfred Adler estudaram o suicídio como “agressão deslocada”, algo que Freud posteriormente, no seu estudo sobre o luto e a melancolia, definiu como a libido que, uma vez liberta do seu objeto de atenção, se desloca para o ego, criando uma identificação com o objeto de afeição perdido. Se o sujeito se identifica - se liga sua própria identidade, sua essência - a algo que já não mais existe, ele passa então a anular a si mesmo, a negar sua existência, ou ao menos o propósito dela. Em </span><span data-offset-key="bt0id-0-1" style="font-family: inherit; font-style: italic;">Para além do Princípio do Prazer </span><span data-offset-key="bt0id-0-2" style="font-family: inherit;">Freud identifica o suicídio como uma vitória precoce do instinto de morte. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="1c0e-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="1c0e-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="1c0e-0-0" style="font-family: inherit;">Muitos psicólogos cognitivos tem se embrenhado em pesquisas quantitativas ligadas ao suicídio. Seus estudos, principalmente por serem mais recentes, talvez tenham uma conexão mais forte com a nossa sociedade contemporânea. Uma de suas conclusões sobre o suicídio são: Suicidas em potencial são pessoas com processos de pensamento extremamente polarizados.</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="cu5t0-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="cu5t0-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="cu5t0-0-0" style="font-family: inherit;">Como estudamos nos encontros Mito e Mente, todo pensamento flui entre extremos, entre ausência e presença, falta e excesso. Mas o que caracterizaria o pensamento com tendência suicida seria, justamente, o rompimento do “continuum” entre esses dois pólos, a dificuldade ou incapacidade de enxergar os “tons de cinza” entre o preto e o branco, por exemplo. Pessoas que tendem a enxergar o mundo de uma forma totalitária tenderiam mais ao extermínio de si mesmas. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="6v4e5-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="6v4e5-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="6v4e5-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">A Grande Casa</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="a0c9t-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="a0c9t-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="a0c9t-0-0" style="font-family: inherit;">Se pensarmos um pouco essa correlação é até bem simples. Imagine que você está construindo uma casa. Um dos significados do nome Hades é, justamente “a grande casa” ou “aquele que abriga a todos”. Pois bem, estamos construindo uma casa. Imagine que tenhamos três pilares sobre os quais ergueremos tubulação, paredes, vigas, fiação, teto etc. Imagine que um desses pilares, feito de madeira, foi infestado por cupins e cedeu. O que ocorreria com o resto da casa? </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="8ln26-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8ln26-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="8ln26-0-0" style="font-family: inherit;">Pois bem. Agora imagine que a casa tivesse, como normalmente as casas têm, quatro pilares. Um cede. O estado geral da casa é melhor do que antes, certo? A questão é que em nossas mentes - ao contrário do que se vê no mundo físico e na construção civil - é possível criar estruturas imaginárias com apenas uma pilastra. E elas têm, estruturalmente, a mesma possibilidade de “dar errado” que casas reais construídas apenas com uma pilastra. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="diptf-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="diptf-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="diptf-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">Rebaixamento do nível mental</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="3bqnj-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="3bqnj-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="3bqnj-0-0" style="font-family: inherit;">Pessoas que estruturem suas dinâmicas psíquicas dessa forma tendem a entender tudo o que não consigam identificar imediatamente consigo mesmas e com seus valores como “inimigos” em potencial, como algo que, não representando uma identidade consigo mesmas, representa uma oposição a eles e às suas existências, um inimigo, um adversário, algo a er eliminado. É algo semelhante ao que o psicólogo suiço Carl Gustav Jung chamou de “rebaixamento do nível mental”, um estado psíquico caracterizado por pouca imaginação e estreiteza conceitual. Essas pessoas vivem em constante sofrimento existencial e entendem qualquer crítica como uma ameaça à sua própria existência, por isso são tão aferrados aos seus posicionamentos políticos, aos seus times, à sua sexualidade. Muitas vezes esses são os únicos alicerces do edifício psíquico desses indivíduos. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="1hap9-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="1hap9-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="1hap9-0-0" style="font-family: inherit;">Quando percebem, por algum motivo, que seu alicerce não vai bem, tendem a vivenciar estados profundos de desesperança, fatalismo, hostilidade difusa e baixa-autoestima. Sem um grupo identitário novo ao qual possam se ligar, ampliando seu senso de pertencimento e reforçando suas auto-imagens sociais, perdem seus referenciais identitários, tendem ao suicídio.</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="1kfq6-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="1kfq6-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="1kfq6-0-0" style="font-family: inherit;"><br data-text="true" /></span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="di34h-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="di34h-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="di34h-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">O ato e o objetivo</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="1hc66-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="1hc66-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="1hc66-0-0" style="font-family: inherit;">Nem toda tentativa de suicídio tem como objetivo o óbito. Às vezes a voz calada está apenas gritando por socorro. Quando fui convidado pelo canal Unidiversidade, da Fiocruz, para falar sobre </span><a class="_42a-" data-hover="tooltip" data-lynx-mode="hover" data-offset-key="1hc66-1-0" data-tooltip-alignh="center" data-tooltip-content="http://www.canal.fiocruz.br/video/index.php?v=repensando-as-masculinidades-parte-1-UND-0802" href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.canal.fiocruz.br%2Fvideo%2Findex.php%3Fv%3Drepensando-as-masculinidades-parte-1-UND-0802&h=AT2m6axB3NAAFJaJWIZHFiI_KuXU6puppPFzlSqtAfEg-goL25_rsqjFO_a1QD6ZqxiP3c0Y0fq1zC9ja4gFCHHJW4bXx5YGRO01NTPe7PZz8Kgfn2UnsjK2wRvL8Xy_uzrLEnHBl0wrBq0TBM0" rel="nofollow noopener" style="color: #365899; cursor: pointer; font-family: inherit;" target="_blank"><span data-offset-key="1hc66-1-0" style="font-family: inherit;">novos caminhos para a masculinidade</span></a><span data-offset-key="1hc66-2-0" style="font-family: inherit;">, conheci o Dr. Mauro Barbosa que me deu a melhor metáfora sobre a potência do grito feminista contemporâneo: imagine uma pessoa sufocada, por uma forte mão, por anos e anos. Impossibilitada de falar, impossibilitada de ter vez e voz, toda expressão relegada a subterfúgios, toda vontade submetida a outras vontades, por toda a vida. Imagine que, por algum motivo, alguém ou algumas pessoas, retiraram aquela mão opressora de cima dos lábios dessa pessoa. Ah, ela não vai agradecer em voz baixa, não! Ela não vai falar manso! Ela vai gritar, ela vai berrar! Finalmente ela vai viver em voz alta!</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="8fqts-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="8fqts-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="8fqts-0-0" style="font-family: inherit;">A intenção de muitas tentativas de suicídios é justamente fazer a ponte não entre a vida orgânica e o mistério profundo do devir pós-orgânico, mas fazer a ponte, dar o salto, entre a sobrevivência submissa e o voltar a viver - talvez o começar a viver! Por isso também é necessário romper o silêncio.</span></div>
</div>
<blockquote class="_2cuy _509u" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="1hfno-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #7f7f7f; font-family: "Hoefler Text", Georgia, serif; font-style: italic; line-height: 42px; margin: 56px auto; padding: 32px 80px 28px; position: relative; text-align: center; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="1hfno-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="1hfno-0-0" style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;">...a própria ideia de “resiliência” como submissão silenciosa e eterna a pressões laborais e existenciais crescentes, é revestida estrategicamente de uma aura “heróica”. Na cultura corporativa contemporânea, se submeter é ser “herói”.</span></span></div>
</blockquote>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="a8035-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="a8035-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="a8035-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">Comportamento limite</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="7ohla-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="7ohla-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="7ohla-0-0" style="font-family: inherit;">Aprendemos, através dos estudos mitológicos de Karen Armstrong, que uma das funções do mito é falar sobre os assuntos-limite, é estruturar nossa relação com aquilo que nos define, orienta e cerceia. Pois bem, a maioria dos comportamentos suicidas são comportamentos de aceitação de riscos, comportamentos feitos para testar limites.</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="l5tg-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="l5tg-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="l5tg-0-0" style="font-family: inherit;">Claro que para fazer um teste sincero dos limites, não devemos ter certeza dos resultados. O resultado deve estar dentro de uma área borrada, de incerteza e insegurança. Existe aí o tema do “parasuicídio”, o suicídio de alguém que está testando os limites estabelecidos pelo bom-senso, pelas leis, família, sociedade ou crenças. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="iv5n-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="iv5n-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="iv5n-0-0" style="font-family: inherit;">Como trabalhamos no nosso encontro Mito e Mente Hermes, a incerteza, a insegurança e o medo são instrumentalizados como técnicas de venda ao extremo, fazendo do sujeito que se submete a essa insegurança estrutural difusa e esmagadora, o comportamento ideal, a atitude esperada por alguém que “resiste”, que é “resiliente”. Como trabalhamos no nosso encontro Mito e Mente Atená, a própria ideia de “resiliência”, como submissão silenciosa e eterna a pressões laborais e existenciais crescentes, é revestida estrategicamente de uma aura “heróica”. Na cultura corporativa contemporânea se submeter é ser “herói”. Uma reversão perversa que trabalhamos melhor no nosso encontro Mito e Mente Ares.</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="dk4c6-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="dk4c6-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="dk4c6-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">Resposta ética</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="c4am5-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="c4am5-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="c4am5-0-0" style="font-family: inherit;">Dá novo fôlego saber que, atualmente, a ética do suicídio tende a não mais culpabilizar a vítima. Na realidade a própria ideia de “culpa” saiu do centro das atenções. A preocupação hoje em dia está mais em perceber as motivações mais recorrentes para o suicídio e, então, combatê-las, evitá-las. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="2bp1s-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="2bp1s-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="2bp1s-0-0" style="font-family: inherit;">Cada ser é único em sua psique, história e aspirações. Mesmo pessoas que vivem nos mesmos círculos sociais percebem e registram de formas diferentes suas experiências e a forma como cada uma delas os afeta. Cada um sabe como, onde e de que maneira o calo aperta. </span></div>
</div>
<blockquote class="_2cuy _509u" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="eo9ur-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #7f7f7f; font-family: "Hoefler Text", Georgia, serif; font-style: italic; line-height: 42px; margin: 56px auto; padding: 32px 80px 28px; position: relative; text-align: center; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="eo9ur-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="eo9ur-0-0" style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;">A forma mais humana e responsável de lidar com esse tema é a escuta sem julgamento, romper a barreira do silêncio e continuar rompendo ela através de perguntas. Perguntas podem até ser invasivas, colocar em xeque muitas das certezas e concepções que o sujeito possa ter sobre a vida, mas a pergunta não impõe, a pergunta se importa.</span></span></div>
</blockquote>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="749d2-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="749d2-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="749d2-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">Escuta sem julgamento</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="bbas5-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="bbas5-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="bbas5-0-0" style="font-family: inherit;">A forma mais humana e responsável de lidar com esse tema é a escuta sem julgamento, romper a barreira do silêncio e continuar rompendo ela através de perguntas. Perguntas podem até ser invasivas, colocar em xeque muitas das certezas e concepções que o sujeito possa ter sobre a vida, mas a pergunta não impõe, a pergunta se importa. Através da pergunta podemos dar um sentido para o silêncio, um sentido para o fluxo que o silêncio contém.</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="4te07-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="4te07-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="4te07-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">Ação e performance, o teatro social</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="7vrj8-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="7vrj8-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="7vrj8-0-0" style="font-family: inherit;">Toda ação social é performática. Estamos imersos em papéis sociais que representamos melhor ou pior ao longo da vida. Eles representam a nossa “persona” (palavra grega para “máscara). É preciso que essa máscara seja porosa, que possamos respirar através dela. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="1meg8-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="1meg8-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="1meg8-0-0" style="font-family: inherit;">Essas máscaras, de filho, filha, profissional, irmão, amiga, são inevitáveis, e é imprescindível que não façamos delas forcas ou mordaças. Do contrário podemos nos sentir frustrados pelos extremos. Seja porque nunca saímos daquele personagem que nos impõem, seja por nunca entrarmos no personagem que esperam de nós. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="a9get-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="a9get-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="a9get-0-0" style="font-family: inherit;">Por isso no estudo do silêncio e do suicídio que fiz para essa apostila Mito e Mente Hades, fui estudar os diferentes silêncios na teoria do teatro. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="alab1-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="alab1-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="alab1-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">Teoria dos Silêncios</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="5brie-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="5brie-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="5brie-0-0" style="font-family: inherit;">Na teoria do teatro temos diferentes formas de silêncio. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="acq77-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="acq77-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="acq77-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">O silêncio natural.</span><span data-offset-key="acq77-0-1" style="font-family: inherit;"> O primeiro com o qual entrei em contato foi o silêncio considerado “natural”, as pausas entre as palavras, tempo natural da respiração, silêncio que não tem, em si, um significado profundo. A não ser nos casos bem diretos em que nega, pela sua presença alongada ou por algum pantomima (mímica cênica), o dito anterior. A esse silêncio chamei de “natural”.</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="fg7hb-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="fg7hb-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="fg7hb-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">O silêncio soluçado.</span><span data-offset-key="fg7hb-0-1" style="font-family: inherit;"> Mas existe também a dramaturgia do silêncio, o naturalismo de um </span><a class="_42a-" data-hover="tooltip" data-lynx-mode="hover" data-offset-key="fg7hb-1-0" data-tooltip-alignh="center" data-tooltip-content="https://pt.wikipedia.org/wiki/Anton_Tchekhov" href="https://l.facebook.com/l.php?u=https%3A%2F%2Fpt.wikipedia.org%2Fwiki%2FAnton_Tchekhov&h=AT2m6axB3NAAFJaJWIZHFiI_KuXU6puppPFzlSqtAfEg-goL25_rsqjFO_a1QD6ZqxiP3c0Y0fq1zC9ja4gFCHHJW4bXx5YGRO01NTPe7PZz8Kgfn2UnsjK2wRvL8Xy_uzrLEnHBl0wrBq0TBM0" rel="nofollow noopener" style="color: #365899; cursor: pointer; font-family: inherit;" target="_blank"><span data-offset-key="fg7hb-1-0" style="font-family: inherit;">Tchekhov</span></a><span data-offset-key="fg7hb-2-0" style="font-family: inherit;">, onde personagens não ousam ou não podem verbalizar seus pensamentos em cena. Há ali um interdito, um tabu, uma relação psíquica de anseio e privação ligada à comunicação. São obrigados - ou se entendem obrigados - a se comunicar por meias palavras, a um falar sem sentido que muitas vezes denuncia uma pura função fática, a pura necessidade de manter próximo um interlocutor. Essa fala, entrecortada e sem significado em si, talvez prenuncie o início da quebra do silêncio, ou pelo menos denuncie a carência de um contato social mais significativo. A esse silêncio chamei de “soluçado”.</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="eqjec-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="eqjec-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="eqjec-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">O silêncio óbvio.</span><span data-offset-key="eqjec-0-1" style="font-family: inherit;"> Para além desse silêncio temos também o silêncio decifrável, aquele cujo sentido é óbvio, mas toca um tema tabu que incomoda aos presentes, então permanece recalcado, represado. Quantas vezes não cerceamos o caminho para fora desse silêncio com piadas, mudanças de tema e assunto, desvios vários da atenção? A força maior está sendo feita sempre de dentro pra fora, no sentido de romper a barreira de aço que nos força a gravitar pela superfície do cotidiano, sem nos aprofundarmos, sem nos importarmos, submersos na frágil ilusão de “invulnerabilidade” que a velocidade do pensamento passa para o lento e gástrico sentimento. A esse silêncio chamei de “óbvio”.</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="6v9i4-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="6v9i4-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="6v9i4-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">O silêncio jargão.</span><span data-offset-key="6v9i4-0-1" style="font-family: inherit;"> Existe um silêncio extremamente falante, inconvenientemente falante. Ele é completamente preenchido por jargões, palavras de ordem e repetições superficiais de slogans e memes. Ele denuncia imediata e claramente a alienação (desconexão) entre a fala e o contexto, entre a experiência e o rótulo, entre o conhecimento e a generalização. É o silêncio que vemos aí, berrando nas ruas palavras de ordem, impedindo qualquer contato. Ele também é um sintoma de profundo sofrimento psíquico. O sujeito submerso nesse tipo gritante e histriônico de silêncio, em geral, está pedindo socorro, para aquela única pilastra que sustenta todo o edifício de sua identidade e que, por algum motivo, ele vê a perigo. É difícil abordar esse silêncio, muito difícil. Principalmente porque ele não consegue ficar calado. A esse silêncio chamei de “jargão”.</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="c5mrh-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="c5mrh-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="c5mrh-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">O silêncio metafísico.</span><span data-offset-key="c5mrh-0-1" style="font-family: inherit;"> Existe um silêncio que é resultado de um sentimento de arrebatamento diante dos mistérios da existência, um silêncio que é um calar-se diante do impenetrável dos mistérios do universo. Talvez a esse silêncio se referissem os gregos quando diziam que não se deveria falar sobre Hades. Não porque estaríamos invocando ele, apressando nosso inevitável destino ou causando uma “vitória precoce do instinto de morte” como diria Freud, mas porque, em última instância, esse mistério é insondável. Esse silêncio também precisa ser quebrado, pois, se não transformado em poesia, literatura ou conversa, pode ser extremamente opressor. A esse silêncio chamei de “metafísico”.</span></div>
</div>
<blockquote class="_2cuy _509u" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="bhrrb-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #7f7f7f; font-family: "Hoefler Text", Georgia, serif; font-style: italic; line-height: 42px; margin: 56px auto; padding: 32px 80px 28px; position: relative; text-align: center; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="bhrrb-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="bhrrb-0-0" style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;">As duas experiências limites que trouxeram Hades para a superfície, o amor e a dor, foram experiências de profunda ressignificação e ampliação do Self de Hades.</span></span></div>
</blockquote>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="9mdmn-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="9mdmn-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="9mdmn-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">Resgate do Self</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="e0jaj-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="e0jaj-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="e0jaj-0-0" style="font-family: inherit;">Hades só subiu ao reino dos vivos duas vezes. Uma pelo amor a sua sobrinha Koré - que viria a transformar-se em sua esposa Perséfone - e outra pela dor da flechada que recebeu no ombro, causada por seu sobrinho Hércules. Em todo o resto da mitologia ele permaneceu nas sombras de seus domínios, e era impossível discernir exatamente a natureza de suas ações por lá.</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="7jf02-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="7jf02-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="7jf02-0-0" style="font-family: inherit;">É difícil trazer essa energia que Hades representa para a luz, para a “consciência”. É mesmo raríssimo conseguir esse feito. Exige coragem para lidarmos com a verdade dessa potência do inconsciente, com nossas sombras, recalques e medos. Mas é através desse enfrentamento que Hades é reestruturado, modificado, “humanizado” se quisermos uma metáfora esperançosa. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="6fshp-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="6fshp-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="6fshp-0-0" style="font-family: inherit;">As duas experiências limites que trouxeram Hades para a superfície, o amor e a dor, foram experiências de profunda ressignificação e ampliação do Self de Hades. Já falamos anteriormente sobre essas experiências e seus significados, então aqui falaremos apenas das mudanças no Self social.</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="6nlpb-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="6nlpb-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="6nlpb-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">Self Social</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="6i8lr-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="6i8lr-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="6i8lr-0-0" style="font-family: inherit;">Na sociologia, diferentemente do conceito que encontramos na psicologia analítica, o Self é um conjunto relativamente estável de percepções que alimentamos sobre quem somos. Esse conjunto é baseado em expectativas sociais e organizado em torno de um autoconceito. O autoconceito é formado pelas ideias e sentimentos que temos sobre nós mesmos.</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="79irk-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="79irk-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="79irk-0-0" style="font-family: inherit;">Quando Hades sobe ao Olimpo para ser curado da flechada de Hércules que, por conter o sangue-veneno da Hidra de Lerna, causava uma ferida incurável e eternamente aberta, ele foi recebido com carinho e atenção, com respeito e dedicação por Apolo. Foi o próprio Apolo, deus conhecido por sua arrogância e petulância, quem cuidou pessoalmente da ferida e realizou o milagre da cura do incurável. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="e9f0d-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="e9f0d-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="e9f0d-0-0" style="font-family: inherit;">Para a lógica dualista de uma mente polarizada, o deus da luz Apolo, ao encontrar com o deus invisível Hades, deveria entrar em conflito, debate, discórdia. Mas o mito nos mostra o oposto. Apolo atende imediatamente seu tio Hades, com respeito e seriedade. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="d68og-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="d68og-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="d68og-0-0" style="font-family: inherit;">Como lembramos, o motivo da flechada de Hércules contra Hades foi a recusa, do deus dos mortos, a liberar seu cão Cérbero, para que fosse levado até Euristeu em Micenas, como realização do seu último trabalho. Hades estava inflexível. Sua inflexibilidade expôs uma ferida, uma vulnerabilidade insuportável tratada por Apolo. Voltando para casa Hades libera Hércules para levar Cérbero, seu cão de três cabeças, como forma de cumprir sua última tarefa. Desde que o sobrinho depois trouxesse de volta o guardião dos “ínferos” (regiões inferiores). Depois da ferida Hades, recebido com respeito e reverência por Apolo, tornou-se flexível. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="9736b-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="9736b-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="9736b-0-0" style="font-family: inherit; font-style: italic;">O que esse mito do deus da morte fala a você? </span></div>
</div>
<blockquote class="_2cuy _509u" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="9btr0-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #7f7f7f; font-family: "Hoefler Text", Georgia, serif; font-style: italic; line-height: 42px; margin: 56px auto; padding: 32px 80px 28px; position: relative; text-align: center; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="9btr0-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="9btr0-0-0" style="font-family: inherit;"><span style="font-size: large;">Dar voz a Hades é perguntar e ouvir! Apenas a pergunta resgata do silêncio a torrente genuína do discurso de forma respeitosa e solene, com a seriedade que ele exige.</span></span></div>
</blockquote>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="a6evp-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="a6evp-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="a6evp-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">A imagem de espelho</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="5qjo8-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="5qjo8-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="5qjo8-0-0" style="font-family: inherit;">Grande parte do simbolismo do mito de Hades está no fato de que ele é invisível, de que ele pode nos rondar dia e noite sem que tomemos conhecimento disso. O sociólogo Charles Cooley criou o termo “imagem de espelho” para designar a maneira como pensamos que outras pessoas nos vêem e avaliam. Essas ideias que fazemos do que os outros pensam sobre nós em geral estão alicerçadas em ideias gerais sobre nossos status sociais, sobre os papéis sociais que ocupamos etc. Ser mãe é, em grande parte, recorrer a ideias culturais sobre mães e é contra esse padrão generalista que medimos nosso sucesso e fracasso diante da vida. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="c28l9-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="c28l9-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="c28l9-0-0" style="font-family: inherit;">Pode parecer igualmente fascinante ou assustador quando estamos muito distantes dos padrões que julgamos que esperam de nós. “O que deveríamos ser” pode ser definido sociologicamente como “eu ideal”. Ele é uma integração entre nosso autoconceito e o “eu social ideal”, aquilo que os outros esperam de nós. A relação de proximidade ou afastamento entre como nos vemos (autoconceito) e o que deveríamos ser (self ideal) é o que forma a nossa auto-estima. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="65hst-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="65hst-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="65hst-0-0" style="font-family: inherit;">Tudo isso deve ser trazido à consciência quando estamos genuinamente fazendo nosso melhor para romper a barreira do silêncio, quando estamos trazendo Hades à superfície, mesmo que por alguns segundos. Afinal, às vezes, mesmo o independente, todo-poderoso e autossuficiente deus do silêncio, precisa de cuidado. </span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="furdu-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="furdu-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="furdu-0-0" style="font-family: inherit;">Estamos o tempo todo falando, na consciência. Dar voz a Hades é perguntar! Apenas a pergunta resgata do silêncio a torrente genuína do discurso de forma respeitosa e solene, com a seriedade que ele merece e exige.</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="es4dp-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="es4dp-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="es4dp-0-0" style="font-family: inherit;">Na perigosa e necessária jornada de reestruturação do Self, como você pode romper o silêncio?</span></div>
</div>
<div class="_2cuy _3dgx" data-block="true" data-editor="74roi" data-offset-key="250sv-0-0" style="background-color: white; box-sizing: border-box; color: #1d2129; font-family: Georgia, serif; font-size: 17px; margin: 0px auto 28px; white-space: pre-wrap; width: 700px; word-wrap: break-word;">
<div class="_1mf _1mj" data-offset-key="250sv-0-0" style="direction: ltr; font-family: inherit; position: relative;">
<span data-offset-key="250sv-0-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">Por </span><a class="_42a-" data-hover="tooltip" data-offset-key="250sv-1-0" data-tooltip-alignh="center" data-tooltip-content="https://www.facebook.com/renato.kress" href="https://www.facebook.com/renato.kress" style="color: #365899; cursor: pointer; font-family: inherit;" target="_blank"><span data-offset-key="250sv-1-0" style="font-family: inherit; font-weight: bold;">Renato Kress</span></a><span data-offset-key="250sv-2-0" style="font-family: inherit;">
Antropólogo e Cientista Político
Especialista em Psicologia Analítica
Criador dos encontros Mito e Mente
Coach Pessoal e Profissional</span></div>
</div>
</div>
Renato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9100955754075500794.post-25128315490199871852014-04-21T10:34:00.000-07:002014-04-21T10:34:49.821-07:00E se pensássemos sobre a Páscoa?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-rnwzhyWgsvU/U1VPYp7KRuI/AAAAAAAACkc/1onbPLCVBT0/s1600/p%C3%A1scoa+0005.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-rnwzhyWgsvU/U1VPYp7KRuI/AAAAAAAACkc/1onbPLCVBT0/s1600/p%C3%A1scoa+0005.png" height="200" width="320" /></a></div>
<span style="color: purple;">Antes de ser o feriado dos coelhos e ovos de chocolate a páscoa significava, para os católicos, a libertação de todos os que estavam separados de Deus pelo pecado, comemorada junto com o dia da ressurreição de Cristo após a crucificação. Antes disso ela significava, para os judeus, a "Pessach", ou a passagem do anjo da morte que levou os primogênitos egípcios e poupou os primogênitos judeus, abrindo caminho para a fuga dos hebreus (judeus) do Egito e a sua "libertação" da escravidão. Ainda muito antes disso, na Babilônia (antiga Suméria), na mesma época do ano, comemoráva-se o aniversário/ritual da deusa Ishtar (pronuncía-se "Easter"), deusa da fertilidade, da procriação e do constante renascimento da colheita, das flores e do campo. Os símbolos da deusa Ishtar (também conhecida como Inana) eram o coelho, símbolo da promiscuidade criadora e da fertilidade, e o ovo cósmico, que, ao quebrar-se, liberou toda a força e potência criadora do mundo. Essencialmente era uma festa para comemorar a vida!</span><br />
<br />
<span style="color: purple;">A esquecida mensagem do vândalo</span><br />
<br />
Temos, na nossa comemoração do que chamamos de Páscoa, a tradição de darmos ovos de chocolate - inexplicavelmente trazidos numa cesta por um coelho bípede - para crianças. Alguns ainda se lembram da "libertação" de um revolucionário (vândalo) judeu que pregava o amor universal, mas a instituição que procura falar em seu nome nem sempre lembra-se de levar a mensagem do jovem que genial e humanísticamente reuniu todo o pentateuco em apenas um mandamento: "Amai ao próximo como a ti mesmo.". Quase ninguém se lembra de Ishtar (embora todos os povos de língua inglesa se refiram à data usando o nome da deusa).<br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-HdjZg-ZId-Y/U1VP_7yujxI/AAAAAAAACkk/WZZlNuBBAR0/s1600/Ishtar001.png" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-HdjZg-ZId-Y/U1VP_7yujxI/AAAAAAAACkk/WZZlNuBBAR0/s1600/Ishtar001.png" height="320" width="265" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ishtar, em inglês "Easter", deusa da vida.</td></tr>
</tbody></table>
<span style="color: purple;">Crianças tribais</span><br />
<br />
Quase todos nós nos escondemos (ou nos perdemos) dentro de nossas casas, cobrindo os umbrais de nossas portas com nossa indiferença cega, esperando poder salvaguardar nossas famílias, nossas crianças e a nós mesmos da vinda do "anjo da morte", do terror e da violência que nos visita "lá fora". Na nossa ilusão de pluralismo, ainda somos temerosas crianças tribais.<br />
<br />
<span style="color: purple;">Fronteiras e zonas de conforto</span><br />
<br />
Criamos nossas portas e acreditamos nelas. Acreditamos que enquanto estivermos "dentro" nos protegeremos dos perigos e incertezas do caos "lá fora". Acreditamos que existe realmente a possibilidade de sermos "escolhidos" ou "preferidos" diante do medo, da morte e da violência que não atravessará nossas fronteiras íntimas e fará vítimas apenas entre os "impuros", os "maculados" pela preguiça, pela pobreza, pela ira de um "Deus" que é justo com os "justos" e injusto com os "injustos". Um "Deus" que poderíamos chamar de ego, ou de comodismo.<br />
<br />
<span style="color: purple;">Negação e inflação do ego</span><br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-N3Z_aCw1XTk/U1VV-ghaVLI/AAAAAAAAClE/2-iKkau2TMQ/s1600/manifesta%C3%A7%C3%B5es+2014.0076.jpg.png" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-N3Z_aCw1XTk/U1VV-ghaVLI/AAAAAAAAClE/2-iKkau2TMQ/s1600/manifesta%C3%A7%C3%B5es+2014.0076.jpg.png" height="320" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Criança expulsa de casa<br />
pela Polícia política do Governo<br />
do Rio de Janeiro. Ao fundo a <br />
Catedral da Cidade, que não<br />
abriu suas portas, mantendo<br />
várias famílias "abrigadas"<br />
no seu estacionamento, ao relento.<br />
Foto de Paula Kossatz</td></tr>
</tbody></table>
Ainda que toda a realidade urre de dor em nossos ouvidos, ou ainda que arrombe nossas retinas, insistimos, como crianças mimadas, que as condições de vida das demais pessoas são consequências únicas das atitudes dessas mesmas pessoas, assim como as nossas vidas dependem unicamente de nós e nossos atos. Insistimos infantilmente em separar o "dentro" e o "fora", o "nós" e os "outros", a "ordem" e o "caos", o "bom" e o "ruim". Ainda alimentamos a fantasia egóica de sermos "escolhidos".<br />
<br />
<span style="color: purple;">A inconveniente consciência</span><br />
<br />
Sabemos, intimamente, que isso é uma grande mentira! Que um pobre palestino, uma criança negra na Maré e um neto de um magnata não têm as mesmas chances em suas jornadas.<br />
<br />
Sabemos, cada vez mais, que o valor de uma vida tem sido medido pelo seu crédito bancário. Sabemos que o medo que instauramos através do terror policial "lá fora" é o mesmo medo, a mesma onda, que rebate num rufar cardíaco nos nossos espaços "aqui dentro". É o medo que vende remédios contra a ansiedade, armas contra a violência, grades, portões e armaduras para as polícias urbanas. É o medo que impede a abertura de uma Catedral para receber refugiados de uma guerra pelo lucro, a mesma guerra de sempre. É o medo da repercussão na mídia que fez com que a polícia avançasse um pouco menos do que pretendia, quando empurrava mulheres, crianças, mães, pais e recém-nascidos para longe da vista, numa verdadeira via crucis pela cidade do Rio de Janeiro, durante a comemoração da Páscoa. O medo de agredir algum cidadão de classe média que estava se colocando entre as famílias e o avanço da polícia foi o que impediu uma chacina. O medo de ser maculado pela presença dos "impuros" fez com que um representante da Igreja ligasse caixas de som, de madrugada, para cantar no máximo volume, tentando expulsar a "chaga", o "estigma", para longe da "imaculada" casa de um "Deus" esquizofrênico, que ainda não tornou sagrada a vida e sim as relações que multiplicam o lucro.<br />
<br />
<span style="color: purple;">Esperança, um comichão cardíaco</span><br />
<br />
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-dsMmVmjdNHs/U1VVk8jXrSI/AAAAAAAACk8/wWaR9J0Zuec/s1600/manifesta%C3%A7%C3%B5es+2014.0075.jpg.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-dsMmVmjdNHs/U1VVk8jXrSI/AAAAAAAACk8/wWaR9J0Zuec/s1600/manifesta%C3%A7%C3%B5es+2014.0075.jpg.png" height="187" width="320" /></a>Esperamos que o Papa consiga reverter essa relação e temos fé num sujeito, o que é muito salutar desde que "oremos e vigiemos". Ainda precisamos de muita humildade e senso de realidade para percebermos que a fé é o combustível para empurrar a montanha, que o combustível não age sem a centelha divina que carregamos em nós: o potencial para amarmos ao próximo como a nós mesmos. Aquele mesmo papo igualitário de perdão e união, a mesma "boa nova" do "vândalo" de Nazaré.<br />
<br />
Me pergunto se algum dia, ao invés do medo, comemoraremos com Jesus, com Adonai, Ishtar, Oxalá, Budha, Brahma e Rá, alguma real Páscoa, o ressurgimento, através do ovo cósmico palpitando em nossos peitos, da vida.<br />
<div>
<br />
Texto por Renato Kress</div>
</div>
Renato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9100955754075500794.post-39289716939115821972013-11-19T07:44:00.000-08:002013-11-19T07:58:42.408-08:00Histórias, ou A cura pelo plantio de poemas íntimos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-QeOrVWCZj4o/UouGpgFl5yI/AAAAAAAACHE/TqWOsx83r54/s1600/conversar001.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-QeOrVWCZj4o/UouGpgFl5yI/AAAAAAAACHE/TqWOsx83r54/s320/conversar001.jpg" width="320" /></a></div>
<i><span style="color: #134f5c;">"Conhecer histórias é psicologicamente terapêutico per se. É bom para a alma. Os discursos econômico, científico e histórico são modalidades de histórias que frequentemente fracassam na tentativa de dar à alma aquele sentido imaginativo que ela busca, para a compreensão de sua vida psicológica."</span></i> - James Hillman<br />
<br />
<span style="color: #45818e;">Sementes</span><br />
Era uma vez uma sensação. Ela vinha toda vez que eu lia um mito, um conto de fadas, uma fábula. MAs ela vinha também quando eu conversava com amigos, quando lia um jornal ou um livro de história. Se eu pudesse descrevê-la fisicamente seria como um dedilhar íntimo, um toque na alma. <br />
<br />
É claro que a sensação variava de acordo com o que estivesse preenchendo minha alma naquele momento. Haviam nítidas unhas rasgando as minhas entranhas quando minha vida estivesse girando ao redor de ruminar fracassos, assim como um carinho singelo no peito quando eu estivesse me despedindo de um ente querido ou de uma fase da vida que já não é mais minha.<br />
<br />
A identificação com as histórias leva a isso. A essa sensação íntima que, com o tempo, tende a se transformar em sentimento, em pensamento, talvez até intuição. Conhecer histórias é terapêutico porque nos leva a conhecermos melhor a nós mesmos.<br />
<br />
<span style="color: #45818e;">Mudas</span><br />
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</div>
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-gOv2_g5PNCQ/UouCt6lRBMI/AAAAAAAACGc/cmWL7HXxFxc/s1600/siddartha+gautama+0001.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-gOv2_g5PNCQ/UouCt6lRBMI/AAAAAAAACGc/cmWL7HXxFxc/s320/siddartha+gautama+0001.jpg" width="233" /></a><br />
Muitos dos nossos sentimentos, pensamentos e intuições mais profundos são bloqueados pela velocidade alucinante do nosso cotidiano. Então vamos ao cinema, lemos um livro, paramos numa mesa de bar para conversar com nossos amigos. O que há de comum nesses momentos? Esperamos que nos contem histórias, que nos tragam um mundo que não nos pertence para que possamos, com a devida distância, observar - quase que como um pressentimento - o que daquilo tudo nos toca e nos diz algo. E se diz, com certeza, também é nosso, de alguma maneira. <br />
<br />
Tanto é nosso que levamos para casa e deixamos que aquela situação, aquele pensamento ou mesmo até aquela palavra - que talvez não significasse tanto para quem a disse - se desenvolva dentro de nós e nos inquiete por dentro. É dessa inquietação que surgem as descobertas, as soluções mirabolantes, os "insights". <br />
<br />
<span style="color: #45818e;">Troncos</span><br />
Nenhuma idéia genial veio de uma mente tranquila. Quem conhece bem os meandros e as batalhas mentais com deuses descritos por Siddartha Gautama até que ele conseguisse atingir o Nirvana sabe muito bem disso! A mente criativa é um instante em que, no meio de um tornado, se vislumbra o olho do furacão. Dorothy que o diga!<br />
<br />
Quem volta do mundo de "Oz", desse espaço das descobertas e das conclusões que nos permitimos quando saímos do lugar comum da repetição do cotidiano, nunca volta o mesmo. Quem volta da "Terra do Nunca" ou de "Nárnia" absorve tanta experiência em um espaço de tempo tão minúsculo que é como se tivesse envelhecido sem envelhecer, é como se tivesse ganho a sabedoria sem ter tido a experiência. Para quem esteve lá, o tempo cronológico não passou.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-OsN7PxEpjD4/UouEOGhrtBI/AAAAAAAACGo/Y6TRxZMudNU/s1600/M%C3%A1gico+de+Oz.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="236" src="http://4.bp.blogspot.com/-OsN7PxEpjD4/UouEOGhrtBI/AAAAAAAACGo/Y6TRxZMudNU/s320/M%C3%A1gico+de+Oz.png" width="320" /></a></div>
<br />
<span style="color: #45818e;">Galhos</span><br />
Absorve-se o conhecimento sem a maturação. É como se ativássemos um mecanismo ancestral dentro de nós mesmos e, a partir dali, uma nova fonte de energia e criação brotasse. Imagine, por exemplo, conhecer todos os mecanismos de roldanas, pesos e fontes elétricas que fazem um elevador funcionar. Imagine ser capaz de desmontar e remontar esse elevador, ou mesmo de criar ele a partir de peças soltas. É como aprender uma nova língua ou uma nova cultura, uma nova forma de ver o mundo através da qual, por alguma "mágica", tudo se tornasse mais real e, ao mesmo tempo, mais mágico. É tomar a magia da "criação de elevadores" para si. <br />
<br />
Conhecer histórias, contar e vivênciar histórias é tornar-se o "Grande e Poderoso Oz", mesmo sabendo que não há magia e que quem souber olhar atentamente para o "truque" não verá truque nem mágico, mas sim um grande impostor, que se admite impostor - sem nenhum poder mágico real - mas que, ainda assim, faz a mágica dentro de nós!<br />
<br />
Afinal, o Leão Medroso recebeu uma dose enorme de "coragem líquida" e tornou-se o rei dos animais, o Espantalho sem cérebro recebeu seu "novo cérebro" recheado de alfinetes e tornou-se rei da Cidade Esmeralda e o Lenhador de Lata recebeu seu "coração de almofada vermelha" e tornou-se o afetuoso guardião da cidade dos Quadlins.<br />
<br />
<span style="color: #45818e;">Novas sementes</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-vDDG7wvOv24/UouGPZ8E2DI/AAAAAAAACG0/s4iB4kL3G9Q/s1600/remedios+001.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-vDDG7wvOv24/UouGPZ8E2DI/AAAAAAAACG0/s4iB4kL3G9Q/s1600/remedios+001.jpg" /></a></div>
Conhecer novas histórias é tornar a vida psicologicamente rica e afetivamente saudável. Quem conhece a história do luto, as razões por trás das tradições do uso da cor negra, as formas de "beber o defunto" no interior do Brasil, as histórias por trás dos sepultamentos desde a pré-história, não foge da dor encapsulando a alma em soluções químicas ou farmacológicas. Quem conhece as razões do luto entra naquele estranho mundo da perda e, como recompensa, renasce transformado. Psicologicamente quem conhece o "era uma vez" da morte efetivamente faz a integração natural dos conteúdos significativos da experiência que tivemos em vida, com aquela pessoa. <br />
<br />
Quem conhece histórias, ao invés do bate-estaca mórbido da ferocidade das ondas intermináveis de tarefas e dias, torna a vida uma poesia recheada de sempre novos significados.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-IC5YCNZfIiM/UouGUQBdE_I/AAAAAAAACG8/VbGWkxUE0ok/s1600/ler001.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="176" src="http://2.bp.blogspot.com/-IC5YCNZfIiM/UouGUQBdE_I/AAAAAAAACG8/VbGWkxUE0ok/s320/ler001.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
por <a href="https://www.facebook.com/renato.kress">Renato Kress</a></div>
Renato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-9100955754075500794.post-48728585431730235322013-10-14T12:31:00.000-07:002013-10-14T12:33:08.533-07:00Mito e Mente II - Ártemis, luar selvagem<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-y_vjFz5qHjg/UlxFzK68TvI/AAAAAAAAB_Q/cpEuVoOAR_I/s1600/Mito+e+mente+II+-+%C3%81rtemis+logo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-y_vjFz5qHjg/UlxFzK68TvI/AAAAAAAAB_Q/cpEuVoOAR_I/s320/Mito+e+mente+II+-+%C3%81rtemis+logo.jpg" width="310" /></a></div>
<span style="color: purple;"><span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px;">Deusa do limiar entre a natureza e a cultura, deusa das crianças, do estado selvagem e das regras da natureza. Tutora das crianças pequenas, ainda em "estado de natureza", a poderosa deusa da lua, intermediadora entre a cidade o campo, entre as cercanias limitadas da consciência e todo o infinito universo do inconsciente.</span><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px;" /><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px;" /><span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px;">Bem vindos ao mundo do limiar, aos domínios de Ártemis!</span><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px;" /><br style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px;" /><span style="background-color: white; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px;">Bem vindos ao quinto encontro Mito e Mente II! </span></span><span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; font-family: 'lucida grande', tahoma, verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 16px;"><br /><br />______________________<br /><br />INVESTIMENTO:<br />R$ 53,00<br /><br />Com direito a:<br />> Participação no evento<br />> Contação dos mitos de Ártemis<br />> Apostila do evento<br />> Certificado de participação<br />> Debates e trocas<br /><br />O investimento deve ser feito com antecedência no Banco do Brasil<br />Agência 3516-5<br />Conta Corrente 14.486-x<br />Cpf: 052652497-96<br />Renato Kress<br /><br />== ATENÇÃO ! ==<br /><br />A fim de que sejamos sustentáveis e evitemos o desperdício, somente serão impressas as apostilas e os certificados dos participantes que confirmarem o pagamento<br /><br />_____________________<br />QUEIJOS E VINHOS:<br /><br />O cardápio do terceiro encontro Mito e Mente II será:<br /><br />Vinhos:<br />. Alfredo Roca - Malbec (Argentina 2011)<br />. Sol de Andes - Carmenere (Chile 2011)<br /><br />Queijos:<br />. Sardo<br />. Gouda<br />. Minas (com orégano e azeite)<br />. Gruyere<br /><br />Uvas:<br />. Verdes<br />. Roxas<br /><br />O valor pra a porção de queijos + uma taça de vinhos + uvas é de R$15,00<br /><br />Demais valores avulsos no cardápio do evento.<br />_____________________<br /><br />APRESENTADOR E DEBATEDOR:<br /><br />Renato Kress<br />Antropólogo, cientista político, especialista em psicologia analítica, diretor do Instituto ATENA e criador dos treinamentos "A Jornada do Herói", "A Arte da guerra Oriental", "Estratégia em Ação" e também do Projeto Mito e Mente I, apresentado através de oito encontros, no ano passado.<br /><br />________________<br />Dando prosseguimento ao sucesso do projeto original "Mito e Mente" do Instituto ATENA que, no ano passado, apresentou oito (8) temas do nosso cotidiano através de vinte e quatro (24) mitos gregos, apresentamos o projeto Mito e Mente II!<br /><br />Nos encontros Mito e Mente II apresentaremos novos mitos, um a um, com contação dos mitos por completo, espaço para debates, apostilas e certificados de participação!<br /><br />(Veja as fotos dos eventos anteriores!)<br />_________<br />Será um prazer recebê-los no Espaço Habitat Carioca nessa próxima quinta -feira!<br /><br />O Espaço Habitat Carioca fica a menos de 100m da saída do metrô Glória, na rua Benjamin Constant número 48</span></div>
Renato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9100955754075500794.post-37423892290479650672013-09-15T11:14:00.001-07:002013-09-15T11:14:21.096-07:00Hércules, a determinação<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-4TRqeYqO1UY/UjXsWHOvm6I/AAAAAAAAB8M/9lVzIRbfISg/s1600/Mito+e+MenteII+-+H%C3%A9rcules+logo.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><img border="0" height="239" src="http://3.bp.blogspot.com/-4TRqeYqO1UY/UjXsWHOvm6I/AAAAAAAAB8M/9lVzIRbfISg/s320/Mito+e+MenteII+-+H%C3%A9rcules+logo.png" width="320" /></span></a><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: left;"></span><br />
<div style="text-align: right;">
Ainda que várias histórias sejam recontadas sobre outras histórias relidas, ainda que a memória esvoace os detalhes íntimos das mais fantásticas fábulas, ainda assim, há um quê que se perpetua e transcende os pormenores perdidos no tempo.</div>
<br />
<br />
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: left;">
<br /></div>
</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: left;">
<b>Segundas leituras</b></div>
</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Então não se preocupem em demasia com o nexo narrativo. Ao menos não tanto quanto você se preocuparia com o nexo simbólico. O mito é como a realidade, tem uma aparência imediata, uma primeira leitura de atos, nomes e datas, e várias camadas de novas leituras, recheadas de motivações, sentimentos, ardis, emoções e intuições. São essas segundas leituras que nos interessam nos encontros Mito e Mente. </div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
__________________________<br /><br /></div>
</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: left;">
No último encontro Mito e Mente II vimos a infância nobre, a tragédia pessoal e familiar, a determinação e os aprendizados de Héracles em seus doze trabalhos. Foram duas horas de mito puro, percepções simbólicas e, no final, dinâmicas e debates de interpretação em grupo. Tudo isso regado a boas doses de queijos e vinhos, no maravilhoso Pub do Espaço Habitat Carioca!</div>
</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: left;">
<br /></div>
</span><a href="http://2.bp.blogspot.com/-5ep-87EJ3RY/UjXu6O8qNJI/AAAAAAAAB8Y/R170Ix2SE5c/s1600/Mito+e+mente+II+-+H%C3%A9rcules+002.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: left;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-5ep-87EJ3RY/UjXu6O8qNJI/AAAAAAAAB8Y/R170Ix2SE5c/s320/Mito+e+mente+II+-+H%C3%A9rcules+002.png" width="320" /></span></a><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: left;">
Aqui no blog não cabe, infelizmente, a atmosfera mágica e íntima da contação do mito, das interpretações que fizemos e menos ainda a experiência da noite de símbolos entre vinhos chilenos e argentinos, uvas verdes e cubos de gruyere, sardo, gouda e minas, mas podemos dar uma ideia transcrevendo uma pequena parte da apostila diretamente para o blog.<br /></div>
</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: left;">
Senhoras e senhores, bem vindos aos </div>
</span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="text-align: left;">
<b><br /><br /></b></div>
</span><br />
<br />
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Os
doze trabalhos de Héracles<br /><br /><o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Os famosos
doze trabalhos são, pois, as provas as quais o reis de Argos, o covarde
Euristeu, submeteu seu primo Herácles, por expiação pelo crime familiar, por ter assassinado - ainda que por um ardil dda toda-poderosa deusa Hera - sua primeira esposa Mégara e seus filhos. <br /><br /><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">“Num plano
simbólico, as doze provas configuram um vasto labirinto, cujos meandros,
mergulhados nas trevas, o herói terá de percorrer até chegar à luz, onde,
despindo a mortalidade, se revestirá do homem novo, recoberto com a
indumentária da imortalidade.” – Junito Brandão<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />Mas calma,
querido participante dos encontros Mito e Mente, porque o couro do nosso
querido herói ainda tem muito que ser curtido até lá...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="border-bottom-color: windowtext; border-bottom-width: 1pt; border-style: solid none; border-top-color: windowtext; border-top-width: 1pt; padding: 1pt 0cm; text-align: left;">
<div class="MsoNormal" style="border: none; padding: 0cm; text-align: left;">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">O
número 12<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="border: none; padding: 0cm; text-align: left;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: x-small;">Nenhum número é por acaso na mitologia.
Nem mesmo as três deusas amigas de Hera (três é um número típico para grandes
divindades femininas na Grécia), nem muito menos o número doze! <br /><br /><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="border: none; padding: 0cm; text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span style="font-size: x-small;"><span style="line-height: 115%;">Segundo Jean Chevalier e Alain
Gheerbrant, no seu maravilhoso <i>Dicionário
de Símbolos</i>: “é o número das divisões espaço-temporais, produto dos quatro
pontos cardeais pelos três níveis cósmicos. Divide o céu, visualizado como uma
cúpula, em doze setores, os doze signos do zodíaco, mencionados desde a mais
alta antiguidade (...)</span> Doze
simboliza, pois, o universo em seu desenvolvimento cíclico espaço-temporal. O
duodenário, que caracteriza o ano e o zodíaco, representa a multiplicação dos
quatro elementos, água, ar, terra e fogo, pelo três princípios alquímicos,
enxofre, sal e mercúrio, ou ainda os três estados de cada elemento em suas
fases sucessivas: evolução, culminação e involução. (...) Também em torno da
Távola Redonda do rei Artur sentavam-se doze cavaleiros. (...) Doze é, por
conseguinte, o número de uma realização integral, de um fecho completo, de um
uróboro.</span><o:p></o:p></span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-Mae7mODy77c/UjXsByJ7ROI/AAAAAAAAB8I/auUCJL9ZTZ4/s1600/Mito+e+mente+II+-+H%25C3%25A9rcules+001.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-Mae7mODy77c/UjXsByJ7ROI/AAAAAAAAB8I/auUCJL9ZTZ4/s320/Mito+e+mente+II+-+H%25C3%25A9rcules+001.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><br /></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">-I-<br />O Leão</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;"><br /></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O primeiro
trabalho que Hera inspirou Euristeu a pedir a Herácles foi a caçada ao Leão de
Neméia, uma fera invencível e completamente invulnerável que devastava a região
montanhosa da Neméia.<br /><br /><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O Leão era
neto de Tífon – o monstruoso dragão/serpente que seu pai Zeus teve de fulminar
para tomar posse de seu trono entre os deuses. Tífon era tão grande que, ao ser
enterrado nas entranhas da terra após sua derrota, formou com seu corpo
imortal, uma cordilheira. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Hércules
seguiu para a região da Neméia e não teve problemas em encontrar o rastro de
sangue e a pilha de cadáveres que levava até a caverna da fera. Preparou-se
para o confronto iminente e, assim que avistou o gigantesco animal que tinha a
sua altura (três metros de altura, nas quatro patas!) tentou matá-lo com as
flechas presenteadas por Apolo. Nada feito. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />Hércules
percebeu, ao longo de sua rotina diária de batalhas com a fera, que o Leão
estava sempre bem disposto e alimentado, o que lhe causou uma grande estranheza
porque ele, o herói, estava impedindo que o leão saísse para caçar justamente
para tentar matá-lo de fome. Depois de alguma pesquisa pelas cavernas o herói
descobriu o motivo: a caverna tinha outras saídas. Todas foram devidamente
lacradas por pedras colossais e então o herói decidiu que era hora de “matar ou
morrer” naquela inglória primeira tarefa e investiu com tudo contra o monstro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />Depois de
muitos arranhões, cortes e mordidas profundas e abalos estrondosos de socos e
pontapés trocados, caíram os dois, Herácles e o Leão, arfando pesadamente, um do
lado do outro. Foi quando o herói olhou para o leão pensando em quem teria “mais
fôlego” para ir até o fim, fosse qual fosse. Então ele percebeu: “Esse desgraçado
respira!”. Mais rápido que o raio de seu pai, Herácles saltou para cima do Leão
e – inaugurando o golpe “mata leão” – sufocou o animal até a morte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />Percebendo
que, depois do tempo gasto para conseguir eliminar o animal, seria quase
impossível arrastar todo o seu gigantesco peso a tempo até Euristeu. Viu-se
diante de um novo problema: carregar a prova da morte do Leão!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />Para isso
abriu a pele do Leão com as próprias garras deste e, ainda por cima, fez da
pele invulnerável do animal sua armadura cobrindo o peito, os ombros, a cabeça
e toda a região das costas! Agora todos os seus desafios e desafiantes teriam
de ter a hombridade de atacar de frente!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />Ao aparecer
para Euristeu com a gigantesca cabeça de leão com suas afiadas presas ao redor
da própria cabeça, cruzando os poderosos braços e sorrindo, toda a corte de Argos testemunhou o pulo vergonhoso que o monarca deu, para se esconder
dentro de um vaso de bronze, colocado ao lado do trono.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">-II-</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">A Hidra</span></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><a href="http://2.bp.blogspot.com/-dyfs69PSDnk/UjX3I11V6BI/AAAAAAAAB8o/sxXAUYViW6E/s1600/Mito+e+mente+II+-+H%C3%A9rcules+001.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-dyfs69PSDnk/UjX3I11V6BI/AAAAAAAAB8o/sxXAUYViW6E/s320/Mito+e+mente+II+-+H%C3%A9rcules+001.png" width="320" /></a></b></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O segundo
trabalho de Herácles era livrar a região de Lerna, um pântano pestilento, da
Hidra, outro dos filhos de Tífon! A hidra era uma gigantesca serpente cujo
número de cabeças varia entre três a doze. De qualquer forma a cada vez que a
espada que Hermes deu ao nosso herói decapitava uma cabeça, duas novas nasciam
em seu lugar. Ainda que começasse com três cabeças não demoraria muito para
chegar em doze, ou mais.<br /><br /><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Nessa jornada
o acompanhou seu sobrinho Iolau, filho de seu irmão. Iolau portava uma tocha
para iluminar os caminhos fechados do pântano e auxiliar Herácles na batalha. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Não demorou
para Herácles pedir a tocha emprestada para “cauterizar” os pescoços logo
depois de decapitá-los. Assim a Hidra foi vencida. Uma de suas cabeças era
imortal e não importava quantas vezes fosse cortada – ou em quantos pedaços! –
ela sempre voltava e se refazia. Então Herácles pegou a maior pedra que pôde
encontrar no pântano e esmagou essa última cabeça.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Do corpo da
Hidra saiu um sangue negro que, escorrendo por um rio próximo, fez todos os
peixes boiarem, mortos, à superfície. Entendendo a potência daquele veneno,
Herácles embebeu todas as suas flechas nele e, com isso, se tornou um inimigo
ainda mais mortífero.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">-III-</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">O Javali</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;"><br /></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quando carcaças
gigantescas de diferentes animais teoricamente indestrutíveis começaram a ser
lugar comum em Micenas, Euristeu resolve, sempre inspirado pela divina Hera,
pedir que Herácles traga um desses monstros vivo!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Havia na
Calidônia, região da Hiperbórea (acima da “casa” do vento Bóreas, que é o vento
que vem do norte), um enorme javali que, para variar, destruía tudo o que
estivesse ao seu redor. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Hércules o
domou pelas presas e o trouxe, arrastado e se debatendo, à presença de
Euristeu, que, à vista do gigantesco animal negro com suas mandíbulas e língua vermelho-sangue,
banhou seu rico trono com sua real urina.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">-IV-</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">A Corça</span></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-sW8DQsfZOEo/UjX3QWDUprI/AAAAAAAAB8w/T_-_A9Tn4zs/s1600/Mito+e+mente+II+-+H%C3%A9rcules+012.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-sW8DQsfZOEo/UjX3QWDUprI/AAAAAAAAB8w/T_-_A9Tn4zs/s320/Mito+e+mente+II+-+H%C3%A9rcules+012.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;"><br /></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: left;">Bem, se força física não parece ser um problema para o grandioso filho de Alcmena. O jeito é recorrermos a outros tipos de tarefas. Que tal correr? Correr mais do que uma corça, que é o símbolo mítico da velocidade, da agilidade e da elegância e graças femininas. E que tal uma corça sagrada, dedicada à deusa Ártemis, deusa das caçadas e dos animais selvagens? Parece mais interessante, não? Pois é o que Euristeu manda Herácles fazer, e que ela seja trazida viva!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: left;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; text-align: left;">Após chegar
na região de Cerínia, uma região inteira de floresta consagrada à deusa
Ártemis, o poderoso campeão grego passou um ano correndo atrás da corça. A bem
da verdade os primeiros dois meses foram apenas para aprender a diferenciar o
barulho do vento da passagem do animal. Daí em diante foi um treinamento
diário, constante, ininterrupto, de corrida. Ainda assim o herói só conseguiu
pegar o animal arisco porque foi dócil e esperou até que ele entrasse num rio
para ir pegá-lo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Finalmente se apossando da
corça, Herácles recebeu a visita inesperada de seus dois irmãos divinos: Apolo
e Ártemis, a dona da corça. Nenhum dos dois parecia disposto a deixar Herácles
levar a bichinha para o insidioso Euristeu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Herácles teve
de se comprometer em não deixar que a machucassem para que os deuses o
deixassem seguir viagem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">-V-</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">As Aves</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;"><br /></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Os trabalhos
teriam de ser cada vez piores e a dupla Hera e Euristeu não pouparam esforços
em suas pesquisas para enviar Herácles aos piores cantos do mundo até então
conhecido. A nova modalidade, visto que o herói havia ido bem em matar monstros
em terra e água e, também em trazer vivos seres fantásticos, era matar aves.
Mas não aves comuns, claro!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">As aves do lago
Estínfalo eram dezenas de aves com penas de bronze (invulneráveis a flechas normais)
que voavam a um quilômetro de altura e se alimentavam de carne humana. A queda
de suas penas cuidava de matar pessoas e destruir propriedades ao redor do lago
e, não fosse isso problema suficiente, elas se escondiam durante o dia em
vários pequenos orifícios em cavernas próximas ao lago. Orifícios pequenos
demais para que o gigantesco filho de Zeus conseguisse enfiar as mãos, um a um.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-nCigqfy-dFo/UjX3bW3x0NI/AAAAAAAAB84/cNIpwfQOZcc/s1600/Mito+e+mente+II+-+H%C3%A9rcules+013.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-nCigqfy-dFo/UjX3bW3x0NI/AAAAAAAAB84/cNIpwfQOZcc/s320/Mito+e+mente+II+-+H%C3%A9rcules+013.png" width="320" /></a><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Chegando na
região do lago, Herácles começou a fazer barulho e a bater palmas para
afugentar as aves de seus esconderijos. Às vezes conseguia fazer uma ou outra
sair por alguns instantes e, retesando eu arco com flechas embebidas no
venenoso sangue da Hidra, matava-a. A tarefa estava lenta demais. Provavelmente
mais lenta do que o tempo que as próprias aves levavam para se reproduzir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Herácles
para, à beira do lago, e pensa no que fazer para afastar aquelas aves todas de
uma vez só. Então Hefesto, seu irmão divino e deus da força e dos metais, lhe
envia a idéia de aproveitar as inúmeras penas de bronze ao redor e fazer com
elas um chocalho. Sacudindo-o no ar sobre a superfície do lago o herói tem a
grata surpresa de criar um barulho tão insuportavelmente alto e irritante que
as aves todas lançam vôo imediatamente! Ele não perde tempo e as alveja, uma a
uma, com suas flechas envenenadas! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">De brinde
ainda leva novas “ponteiras” para suas novas flechas no futuro: as próprias
penas das aves mortas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">-VI-</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">Os estábulos de Augias</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;"><br /></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Augias era o
gigante rei filho de Hélios, o luminoso deus-sol que tudo vê, e foi o próximo
escolhido de Hera para ser agraciado pelos serviços de Herácles. Mas dessa vez
nada glorioso como matar grandes feras que acabavam servindo de troféus para o
poderoso herói enquanto cruzava a Grécia ou sendo incrementadas ao seu já vasto
arsenal. A tarefa era se apresentar a Augias para limpar seus estábulos,
carregados com três décadas dos estrumes de bois, cabras e cavalos. Nada glorioso,
heróico ou engrandecedor para seu ego.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Herácles
tinha um ano para cumprir a tarefa, como teve com cada uma das anteriores e,
checando cada espaço do reino de Augias e fazendo pequenas tarefas aqui e ali
fazendo o máximo para não ser notado, se apresentou ao rei com uma proposta:
limparia todos os estábulos em um dia! Isso, é claro, em troca de um décimo do
rebanho do grande rei. Se não conseguisse ficaria como escravo de Augias após
servir a Euristeu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Gargalhando
muito, Augias concordou e levou Herácles até a área dos estábulos, onde o herói
fingiu estar muito impressionado com as grandes montanhas de esterco e todo
tipo de verme e pequenos animais que por ali já criavam seu habitat. Augias deu
um tapinha no ombro do herói e foi-se embora, gargalhando.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Herácles
desviou a vazão dos rios Alfeu e Peneu para que passassem por dentro do
estábulo como um gigantesco tsunami, carregando tudo o que não fosse parede por
lá. Em questão de horas o trabalho estava feito e as paredes do estábulo cintilavam!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Augias se
negou a honrar o compromisso estabelecido com o Herói e acabou tendo de travar
duas guerras contra ele. Motivo pelo qual Herácles acabou mesmo voltando só
depois de um ano para junto de Euristeu, mas não sem trazer junto um décimo do
rebanho do ex-rei, morto a flechadas por Herácles.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">-VII-</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">O Touro</span></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-Ez--9sLR0ec/UjX3wy-SgHI/AAAAAAAAB9A/ssB4AbGhqLI/s1600/Mito+e+mente+II+-+H%C3%A9rcules+017.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-Ez--9sLR0ec/UjX3wy-SgHI/AAAAAAAAB9A/ssB4AbGhqLI/s320/Mito+e+mente+II+-+H%C3%A9rcules+017.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;"><br /></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Euristeu e
Hera perceberam que poderiam ter dois grandes novos aliados na batalha contra
Herácles: o tempo e o espaço! Estavam enviando o herói para realizar tarefas em
terras muito próximas! O próximo trabalho incluiria atravessar o mar e
enfrentar um animal fantástico na poderosa ilha de Creta. Além, é claro, de
voltar com o animal para comprovar seu feito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Minos, rei de
Creta, havia feito uma promessa a Pósidon, deus dos mares, de que sacrificaria
em favor deste último qualquer animal que saísse das águas do mar. Assim
conseguiria seus favores na navegação e no seu reino submarino. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Acontece que
Pósidon enviou a Minos um touro enorme e majestoso, como nenhum ser humano
jamais havia visto. Minos percebeu que, colocando esse touro para procriar com
seu rebanho, ele teria um rebanho incrível e poderia negociá-lo a preço de ouro
com seus vizinhos comerciais. Então o rei enviou um outro touro para ser
sacrificado, na esperança de que Pósidon não notasse a óbvia diferença! Não é
preciso dizer que não deu lá muito certo, não é mesmo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pósidon,
irado, enlouqueceu o touro que havia enviado a Minos. O animal, antes pacífico,
começou a soltar chamas pelo nariz e a destruir tudo ao seu redor, parando
apenas para dormir. Algumas semanas depois disso Herácles aporta em Creta e se
oferece para resolver o problema. Lutando bravamente contra o gigantesco
animal, o filho de Zeus consegue prendê-lo pelos chifres e cavalgá-lo sobre o oceano
de volta até Micenas. Lá oferece o touro a Euristeu, que se joga dentro do vaso
de bronze que ficava ao lado de seu trono e não consegue, sequer, pronunciar
palavra, a não ser pensar – apenas pensar, e pensar gaguejando! – que gostaria
de oferecer o touro a Hera. A deusa lhe ordena que mande Herácles soltar o
animal nas planícies da cidade de Maratona.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mais tarde
esse mesmo touro será um problema para outro herói e amigo de Herácles, Teseu.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">-VIII-</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">As éguas</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Como o
trabalho anterior fora cumprido quase no limite de tempo estabelecido, Hera e
Euristeu, ainda que muito frustrados, sentiram que estavam no caminho certo
enviando o herói para lugares longínquos. Então a deusa inspirou Euristeu a
lembrar do grande Diomedes, um poderoso filho de Ares, deus da guerra, que
habitava os limites do mundo conhecido. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Acontece que
Diomedes tinha uma natureza extremamente sádica e havia criado suas famosas
éguas alimentando-as com carne humana, o que deixava elas com um ânimo muito
parecido com o que tivemos no mal da “vaca louca” alguns anos atrás. A oitava
tarefa de Herácles seria ir até Diomedes e domesticar suas éguas, para que
fossem pacíficas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Diomedes
ataca Herácles assim que o vê, sem dar sequer tempo para conversa, e, no calor
da batalha, o herói joga o filho de Ares, já bem devidamente espancado, na
frente das éguas que, após se banquetearem com a carne do seu antigo mestre,
magicamente se tornam mansas e tranquilas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">-IX-</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">O cinturão</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;"><br /></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Euristeu
tinha uma filha, Admeta, uma sacerdotisa de Hera. Com tantos deuses a honrar, a
menina tinha que escolher justamente a mesma de seu pai, não é? Maior que a
educação é sempre o exemplo. De qualquer forma a princesa Admeta teve uma idéia
genial para usar o “office-boy” do pai: usá-lo para conseguir o cinturão da
bela e poderosa rainha das amazonas, Hipólita. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Euristeu
adorou a ideia. Até então não havia notícias de quem quer que houvesse vencido
as amazonas - uma tribo de mulheres guerreiras que usavma os homens apenas para
procriação - em combate.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A caminho do
seu nono trabalho Herácles já estava ficando famoso e outros heróis se juntaram
a ele nessa jornada. Entre eles Teseu, o poderoso herói da cidade de Atenas.
Todos chegaram juntos a Temiscyra, lar das amazonas e Herácles se adiantou em
conversar com a rainha Hipólita para pedir, educadamente, seu cinturão
emprestado. Este cinturão fora dado a Hipólita pelo deus Ares, pela bravura que
a rainha demonstrou em combate quando, disputando com outras jovens da cidade,
tomou o trono para si.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Hipólita,
seja porque simpatizou com Herácles ou porque não queria um confronto com
tantos outros guerreiros em seu pais, concedeu em emprestar o cinturão que,
obviamente, deveria ser devolvido imediatamente após ser mostrado a Euristeu.
Parecia que finalmente o filho de </span><span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Alcmena conseguiria resolver um trabalho sem
sangue, suor e dores.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas assim
seria muito fácil, não é mesmo? Não satisfeita com a solução diplomática, Hera
se metamorfoseou em uma guerreira amazona e começou a ironizar e a achincalhar
da bravura dos heróis ali reunidos. Fazia todas as amazonas gargalharem com
força e o orgulho ferido dos demais guerreiros foi o suficiente para instaurar
a confusão e a guerra. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Hércules, por
acidente, assassina Hipólita e, junto com Teseu e os demais, acabam afugentando
as amazonas por tempo suficiente para que eles fujam, com o cinturão, claro!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Ainda que
Hipólita tenha sido morta o cinturão foi devolvido às suas filhas, logo após
adornar a vista da princesa Admeta, que ficou ainda mais frustrada depois de
ter tão perto o objeto de seu desejo apenas para vê-lo escapulir por entre seus
dedos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">-X-</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">Os bois</span></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-zk5ch35r2Eg/UjX3-9MTuuI/AAAAAAAAB9I/QMX-ve_IveM/s1600/Mito+e+mente+II+-+H%C3%A9rcules+015.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-zk5ch35r2Eg/UjX3-9MTuuI/AAAAAAAAB9I/QMX-ve_IveM/s320/Mito+e+mente+II+-+H%C3%A9rcules+015.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;"><br /></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Gerião era
neto de Medusa. A górgona, meio serpente meio mulher cujos cabelos de serpente
e olhar vermelho sangue tinham o poder de transformar em pedra todos os que o
encarassem de frente. A esse tempo Medusa já estava morta pelo bisavô materno
de Herácles, Perseu, mas logo depois de morrer Medusa deu à luz a Gerião e ao
cavalo alado Pégaso. Pensando no visual da mãe de Gerião dificilmente se espera
grandes coisas do filho em matéria de beleza. Pois bem, Gerião era um gigante
colossal com três troncos e três cabeças unidas por uma única cintura, de onde
saíam seis pernas e seis pés. Parece uma simpatia de sujeito, não?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Pois foi
justamente o gado desse “belo rapaz” acima que Euristeu mandou Herácles roubar.
Não havia cidade a salvar, monstro a derrotar (talvez só o próprio Gerião, mas
este vivia isolado nos confins da terra e não incomodava ninguém) ou qualquer
tipo de limpeza que pudesse trazer ainda mais fama e glória ao herói. Era
roubo, puro e simples.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Depois de
muitos meses andando sozinho – os colegas de expedição haviam feito muita
bagunça no encontro com as amazonas e Herácles resolveu viajar desacompanhado –
Herácles chega até onde está Gerião. Este possui um gigantesco cão, chamado
Ortro, que logo ataca o herói numa tocaia e acaba sendo morto, sob uma chuva de
poderosas pancadas que lhe quebraram todos os ossos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Gerião,
assustado pelos barulhos secos das pancadas de Herácles e dos gemidos cada vez
mais fracos de seu cão, avança sobre Hércules arremessando pedras. O herói saca
suas flechas envenenadas e mata, um a um, os três corpos do gigante. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Carregar o
rebanho é que foi a grande tarefa. Ele era grandioso demais e atravessar o mar
aberto que separava a ilha de Erítia, onde se escondia o gigante, em direção a
Micenas com todos aqueles animais era o verdadeiro desafio. Depois de muito
caminhar em direção ao leste o herói ameaça ao próprio deus Hélios, o sol, caso
ele não emprestasse sua “taça” (os gregos escreveram “taça”, mas podemos ler “barco”...)
para que ele atravessasse o oceano com os bois. No caminho, para lembrar sua
façanha por haver ido tão longe, o herói ergue duas enormes colunas que separam
a Líbia da Europa. Essas colunas foram chamadas de “Colunas de Herácles”. Ao
longo do caminho de volta vários santuários foram sendo erguidos em sua
homenagem, à medida em que o herói ia matando monstros, ladrões e criminosos em
sua passagem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">-XI-</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">O Cão</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;"><br /></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Desesperado
com as vitórias consecutivas do herói, agora famoso em toda a Grécia e mesmo
fora dela, Euristeu decide mando ao quinto dos infernos! Bem, na verdade não ao
quinto, nem exatamente dos infernos, mas sim ao ínfero, ao mundo inferior,
morada de Hades, o invisível deus da morte e dos mortos, para buscar Cérbero, o
cão de três cabeças, cauda de dragão, pescoço e dorso eriçados de serpentes.
Pois é, não é lá uma visão muito animadora.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Na verdade
era uma tarefa impossível de ser realizada, mesmo pelo poderoso filho de Zeus,
sem alguma ajuda. Nesse trabalho Herácles rezou a Atená que viesse a seu
auxílio, oferecendo alguma inspiração que o auxiliasse. Ela lhe chega junto com
Hermes, deus da comunicação e condutor dos mortos ao reino de Hades. Enquanto
Hermes lhe indica o caminho para o reino de Hades, Atená lhe dá as instruções
sobre o que fazer por lá.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /><!--[endif]--></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Nos
territórios de Hades todos os <i>eidolon</i>
(espectros) fugiram dele, menos o de Medusa e Meleágro, o herói que havia
desposado a poderosa heroína Atalanta.
Herácles promete a Meleágro que, se conseguisse retornar, desposaria sua
irmã, a bela Dejanira. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Descendo
ainda mais rumo às entranhas da terra Herácles começa a ouvir a voz de Hades,
que vem de todos os lados! O herói pediu à voz invisível de seu tio que ele
pudesse levar o cão Cérbero para Micenas para mostrá-lo a Euristeu. Hades
sorriu e disse-lhe que desde que seu poderoso sobrinho usasse apenas as mãos
nuas, poderia levar seu “cãozinho” para “passear”. Contra o poderoso Cérbero, o
Herói usou a mesma técnica que aprendera na luta contra o Leão de Neméia:
sufocou-o até que ele consentiu em acompanhar o herói.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Vendo Cérbero,
com suas três gigantescas cabeças e as cobras que dela saíam, Euristeu, branco
como sal, se jogou gritando dentro do seu jarro de bronze. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Herácles
ainda teve de escoltar o “fofo” bichano até seu tio de volta. Sua tia/irmã Perséfone,
a esposa de Hades, riu muito quando o herói contou-lhe sobre um certo “veneno
nauseabundo” que Euristeu teria exalado dentro do jarro, após vislumbrar
Cérbero...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">-XII-</span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;">A maçã</span></b></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-ASTe0IO39jw/UjX4OKYQTgI/AAAAAAAAB9Q/zRiVH9q8jJA/s1600/Mito+e+mente+II+-+H%C3%A9rcules+007.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-ASTe0IO39jw/UjX4OKYQTgI/AAAAAAAAB9Q/zRiVH9q8jJA/s320/Mito+e+mente+II+-+H%C3%A9rcules+007.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><b><span style="line-height: 115%;"><br /></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Quando Hera
casou-se com Zeus recebeu de “vovó” Gaia, como presente de núpcias, uma árvore
que frutificava as maçãs de ouro puro! A esposa de Zeus as achou tão belas que
plantou a árvore no seu jardim, no extremo Ocidente. Ali por perto estava
Atlas, o titã – divindade primitiva – primo de Zeus e Hera, que fora condenado
a sustentar Úrano - o “vovô” céu que fora castrado por seu filho Crono - para
que este não caísse sobre a “vovó” Gaia e esmagasse a humanidade e os deuses.
As filhas de Atlas ficaram encarregadas de cuidar do Jardim de Hera, junto com
um poderoso dragão, imortal, de cem cabeças, que nunca dormia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Depois de uma
exaustiva viagem até os confins do mundo conhecido (dizem que em direção ao que
hoje chamaríamos de “Continente Americano”), Herácles encontrou o gigantesco
Atlas, no alto da mais alta das montanhas, erguendo e segurando, sobre os potentes
ombros, todo o poderoso ‘Céu Estrelado’, como naquele tempo chamava-se “vovô” Úrano.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: left;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Conversando
com Atlas e fazendo amizade com esse gigante isolado no fim do mundo, Hércules
propôs uma troca. Ele ficaria ali segurando o céu enquanto Atlas – que conhecia
o dragão de Hera e era pai Hespérides - iria até o Jardim e pegaria um dos
pomos para o herói.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Assim foi
feito, mas, na volta, Atlas começou a pensar que era bem cômodo não ter de
segurar mais o Céu e, ao chegar até Herácles, resolveu que não trocaria mais de
lugar com o Herói. Herácles aceitou imediatamente, sem titubear, só pediu que
Atlas, rapidamente, segurasse um pouquinho o Céu novamente para que o filho de
Zeus pudesse ajeitar a pele do Leão de Neméia que estava coçando. Assim que
Atlas segurou o Céu, Herácles agradeceu pelo pomo dourado e despediu-se! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">O pomo
dourado significa, também, a entrada no reino dos deuses. É a fruta que, se
provada por um mortal, torna-o imortal, é o convite, a entrada para o reino do
Olimpo.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-8ms2eTW9Aao/UjX45ZXdE8I/AAAAAAAAB9Y/Iy_Bkic_m5A/s1600/Mito+e+mente+II+-+H%C3%A9rcules+005.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-8ms2eTW9Aao/UjX45ZXdE8I/AAAAAAAAB9Y/Iy_Bkic_m5A/s320/Mito+e+mente+II+-+H%C3%A9rcules+005.png" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Várias
aventuras ainda foram travadas pelo grande herói, mas, depois de voltar com a
maçã de ouro para seu covarde primo Euristeu e oferecê-la, o próprio Herácles,
em honra da toda poderosa Hera, eles, finalmente, fizeram as pazes.<br /><br /><br /><b>Após os 12 trabalhos...</b></span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Muitas outras aventuras ocorreram depois e mesmo durante os doze trabalhos até que Héracles morresse e ascendesse como um deus aos céus, para casar-se com Hebe, a deusa da eterna juventude. Mas esse é um assunto para outro encontro, um outro dia...</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">por Renato Kress<br />Diretor do Instituto ATENA<br />criador dos encontros Mito e Mente I e Mito e Mente II</span></div>
</div>
Renato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9100955754075500794.post-23901864356385596402013-08-06T21:38:00.001-07:002013-08-06T22:11:46.522-07:00A Carência Essencial (e a Farsa de Hermes)<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-C8NTwE9n2Nc/UgHHKS4c1uI/AAAAAAAAB4o/gcwgRoIT1ZU/s1600/p%C3%A9s+de+hermes+001.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-C8NTwE9n2Nc/UgHHKS4c1uI/AAAAAAAAB4o/gcwgRoIT1ZU/s320/p%C3%A9s+de+hermes+001.jpg" width="240" /></a></div>
Somos tantas coisas, não é mesmo? Sempre tive um comichão, uma espécie de incômodo pessoal, em responder à questão "você é o quê?" com a mesma resposta que eu daria à pergunta "você faz o quê?". Nós não somos o que fazemos, mas para poupar a nós mesmos dos embaraços desse assunto que não ousamos tocar nem mesmo nos recônditos sagrados das sessões de terapia, acabamos respondendo com a 'persona' (o nosso "cartão de visitas" socialmente validado) quando perguntados sobre o 'Self' (a totalidade da nossa vida psíquica, da qual, obviamente, não fazemos lá muita ideia).<br />
<br />
<span style="color: purple;">Seres e circunstâncias</span><br />
Somos o que fazemos das nossas circunstâncias, sem dúvida. Mas para além dos triunfos de nossas vontades pessoais, somos principalmente o que é possível fazer da matéria prima de nossas circunstâncias. Das nossas circunstâncias mentais, sociais, emocionais, físicas, familiares, culturais etc. Somos produtos de nossos meios enquanto somos, também, meios para a produção de novos seres. E qual a nossa circunstância cultural atual? <br />
<br />
<span style="color: purple;">A farsa de Hermes</span><br />
Vivemos sob uma situação social, cultural e psicológica que gosto de chamar de "Farsa de Hermes", em poucas palavras: uma situação em que somos sempre encorajados a adiar o pensamento e a resolução efetiva das raízes de nossos problemas enquanto somos entretidos pelo circo digital, financeiro e sexual dos impulsos de consumo imediato. Isso acontece em praticamente todas as esferas da nossa cultura, por um motivo bem simples: temos sido educados para a carência, em todos os sentidos.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-M6ajS2GP4es/UgHQarYtPvI/AAAAAAAAB5I/k5LjuT6uJR8/s1600/v%C3%ADcio+em+compras.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="198" src="http://4.bp.blogspot.com/-M6ajS2GP4es/UgHQarYtPvI/AAAAAAAAB5I/k5LjuT6uJR8/s320/v%C3%ADcio+em+compras.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Como já expliquei em diversos outros artigos defendo a ideia de que somente uma quantidade avassaladora de pessoas carentes - no mais vasto espectro do termo 'carente'; aquele que carece, que necessita, que depende de algo, ou aquele que se define enquanto ser humano pela sua situação de dependência de algo externo - consegue dar conta de consumir os paliativos que a nossa sociedade produz quase beirando à velocidade da luz. Produz-se muito mais do que é possível consumir de forma sustentável para o meio ambiente e é necessário que haja consumidores para essa produção. Como fazer isso? Criando uma sociedade dependente, uma cultura cujo membro típico se caracterize pela carência essencial. Que tipo de mecanismo é esse?<br />
<br />
<span style="color: purple;">Mitos e estrutura da psique </span><br />
<div style="text-align: left;">
Quando usei a expressão "Farsa de Hermes" não expliquei suas raízes. Vamos a ela. Hermes é o deus grego da comunicação, velocidade, transporte, da magia (especificamente a prestigitação, movimentos rápidos das mãos que fazem aparecer ou desaparecer algum objeto pequeno, carta etc), do mercado financeiro, dos mentirosos, dos ladrões, dos médicos cirurgiões, diplomatas, comerciantes, oradores etc. Enfim, o que tem a ver com ganhos financeiros a curto prazo, comunicação e trocas é com ele. Contanto um pouco do mito <span style="font-family: inherit;">sempre ilustramos melhor.</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span><span style="font-family: inherit;"><span style="color: purple;">O mito de Hermes</span></span><span style="font-family: inherit;"> </span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-SmAhlZ5jGW4/UgHRe0Uu5oI/AAAAAAAAB5c/ge9zn95aUio/s1600/hermes1.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-SmAhlZ5jGW4/UgHRe0Uu5oI/AAAAAAAAB5c/ge9zn95aUio/s1600/hermes1.jpg" /></a></div>
<span style="font-family: inherit;">As primeiras descrições do mito de Hermes datam do<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADodo_arcaico" title="Período arcaico">período arcaico</a><span class="apple-converted-space"> </span>da cultura grega. Uma das mais
importantes consta no<span class="apple-converted-space"> </span><i>Hino Homérico a Hermes</i>, uma
criação anônima dos séculos VII ou VI a.C. que trata de seu nascimento e
primeiras proezas. </span><span style="font-family: inherit;"><br /><br />
</span><br />
<span style="font-family: inherit;">O<span class="apple-converted-space"> </span><i>Hino</i><span class="apple-converted-space"> </span>abre
com uma saudação ao deus, chamando-o de "Senhor do Monte Cilene e da<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Arc%C3%A1dia" title="Arcádia">Arcádia</a>, dos rebanhos de ovelhas e
mensageiro dos deuses". Também o nomeia como filho de Zeus, fruto de seu amor
adulterino com Maia, uma<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Ninfa_(mitologia)" title="Ninfa (mitologia)">ninfa</a><span class="apple-converted-space"> </span>filha de<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Atlas_(mitologia)" title="Atlas (mitologia)">Atlas</a><span class="apple-converted-space"> </span>e<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Pleione" title="Pleione">Pleione</a>, a mais velha, sábia e bela de sete
irmãs, as<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Pl%C3%AAiades_(aglomerado_de_estrelas)" title="Plêiades (aglomerado de estrelas)">Plêiades</a>. <br />
<br />
Vivendo em uma caverna, escondida dos olhares humanos e principalmente do
notório e tempestuoso ciúme de<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Hera" title="Hera">Hera</a>,
esposa de Zeus, Maia deu à luz<span class="apple-converted-space"> </span><i>"<u>esta
engenhosa criança, este hábil planejador de artifícios, o perseguidor e
capturador de gado, o pastor dos sonhos, este cidadão da noite que espreita nos
umbrais"</u></i>. Não demorou para mostrar sua origem divina: nascido pela
manhã, já ao meio-dia estava tocando a lira, e à tardinha furtou o gado de<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Apolo" title="Apolo">Apolo</a>.<span style="font-size: x-small;"><br /></span></span><br />
<span style="color: purple;"><br /></span>
<span style="color: purple;">O roubo do gado de Apolo</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Sentindo fome, saiu para espiar os arredores, já imaginando astúcias. O sol se
punha, e Hermes se dirigiu às montanhas de Piera, onde pastava o gado de Apolo,
seu irmão mais velho. Do rebanho, ele tirou cinqüenta vacas, e as conduziu,
tangendo-as com um bastão, por caminhos labirínticos para evitar ser seguido
através dos rastros. Também amarrou-as todas e fez com que andassem de
marcha-a-ré, com o mesmo objetivo, e para si confeccionou um par de sandálias
mágicas com folhas de<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Tamareira" title="Tamareira">tamareira</a><span class="apple-converted-space"> </span>e<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Mirtilo" title="Mirtilo">mirtilo</a>, para que pudesse deslizar pelo
caminho e prosseguir com rapidez, sem deixar pegadas reconhecíveis. <br /><o:p></o:p></span><br />
<span style="color: purple;"><br /></span>
<span style="color: purple;">O Mestre dos Ladrões</span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: inherit;">Voltou em seguida para a gruta, passou pelo portão através do buraco da
fechadura sob a forma de fumaça ou névoa, e deitou no berço como se nada
acontecera. Sua mãe, porém, que suspeitava do filho, repreendeu-o,
dizendo que, ao concebê-lo, Zeus havia criado um problema tanto para os deuses
como para os homens. Hermes, entretanto, replicou vigorosamente, afirmando sem
temor sua origem divina e reivindicando um tratamento igual ao que recebia seu
meio-irmão Apolo. Se Zeus o negasse, ele se transformaria num príncipe dos
ladrões. Se Apolo o perseguisse, destruiria seu santuário e tomaria seu ouro. </span><span style="font-family: inherit;">
Ainda assim o deus da previdência e adivinhação partiu direto para a cova onde
Hermes nascera, e o encontrou fingindo dormir, em seu berço. Perscrutou o lugar
com sua luz, mas não encontrou o gado, e exigiu do bebê que revelasse onde o
escondera, sob severas ameaças. Hermes negou qualquer conhecimento do caso, e
alegando sua pouca idade, disse que jamais poderia ter sido o autor do furto,
além de acrescentar que seria um tanto ridículo da parte do todo poderoso Apolo
ser furtado e enganado por um bebê recém-nascido. Apolo não se deixou iludir, e
entre aborrecido e divertido, chamando-o de enganador e ardiloso, previu que em
muitas noites Hermes penetraria nas casas dos homens e silenciosamente os
privaria de seus bens, e tomaria o gado dos pobres pastores. Assim ganharia
fama como Mestre dos Ladrões.<br /> </span><span style="font-family: inherit;"><br /></span><span style="font-family: inherit;"><span style="color: purple;">Trocando favores</span></span><span style="font-family: inherit;"> </span><br />
<span style="font-family: inherit;">Hermes tomou da lira e começou a cantar toda a<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Teogonia" title="Teogonia">teogonia</a> (poema que narra o nascimento dos
deuses gregos), celebrando<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Mnemosine" title="Mnemosine">Mnemosina</a>, deusa da<span class="apple-converted-space"> </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Mem%C3%B3ria" title="Memória">memória</a>, acima de todos os deuses.
Encantado, Apolo disse que sua canção valia bem cinquenta vacas, parecia
superior a tudo que ele mesmo, como deus da música, conhecia, e que a disputa
poderia encerrar em paz. E jurou fazer do irmão um líder entre os imortais,
prometendo conceder-lhe muitos dons. Hermes, louvando o irmão, disse que por
sua vez lhe dava a ciência desse novo canto e da execução da lira, recomendando
que os praticasse com dignidade.<br /> </span><span style="font-family: inherit;"><br /></span><span style="font-family: inherit;"><span style="color: purple;">Zeus concebe mais benezes</span><br />
<!--[endif]--><o:p></o:p></span><span style="font-family: inherit;"><span style="background-color: transparent; line-height: 115%;">Zeus confirmou os dons de Apolo sobre Hermes, e
acrescentou outros: atribuiu-lhe o comando das aves divinatórias, dos leões,
dos ursos, dos cães e de todos os rebanhos da Terra, além de fazê-lo mensageiro
junto ao<span class="apple-converted-space"> </span></span><span style="background-color: transparent; line-height: 115%;"><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Hades" title="Hades">Hades</a></span><span style="background-color: transparent; line-height: 115%;">, função de grande
prestígio.</span></span></div>
<br />
<div style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: left;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span><span style="color: purple;">Os reinos de Hermes</span><br />
Hermes, esse deus ladrão, mentiroso, ardiloso e brincalhão reina em todo espaço onde imperam trocas, principalmente as trocas que envolvem dinheiro e mais especificamente as que lidam com vocabulários específicos, difíceis de decifrar, impossíveis para os "não-iniciados", como o nosso economês! A língua dos economistas, como a língua dos médicos e a língua dos acadêmicos é um instrumento de poder! É uma linguagem cifrada, difícil, "hermética"! É através de seu caráter obscuro e de difícil tradução que ela requer o papel do "tradutor", palavra que tem a mesma raiz da palavra "traidor" (a similaridade ainda pode ser observada nas palavras "tradutore" e "traditore", respectivamente 'tradutor' e 'traidor' em italiano, por exemplo). Hermes reina no campo da tecnologia, do Mercado financeiro e têm expandido seus domínios! </div>
<div style="background-color: white; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin: 4.8pt 0cm 6pt; text-align: left;">
<br />
<span style="color: purple;">Estruturas da psique</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-phecERtwtwA/UgHRR6zxLvI/AAAAAAAAB5U/yxnVJVPPssg/s1600/estrutura+da+psique.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="238" src="http://4.bp.blogspot.com/-phecERtwtwA/UgHRR6zxLvI/AAAAAAAAB5U/yxnVJVPPssg/s320/estrutura+da+psique.jpg" width="320" /></a></div>
Mitos são narrativas através das quais podemos perceber o funcionamento das estruturas inerentes ao pensamento humano. Através desses relatos de tempos imemoriais podemos ver a interação de arquétipos (tipos primitivos de filtros perceptuais entre nossa consciência e nosso inconsciente) ou o funcionamento de complexos (sistemas integrados e abertos de dados afetivos, cognitivos e somáticos que são ativados por gatilhos específicos) em nossas mentes. O mito de Hermes nos traz uma faceta possível para o pensamento humano: a razão econômica pura, a mentalidade centrada no lucro acima de qualquer coisa. O complexo psicológico do lucro.<br />
<br />
<span style="color: purple;">Onde está a Farsa?</span><br />
Digo que estamos submersos na "Farsa de Hermes" porque estamos submersos numa sociedade que nos vende a ideia constante de que a felicidade é um bem ou uma experiência consumível, pela qual há um valor específico que pode ser somado e gasto resolvendo para sempre essa questão. Uma sociedade em que haja o que houver, estejamos onde estivermos, ocorra o que for conosco, teremos sempre a doce ilusão de que podemos transformar qualquer fato isolado (principalmente os fatos trágicos) em produtos cercados por uma constelação de subprodutos através dos quais venderemos nossa tragédia como uma história de superação do espírito humano.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-l4MtZBTxofk/UgHR7p8AYNI/AAAAAAAAB5k/IJPDhY1rP9w/s1600/fuma%C3%A7a+espelhos.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-l4MtZBTxofk/UgHR7p8AYNI/AAAAAAAAB5k/IJPDhY1rP9w/s1600/fuma%C3%A7a+espelhos.jpg" /></a></div>
<br />
<span style="color: purple;">É tudo fumaça e espelhos!</span><br />
Sendo mais específico: Vivemos numa sociedade tão espetacularizada pela ilusão de lucro fácil que ainda que me caia o prédio, eu perca todos os bens, uma perna e metade dos meus parentes, ainda serei incentivado a participar de um reality show, escrever um livro de memórias - que será um best seller por ao menos duas semanas! -, participar de seis ou sete programas de entrevistas e enriquecer às custas da minha tragédia pessoal. É a lógica da razão econômica a todo custo, a razão do faturamento, do crescimento desordenado e sem bases, afinal Hermes tem asas nos pés! Ele não tem estrutura nenhuma! Ele não cria, ele copia e cola, homogeniza o conhecimento, reduz a criatividade a um trabalho de cópia seguido de um esforço enorme para esconder suas fontes. É o deus do "jeitinho", do "quanto é que eu levo nisso?", do "o que o Mercado está pedindo agora?", do "Pra onde o vento sopra hoje?", do movimento sem destino, da educação sem aprendizado, do dinheiro virtual, da imagem, da fumaça e dos espelhos.</div>
<br />
<span style="font-family: inherit;"><br /><span style="color: purple;">Hermes precisa que você precise</span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/--mN65-HxYMc/UgHW34NCcmI/AAAAAAAAB6A/wC7PoWDI0Tw/s1600/esquizofrenia001.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/--mN65-HxYMc/UgHW34NCcmI/AAAAAAAAB6A/wC7PoWDI0Tw/s1600/esquizofrenia001.gif" /></a></div>
<span style="font-family: inherit;">O pior fantasma para uma sociedade centrada no ideal de Hermes do lucro acima de tudo é o sujeito que busca a própria autonomia, o sujeito que consome o necessário e não o supérfluo, o sujeito que cria e que consegue ter condições psicológicas e íntimas de criticar construtivamente as criações desse próprio pensamento do lucro acima de tudo. <br /><br />Hermes precisa que você precise e precise, principalmente, do impreciso. Quando menos definido melhor, porque nesse caso qualquer coisa serve! Observe bem e não se engane, porque "qualquer coisa" é o que você terá, nesse caso! Uma avalanche monstruosa de "quaisquer coisas" eletrônicas, cheirosas, cortadas, do tecido, da marca, da cor, da loja, do nome, da sigla etc. Mas é necessário essencialmente que você precise, de algo impreciso, e sempre!<br /><br /><span style="color: purple;">A alma do homem sob o Hermetismo de mercado</span><br />Desconectado do incômodo que a materialidade é para Hermes - ele nunca se deu bem com sua mãe, princípio feminino, visceral e material de sua existência, mas sempre se deu maravilhosamente bem com seu pai, princípio etéreo e intelectual de seu ser - o homem não pode mais vivenciar seu luto, sua depressão, sua perda, sua dor. Pensemos em direções: Nada do que coloque o homem "para baixo" ou "para dentro" é possível no pensamento desse Hermes superficial da nossa sociedade contemporânea, só o que o coloque "para cima" e "para fora"! <br /><br /><span style="color: purple;">A grande esquizofrenia</span><br />Observemos como, submersos que estamos nessa lógica hermética do discurso, já transformamos as expressões: "para baixo" significa depressivo, triste, enfadonho, chato, enquanto "para cima" se torna sinônimo de alegre, extasiante, divertido, interessante etc. Quando nos perguntam quem somos, como no início do texto, a forma como nos posicionamos perante o mundo já é um dado pelo qual seremos identificados, mas o julgamento sempre fala mais do juiz que do julgado, claro.<br /><br />Acreditando nessas divisões e nos significados fechados delas, ignorando inclusive a faceta profunda do próprio Hermes enquanto deus que visita o submundo e leva nossa alma (sem deixar, para o bem ou para o mal, que levemos nenhuma de nossas riquezas), é também corrermos o risco de rompermos o vínculo entre matéria e existência, entre nosso corpo, seus processos e velocidades íntimos e quem nós somos. É aí que temos a grande esquizofrenia de nossa época, a ideia de que pães nascem em sacos nas prateleiras, leites vêm em caixas e celulares nascem nas vitrines das lojas, da mesma forma como a felicidade embrulhada e perene é possível a todos, menos a nós, que estamos sozinhos depressivos quando todo o resto da humanidade está numa mega festa de arromba para a qual nós fomos os únicos que não foram convidados. <br /><br /><span style="color: purple;">O ponto cego</span><br />É aí que geramos a ansiedade, é desse caldeirão que nasce a insegurança, a incerteza, a desorientação e é para sanar o incontrolável turbilhão de desespero desse estado que estão à venda todas as formas imagináveis de produtos, serviços, remédios, eventos e "experiências" de consumo. Cada um dos quais foi projetado para criar um looping infinito de novos produtos, serviços, remédios, eventos e "experiências" de consumo contíguas e infinitas. Do remédio projetado para criar efeitos colaterais que venderão novos remédios às políticas econômicas ditadas pelo FMI que desencadearão um novo pedido de ajuda ao próprio FMI passando pela obsolescência programada de eletrodomésticos e aos modismos da auto-ajuda gerencial de mercado. É aí, no turbilhão das ofertas de ilusão, que está a Farsa de Hermes.</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<span style="font-family: inherit;"><br /><br /><br />Texto por Renato Kress</span></div>
Renato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9100955754075500794.post-29543136610537595292013-06-05T12:32:00.002-07:002013-06-05T14:36:30.514-07:00Por que zumbis agora?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-5Pij9sLQRu0/Ua-RQ7iD1II/AAAAAAAABzo/-BvXqobkXZo/s1600/zumbi001.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-5Pij9sLQRu0/Ua-RQ7iD1II/AAAAAAAABzo/-BvXqobkXZo/s1600/zumbi001.jpg" /></a></div>
por Renato Kress<br />
<br />
<span style="color: #7f6000;">Toda literatura, cinematografia ou expressão artística da ordem da fantasia atende a uma espécie de desejo implícito por expressão de uma intuição ou representação cultural. Penso a que tipo de intuição ou representação a nova leitura do antigo tema dos zumbis pela nossa sociedade contemporânea esteja atendendo. O que vemos nos zumbis? Mais especificamente, por quê dentre tantas criaturas fantásticas do nosso infinito imaginário, estamos nos identificando tanto especificamente com esses mortos-vivos? </span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
Origem do mito zumbi<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-VOWXwyVW7zY/Ua-R0x33KcI/AAAAAAAABz4/ilGDxsxQbkE/s1600/zumbi003.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="224" src="http://3.bp.blogspot.com/-VOWXwyVW7zY/Ua-R0x33KcI/AAAAAAAABz4/ilGDxsxQbkE/s320/zumbi003.jpg" width="320" /></a></div>
A existência dos zumbis (ou "zombis") faz parte das crenças religiosas de vários povos africanos. Reconstituindo a origem linguistica dessa palavra, Pierre Anglade (1998) destaca a sua presença tanto entre os Fon de Benin quanto em Camarões, no Congo ou em Angola. É na região do Congo que o termo adquire o seu sentido mais forte, já que "zumbi" significa "espírito dos mortos". Na mesma linha <i>Onzambi</i> quer dizer Deus, como é o caso da palavra <i>Nzambi</i> em Angola e na língua kikogo.<br />
<br />
<br />
Segundo Harold Courlander (1973, p.257): "The word zombie may come from the West african term ombwiri. In the British West Indies the word Jumbie is used loosely to mean ghost or devil"<br />
<br />
Cadáveres do Caribe<br />
A representação sobre a palavra <i>Jumbie</i> utilizada, também, no Caribe é preciosa. Ela mostra como, pelas deformações fonéticas, um sentido persiste nos diferentes usos da palavra zumbi e nas suas variantes. Esse sentido ofensivo e misterioso ao mesmo tempo, pode ser encontrado tanto no Caribe quanto no Brasil, onde Zumbi foi, também, o nome de um importante chefe de escravos que se revoltaram no século XVIII e fizeram de Palmares o local de sua resistência. Mas essa é outra história.<br />
<br />
Um vivo-morto ou um morto-vivo?<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-JlQ5TTOpvlo/Ua-Rka9NOsI/AAAAAAAABzw/fjyWpRX0cgU/s1600/zumbi002.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-JlQ5TTOpvlo/Ua-Rka9NOsI/AAAAAAAABzw/fjyWpRX0cgU/s1600/zumbi002.jpg" /></a>Da palavra congolesa zumbi, que significa "espírito dos mortos", à haitiana zombi, que se traduz em francês por <i>mort-vivant </i>e em inglês por <i>living dead</i>, há, ao mesmo tempo, continuidade e variação de sentido. Enquanto no francês começa-se pela morte, no inglês, começa-se pela vida. Seria então o zumbi mais caracterizado pelos sintomas de um ou de outro? Na língua haitiana a palavra não se impõe sobre este aspecto. O zumbi (zombie) é ao mesmo tempo vivo e morto, sem ênfase em nenhuma das possibilidades.<br />
<br />
Do Congo ao Caribe<br />
Então a figura do zumbi vai variar segundo o modo pelo qual é evocada em uma lenda africana, em um boato haitiano, numa notícia de jornal ou num filme ou seriado em Hollywood. Roger Bastide diz que o termo zombis, utilizado para designar os mortos-vivos, significa "aqueles cuja alma foi devorada por um feiticeiro", é o zumbi dos Congos, espírito dos mortos, almas do outro mundo (<i>revenants</i>), que adquiriram no Caribe um sentido ligeiramente diferente.<br />
<br />
O zumbi no Vodu haitiano<br />
O vodu haitiano reconhece que todo ser humano é dotado de uma alma composta por dois elementos: o grande anjo-bom e o pequeno anjo-bom. Esses dois elementos, indispensáveis ao bom funcionamento da consciência do sujeito, não são, entretanto, dotados da mesma capacidade de resistir às intervenções exteriores. Enquanto é impossível afetar o grande anjo-bom, o mesmo não acontece com o pequeno anjo-bom. Qualquer um pode tornar-se mestre do pequeno anjo-bom de outra pessoa. Essa condição de posse lhe permite transformar a sua vítima em zumbi.<br />
<br />
<br />
É interessante pensar a quais consequências chegaríamos se, considerando a vastidão incomensurável do que Carl Gustav Jung considera como tendo os conteúdos do inconsciente (nesse caso abrangendo os inconscientes pessoal e coletivo) e a limitação dos conteúdos da consciência, relêssemos o parágrafo anterior substituindo os termos "grande anjo-bom" por "inconsciente" e "pequeno anjo-bom" por "consciente". Nesse caso teria o poder de "zumbificar" quem tivesse o poder sobre a consciência do outro.<br />
<br />
O homem sem vontade<br />
O indivíduo destituído do controle de seu pequeno anjo-bom (domínio de sua consciência) não é mais que uma espécie de autômato que agirá sob as ordens daquele que se tornou seu mestre. Ele simplesmente é incapaz de se opor àquele que lhe ordena fazer qualquer coisa. É um homem sem vontade.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-HnX-r5um1jI/Ua-S4TkcCDI/AAAAAAAAB0M/G9IuU7AXeTc/s1600/zumbi005.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-HnX-r5um1jI/Ua-S4TkcCDI/AAAAAAAAB0M/G9IuU7AXeTc/s1600/zumbi005.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
Um ato de vontade é uma irrupção de coragem sobre o oceano primordial das potencialidades do inconsciente. Esse ato de vontade necessita de alguma forma de pressão, de profundidade, de uma carga psíquica, afetiva ou somática que não é encorajada numa sociedade celerada e superficial como a nossa.<br />
<br />
Túmulos e asfaltos: Zonas de conforto e ação<br />
Indivíduo tido por morto, que havia sido enterrado e, em seguida, trazido à vida por aquele que o colocara em estado de catalepsia, o zumbi haitiano não retorna do além-túmulo por sua própria vontade, mas, sim obrigado pela ação de seu mestre. Fico pensando até que ponto muitas propostas de treinamento de caráter "motivacional" não se estruturam sob essa perspectiva dualista e rasa: "Não pense, aja!" disfarçadas sob os rótulos simplificadíssimos de "Zona de Ação" e "Zona de Conforto". É algo a se observar, não?<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-ngKkaMPDxos/Ua-TKN4aLCI/AAAAAAAAB0Y/AQAZMQlYUI4/s1600/zumbi006.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-ngKkaMPDxos/Ua-TKN4aLCI/AAAAAAAAB0Y/AQAZMQlYUI4/s1600/zumbi006.jpg" /></a></div>
<br />
O motivo pelo qual se zumbifica no Haiti é para se servir da força de trabalho de uma pessoa. Desde a dimensão teleológica (finalista) da crença à condição de posse do pequeno anjo-bom de um indivíduo, é necessário acrescentar uma dimensão sociológica que vem da experiência histórica dos haitianos, cujos pais, outrora, foram conduzidos da África para a América para servir de escravos aos europeus. Essa mudança foi vivenciada como uma espécie de grande morte daquela sociedade. Afinal, toda grande mudança operada numa cultura de uma sociedade tradicional (ou arcaica) é experimentada como uma espécie de morte, de transmutação. Cabe ao povo ressignificar as características do renascimento sob novas condições em novas terras. <br />
<br />
Morte em vida<br />
Simbolicamente a mudança funcionou para os africanos como o inverso da fuga dos judeus do Egito. Eles não passaram para o território da nova vida, mas para o território da constante morte. Morte de sua vontade, de sua cultura, de sua força, de suas mentes. A humilhação e a opressão desses povos contribuiu para o desenvolvimento do mito dos zumbis que, apesar de já existir na África, ganhou nova ênfase e novas leituras nas Américas.<br />
<br />
<br />
Início da moda zumbi<br />
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-QrcclS8zqhU/Ua-TckXFHEI/AAAAAAAAB0g/6IhWuLsqQXk/s1600/zumbi007.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-QrcclS8zqhU/Ua-TckXFHEI/AAAAAAAAB0g/6IhWuLsqQXk/s1600/zumbi007.jpg" /></a>A partir de 1915, data da ocupação militar do Haiti pelos Estados Unidos, houve um revezamento entre escritores e cineastas estadunidenses. <i>The Magic Island, </i>livro publicado em 1929 e que serviu de base para a realização e um filme produzido mais tarde, é a mais célebre das narrativas de viagem evidenciando os episódios e interpretando os zumbis. E será esse livro que lançará a moda do zumbi e dará o tom para a sua representação no cinema de Hollywood.<br />
<br />
Guerra de imagens<br />
Em uma guerra de imagens, cujo objetivo é atacar ridicularizando o adversário, o personagem do zumbi foi utilizado como uma metonímia do vodu, o qual simbolizaria a barbárie aos olhos do público ocidental. Falar sobre vodu significa falar sobre canibalismo e condenar a característica que marca, ao olhos do público ocidental, os cultos africanos. Ignora-se, nesse caminho, a riqueza íntima do tema mítico dos zumbis.<br />
<br />
Tipos de zumbis<br />
Nas narrativas concebidas fora do Haiti o zumbi é uniformemente um personagem lúgubre, maléfico, que semeia o terror por onde passa. No Haiti, ao contrário, há todo o tipo de zumbis.<br />
<br />
Zumbis Bossales: É melhor se manter afastado desses tipos. São os tipos mais conhecidos pela cultura ocidental contemporânea. Sem intelecto, capazes apenas de seguir uma ordem simples de seus mestres e de executar tarefas repetitivas e mecânicas. Esse tipo de zumbi foi associado, na fantasia do cinema, à antropofagia (canibalismo) e, principalmente, ao seu peculiar apetite por cérebros. Uma questão de compreensão do mecanismo da antropofagia - que consiste em adquirir as habilidades e conhecimentos daquilo que se come - misturada com uma projeção simbólica do que lhes faltaria (no caso consciência e capacidade cognitiva, cérebros). Ao meu ver esse tipo de zumbificação é muito bem representado na obra "Tempos Modernos".<br />
<br />
Zumbis guardiões: Espécie de zumbis dedicada a guardar alguma espécie de tesouro - normalmente abandonado por algum colono de Santo Domingo, antes de sua fuga diante dos revolucionários haitianos. O interessante é que todas as narrativas a respeito desse tema mostram um zumbi com um certo grau de autonomia pois em todos os casos, com o afastamento longo ou permanente do seu antigo mestre, o zumbi perde a paciência de esperar seu retorno e, furioso e desejando pôr um fim ao seu trabalho, entrega o tesouro ao primeiro que chega. Muitos no Haiti esperam ter a prodigiosa chance de encontrar com esse zumbi "pote de ouro no fim do arco-íris".<br />
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-oX4g9QPlHD8/Ua-UKT10mEI/AAAAAAAAB0o/h-hxVld3XFI/s1600/zumbi009.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-oX4g9QPlHD8/Ua-UKT10mEI/AAAAAAAAB0o/h-hxVld3XFI/s1600/zumbi009.jpg" /></a><br />
Zumbis mannmannan: Tipo que as crianças chamam em canções para auxiliá-las, por exemplo, para "capturar a pequena galinha que escapou" (wi wa kenbe ti poulèt ban mwen!). É uma espécie de zumbi puer, de zumbi de criança dado a travessuras, truques e sumiços de objetos importantes.<br />
<br />
<br />
Indústria Farmacêutica<br />
Observando esses tipos digamos "naturais" da mítica do zumbi no Haiti, imediatamente me vêem à mente os tipos de zumbis mais comuns ao nosso cotidiano cinematográfico ou televisivo. Um dos mais comuns são os zumbis de laboratório. Alguma experiência genética mal sucedida dá origem a seres semi-mortos (ou semi-vivos, à escolha do freguês) cujos atos são desprovidos de consciência moral e cujo raciocínio é ou inexistente ou regredido ao que Freud chamaria de "Id" (inconsciente ou esfera das 'pulsões').<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-6fLSc5eiC3g/Ua-UqspLPnI/AAAAAAAAB0w/uFOYUW9fNcs/s1600/zumbi010.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-6fLSc5eiC3g/Ua-UqspLPnI/AAAAAAAAB0w/uFOYUW9fNcs/s320/zumbi010.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Fracasso da vontade<br />
A vivência da perda de significado, de sentido profundo, causado por uma sociedade celerada onde a informação - que conforma e não forma - nos indica uma necessidade crescente de disposição para suportar uma carga afetiva, física e intelectual de trabalho constante com toda forma de repouso ou ócio direcionada direta ou indiretamente para o consumo não nos dá tempo para digerir os processos emocionais naturais da vida humana. Um efeito semelhante ao causado pelo autor do texto ao escrever essa frase anterior sem quase nenhuma pausa, só que bem pior. É preciso que sejamos autômatos, que executemos nosso trabalho, que estejamos felizes, bonitos, barbeados ou maquiados, elegantes e bem-sucedidos, caso contrário não estaremos sendo fortes (ou "resilientes") o suficiente. Não é preciso falar sobre a perversidade desse sistema de constante derrota da vontade, do raciocínio e da criatividade humana. É preciso perguntar, apenas, se o zumbi está cabisbaixo na poltrona ou pulando à base de comprimidos.<br />
<br />
Deixo o carinho de um curta de animação genial da Vancouver Film School sobre o tema:<br />
<a href="http://www.youtube.com/watch?v=STN8tzUcYHY">http://www.youtube.com/watch?v=STN8tzUcYHY</a><br />
<br />
por Renato Kress<br />
Diretor do Instituto ATENA</div>
Renato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-9100955754075500794.post-66225667433693746572012-09-03T08:52:00.001-07:002014-06-10T07:21:58.268-07:00"Aquilo que une", pensamentos sobre o amor<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-OZQmLOaaKo8/UETReIcyUkI/AAAAAAAABes/WvCYRr_itoE/s1600/Por+Amor+imagem01.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-OZQmLOaaKo8/UETReIcyUkI/AAAAAAAABes/WvCYRr_itoE/s320/Por+Amor+imagem01.png" height="238" width="320" /></a></div>
Já escrevi em diversos <a href="http://areteetime.blogspot.com.br/2011/10/o-poder-da-narrativa-medo-midiatico-e.html">outros artigos nesse e em outros blogs</a> sobre o fato de que vivemos submersos sob a cultura do medo. O medo causa um "rebaixamento do nível mental", como dizia Jung, e vai limitando o poder da crítica, do pensamento autônomo e da maturação emocional do indivíduo. Indivíduos pouco críticos, emocionalmente imaturos e desacostumados ao pensamento autônomo resguardam-se nos referenciais externos para validar suas concepções da vida e para formular seu caráter e valores. Basicamente quem vive no medo consome mais: produtos, modismos ou idéias. Mas o que essa difusão social do medo pode nos falar sobre nossa relação com o amor?<br />
<br />
<span style="color: #741b47;">Amor nos tempos de Fobos</span><br />
Fobos era uma das divindades que acompanhava Ares - deus da guerra na mitologia grega - e significava "medo", daí a origem da palavra "fobia", que significa estar tomado por Fobos ou sob o domínio de Fobos: estar com medo. No mito de Eros e Psiquê - um mito latino, não grego, embora inspirado em divindades de origem grega - Lúcio Apuleio, um poeta romano, traz as as seguintes palavras saídas da boca de Eros (personificação do amor como desejo de gozo, do amor infantil e puramente hedonista):<br />
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-Sp7c-k4FKp4/UETSECxWbuI/AAAAAAAABe0/14Xmp_1RB3k/s1600/Medo003.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-Sp7c-k4FKp4/UETSECxWbuI/AAAAAAAABe0/14Xmp_1RB3k/s200/Medo003.jpg" height="200" width="200" /></a><br />
<span style="font-family: inherit;">“Tola Psique! É assim que retribui meu amor? Depois de
haver desobedecido as ordens de minha mãe e te tornado minha esposa, tu me
julgavas um monstro e estavas disposta a cortar minha cabeça? Vai! Volta para
junto de tuas irmãs (...) <span style="font-weight: bold;">O amor não pode conviver com a
suspeita!</span></span><span style="font-family: inherit;">” - Eros</span><br />
A suspeita é gerada quando a relação de Eros e Psiquê é ainda uma relação juvenil de excitação pura e desigual de uma divindade que mantém cativa uma "esposa" num palácio de ouro e mármore cercada de cuidados e longe das vistas de Afrodite (mãe de Eros), Hermes (pai de Eros nessa versão) e Zeus (personificação da Lei e da Ordem, socialmente, ou da consciência, psicologicamente). Em verdade Psiquê é mantida como um objeto sexual do deus que só a visita à noite, deleita-se no escuro e foge pela manhã sem que a "esposa" o veja. É uma relação de dominação e submissão, ainda que Psiquê aprecie as noites de amor com seu "marido" invisível, o que alguns psicólogos poderiam caracterizar como uma "perversão" submissa da parte dela. Não vou citar longamente a <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome_de_Estocolmo">síndrome de estocolmo</a>, mas é inevitável que ela venha à cabeça. A condição de cativa numa terra estranha pode vir a fazer com que a vítima desenvolva algum laço afetivo de identificação com seu captor.<br />
<br />
<span style="color: #741b47;">Mas afinal, o que é o amor?</span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Xr0guJQSbEg/UETSaePTquI/AAAAAAAABe8/lO3RyhNKYTE/s1600/amor001.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-Xr0guJQSbEg/UETSaePTquI/AAAAAAAABe8/lO3RyhNKYTE/s1600/amor001.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Amor, aquilo que une</td></tr>
</tbody></table>
A primeira definição da mitologia grega sobre Eros - divindade que representa o amor - está em Hesíodo, em sua Teogonia, para ele <i>"...antes de tudo existiu o Kháos (abismo), depois Gaia (ou Géia, Terra) de flancos amplos, assentada firmemente, oferenda perene a todos os vivos, e Eros (o Amor), o mais belo dentre os deuses imortais, aquele que derreia os membros e que, no peito de todo deus como de todo homem, doma o coração e a vontade prudente"</i>. Nessa versão Eros é "aquilo que une", uma espécie de força simultaneamente gravitacional, magnética e sexual, aquele que assegura a continuidade das espécies e a coesão interna do Kosmós (ordem). De certa forma o contrário de amor é desordem e é aí que entra o medo.<br />
<br />
Eros existe na Teogonia como força antagônica a Éris (discórdia), aquilo que separa, desagrega, despedaça. Não é de se espantar que numa sociedade contemporânea do "cada um por si", do "jeitinho", do individualismo crônico e esquizofrênico que aparta o sujeito de suas relações com o todo representado pela família, amigos, cultura etc, o amor esteja tão idealizado e distanciado.<br />
<br />
<span style="color: #741b47;">O amor como ideal</span><br />
Idealizamos tudo aquilo com o qual não temos muita intimidade. O distanciamento torna tudo mais simples, homogêneo e límpido. Basta ver expressões típicas nossas como "cultura oriental". A tal "cultura oriental" é mongol, russa, chinesa, indiana ou aborígene? Porque estas e muitas outras estão todas no oriente e são todas diversas, dotadas de riquezas únicas. O distanciamento causa essa falsa impressão de homogeneidade.<br />
<div>
<br /></div>
<div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-uVGUkmIM_Y4/UETSxxWrjvI/AAAAAAAABfE/uvcCKyP7Njk/s1600/amor002.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-uVGUkmIM_Y4/UETSxxWrjvI/AAAAAAAABfE/uvcCKyP7Njk/s1600/amor002.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vê o amor, filho?<br />
É pequeno, não pai?<br />
A essa distância sim...</td></tr>
</tbody></table>
Quando pensamos em amor idealizado, em perfeição absoluta seja de uma relação a dois (Eros), numa relação de afinidade (Philia) ou no amor universal (Ágape), estamos diante de um amor que se encontra longe da nossa visão de mundo contemporânea. Mas diferente da cultura dos <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Ainus">Ainos</a> (os aborígenes do Japão), não precisamos atravessar o globo para resolver essa distância e perceber que a romantização que fazemos de um povo ou de uma cultura não é compartilhada por quem vive nessa cultura. O amor é um sentimento, não está nas Bahamas mais do que em Brunei ou no Brasil. Para não endeusarmos o amor basta exercitarmos ele e logo reconheceremos as necessidades e os desafios intrínsecos ao "viver em amor". Eros é mais desafiador que Éris. "Aquilo que une" é muito mais desafiador do que "aquilo que separa".<br />
<br />
Existe coisa mais clara, simples e desafiadora que a <a href="http://pastorchicco.wordpress.com/2009/09/01/a-regra-de-ouro-nas-religioes-do-mundo-treze-textos-sagrados/">lei de ouro</a>? "Amai ao próximo como a ti mesmo", "Não faças ao outro o que é injurioso para ti", "Não trates os outros como não gostarias que te tratassem", "Não faça aos outros o que não queres que te façam a ti", "Não coloques em ninguém um fardo que não desejarias para ti, e não desejes para ninguém o que não desejarias para ti mesmo" etc.<br />
<br />
<span style="color: #741b47;">O amor como conjunção</span></div>
<div>
Lembro-me de uma parte de uma peça de teatro que escrevi (e nunca publiquei) em que colocava um personagem diabólico (diávolo significa "aquele que separa") para confrontar um personagem inspirado em Gandhi. Na cena em que o primeiro tentava agredir, ofender e irritar o segundo este simplesmente abre os braços e diz "tudo bem, eu te aceito", ação à qual o primeiro responde batendo o pé no chão e gritando que "é impossível brincar com você"!<br />
<br />
Amor é também aceitação das diferenças. Inclusive das diferenças de gênio, opinião etc. Numa sociedade movida pelo medo ficamos soterrados em uma lógica de poder e controle que nos impede de respeitar o outro - o que invariavelmente vai nos impedir de ser respeitados e a coisa toda opera por uma grande reação em cadeia. A isso, também, podemos chamar de cultura, o culto ou cultivo diário de uma sensação de apreensão e receio que impede ou ao menos limita gravemente nossa possibilidade de agregar, respeitar e amar.<br />
<br />
Enfim, esses são só alguns pensamentos meus. Não há aqui pretensão de certo nem errado e se você pensa diferente, "tudo bem, eu te aceito". :)<br />
<br />
<a href="https://www.facebook.com/renato.kress">Renato Kress</a><br />
Diretor do Instituto ATENA<br />
Criador do Projeto Mito e Mente, cujo 7° encontro trata especificamente da temática do amor.</div>
</div>
Renato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9100955754075500794.post-75330047581996868232012-08-21T21:48:00.001-07:002012-08-21T21:48:42.476-07:00Ensaio sobre Apolo<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<span style="font-family: inherit;">Um pequeno ensaio sobre a trajetória e as dimensões simbólicas de Apolo. Parte do grande ensaio sobre o 6° encontro Mito e Mente: De Sangue: Helena e Clitemnestra, Cástor e Pólux, Apolo e Ártemis, mitos da fraternidade.</span><br />
<span style="font-family: inherit;">________________________</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-6mTq5L_MXRU/UDRcAhUndlI/AAAAAAAABcY/jjy9vavdiMo/s1600/De+Sangue+fraternidade001.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-6mTq5L_MXRU/UDRcAhUndlI/AAAAAAAABcY/jjy9vavdiMo/s320/De+Sangue+fraternidade001.png" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="font-variant: small-caps; line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Apolo<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"><br />O Mito<br /><br />Leto
na Ilha de Delos<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Delos, ilha sagrada
do arquipélago das Cíclades, não estava no local onde atualmente se encontra.
Era uma ilha flutuante, vagando incessantemente pelos mares. Um dia uma linda
deusa, com terror e agonia estampados no rosto, pôs os pés naquela ilha. Era a
deusa Leto e trazia no ventre dois filhos de Zeus, Apolo e Ártemis.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Amaldiçoada por
Hera – a legítima esposa de Zeus –, que pediu à deusa Gaia, a Terra, que não
desse abrigo para Leto, afim de que não conseguisse dar à luz aos frutos do
adultério de seu marido, a mãe de Apolo estava impossibilitada de dar à luz em
qualquer terra que se ligasse a Gaia, a deusa Terra, além de ser perseguida por
um monstro denominado Píton, que Hera havia enviado atrás de Leto para não
deixar que permanecesse tempo o suficiente para dar à luz em lugar nenhum. Até
chegar em Delos. A qualidade de ilha flutuante - em algumas tradições criada
especialmente por Possêidon, deus dos mares e tio de Apolo e Ártemis - de ser
um espaço de terra não ligado a Gaia, fazia com que a ilha de Delos, ao
contrário dos territórios da Ática e Trácia e das ilhas de Lesbos e Quios, por
onde a deusa passara anteriormente, pudesse guarnecê-la e escondê-la de Píton
para que desse à luz a seus gêmeos divinos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">O nascimento de Apolo<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Diante da promessa
de Leto de que seu filho construiria um magnífico templo em homenagem e
gratidão à ilha que ousou opor-se à vontade de Hera compadecendo-se de uma mãe
que sofria inúmeras dores num eterno e infindável trabalho de parto, duas
pedras monstruosas irromperam do fundo do mar e sobre elas apoiou-se a ilha.
Dessa forma Delos estabilizou-se e acolheu Leto.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-91VnhnMcbcE/UDRch3XPl5I/AAAAAAAABcg/TiLPzT_77tk/s1600/Leto001.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-91VnhnMcbcE/UDRch3XPl5I/AAAAAAAABcg/TiLPzT_77tk/s200/Leto001.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Leto com Apolo e Ártemis</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">De imediato muitas
deusas vieram auxiliar Leto no trabalho de parto. Menos a deusa Hera, que, ao
tomar conhecimento de que Leto havia encontrado leito onde dar à luz, havia
preso sua filha Eilítia, deusa das contrações do parto, afim de que o parto não
pudesse se realizar. Por nove dias e nove noites fortes dores atormentaram a
deusa. Mesmo Hera, após os longos dias e noites de sofrimento da parturiente,
compadeceu-se das dores de Leto e libertou sua filha Eilítia para auxiliar no
trabalhoso parto.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Quando na décima noite
ela deu à luz a seus dois filhos, a escuridão noturna tornou-se um luminoso
dia. O Sol [deus Hélios] surgiu majestoso no céu, lançando em direção à ilha
seus raios de ouro. Não podia ser diferente uma vez que havia nascido o deus da
luz, Apolo de cabelos dourados e sua irmã Ártemis, a deusa da noite enluarada.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Apolo tinha apenas
quatro dias de vida e já era uma criança robusta, cheia de poderes divinos.
Recebeu de seu pai, Zeus, um arco e uma lira de ouro, assim como sua irmã os
recebera em prata. Todos eram obra do deus Hefesto, o deus do fogo e das
forjas. Seu novo arco de ouro (algumas interpretações o colocam de prata)
incentivou o jovem deus a iniciar uma caçada ao monstro Píton, que atormentara
sua mãe durante a penosa busca por um solo para pari-lo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Num instante Apolo
voou ao Parnaso, onde o odioso monstro tinha seu covil. Até então ninguém
ousara de indispor contra Píton, que espalhava por toda parte desgraças
extraordinárias. Nos locais onde arrastava seu corpo de serpente a terra e seus
frutos apodreciam e uma imundície se esparramava em tudo o que havia ao redor,
enquanto os homens morriam assim que se deparavam com seu horroroso semblante. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-L-hQrdFS2KA/UDRc-BxLRRI/AAAAAAAABco/wB2oGctcdv8/s1600/Apolo002.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="228" src="http://3.bp.blogspot.com/-L-hQrdFS2KA/UDRc-BxLRRI/AAAAAAAABco/wB2oGctcdv8/s320/Apolo002.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Essa terrível
serpente, ao perceber que alguém ousara se medir consigo, saiu do covil escuro
e seu corpo monstruoso escorregou por entre as rochas, à procura do inimigo.
Tão logo viu que tinha diante de si o filho de Leto, ficou enlouquecido de
cólera e sua boca viscosa espumava ódio. Píton ergueu-se, colossal, bem à
frente de Apolo, como se, com seu volumoso corpo, desejasse ridicularizar a
temeridade do deus menino. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">A
questão da busca por esse enfrentamento da fera interior, do ser umbrático,
sombrio, indefinido e pantanoso representa uma katábasis – palavra grega que
significa ‘descida às trevas’ – realizada por Apolo, um momento em que o deus
confronta o desconhecido que já existia e influenciava antes mesmo de seu
nascimento e que agora estava sendo posto em xeque. De certa forma a serpente
Píton significa um lado obscuro da própria Leto, um lado que não queria os
filhos, que queria mantê-los como uma parte de si mesma, eternamente em
trabalho de parto. Para que Apolo pudesse nascer essa Píton, essa ‘mãe
serpente’ teve de ser destruída. Já veremos como o grego coloca esse
‘desconhecido familiar’ em xeque.<o:p></o:p></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Um
pouco mais sobre a origem de Apolo<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">As opiniões acerca
da origem deste deus divergem bastante: há quem lhe dê por berço a Ásia,
fazendo dele, primitivamente, uma divindade Hitita (os Hititas eram a raça do
povo da cidade de Ílion, ou Tróia); outros o dizem um deus da Lícia; outros
ainda consideram-no uma divindade nórdica. A própria Ilíada apresenta-o como
aliado dos troianos (asiáticos), o que a princípio parece muito estranho, visto
tratar-se do deus grego por excelência. Somente as mais recentes tradições
gregas contam que Apolo, filho de Zeus e de Leto (identificada com a noite e
também denominada ‘Latona’) é irmão gêmeo de Ártemis, pertencendo à segunda
geração dos Olímpicos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Apolo
mata Píton<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Mais rápido que um
raio, Apolo atirou sobre Píton uma única seta. Acertou-o bem no meio da testa.
Um urro terrível encheu os barrancos das montanhas e o horrendo monstro,
fatalmente ferido, ia batendo nas rochas e encostas do Parnaso. Seu corpo
monstruoso se enrolava e desenrolava desesperado de dor e, num dado instante,
arremeteu-se imenso para o alto e, antes que pudesse alcançar Apolo, caiu de
novo, para não mais levantar.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">A
imagem de Apolo como um deus da luz que ostenta uma certa frieza em ação, um
certo ‘sangue-frio’ e objetividade, destaca um lado mais sombrio, mais
simbolicamente ‘lunar’ do deus. A princípio Apolo seria uma divindade noturna,
como veremos adiante em ‘O Apolo simbólico’. <o:p></o:p></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Apolo
canta o Peã<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-Zy84CvuMuek/UDRdRGt_M4I/AAAAAAAABcw/djbbQA-muBs/s1600/Apolo003.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-Zy84CvuMuek/UDRdRGt_M4I/AAAAAAAABcw/djbbQA-muBs/s200/Apolo003.jpg" width="150" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Cheio de alegria
por sua grande vitória, Apolo apanhou o amado instrumento, a lira dourada, e
começou a cantar o Peã<sup>1</sup> da vitória. O triunfo de uma grande façanha
era agora acompanhado de um outro triunfo – e este não era nada além de uma
canção. Mas pela primeira vez no universo ouviu-se uma canção tão magnífica.
Pelos seus versos e pela melodia fazia desaparecer todo o contraste entre a
luta selvagem e a paz, entre a destruição e a criação, entre a morte e a vida.
Era uma canção que abalava com sua força e beleza. Uma canção que fazia o
universo ficar mudo e os homens, que tanto padeceram por causa de Píton,
arrepiaram-se de emoção, com lágrimas de alegria a lhes encher os olhos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Quando Apolo
terminou seu peã, um barulho espalhou-se por toda a parte. Era o barulho dos
gritos e urros de júbilo dos homens ao ouvir aquele hino triunfal. É com justiça
que, desde então, Apolo é também incontestavelmente o deus da música.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">O
Oráculo de Delfos e o Apolo Pítio<o:p></o:p></span></span></b></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-93msUcc0oRk/UDRdh02r_9I/AAAAAAAABc4/qUyfWGjhJCA/s1600/Apolo004.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="163" src="http://1.bp.blogspot.com/-93msUcc0oRk/UDRdh02r_9I/AAAAAAAABc4/qUyfWGjhJCA/s200/Apolo004.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Oráculo de Delfos, hoje em dia</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">O deus enterrou
Píton na encosta do monte Parnaso, sobre sua sepultura fundou um templo e um
oráculo. Trata-se do famoso Oráculo de Delfos, que prediz aos homens as
decisões de Zeus, pai de Apolo. A partir de então Apolo ganhou um de seus
epítetos, o de Apolo Pítio, já que, na estrutura simbólica do mito, é comum
deixar que parte desse monstro que se encontra e se derrota no interior viscoso
e umbralino, torne-se parte integrante da personalidade do ser que o haja
derrotado. Essa estrutura pode ser encontrada quando Jasão engana ou mata o
dragão que guardava o velocino de ouro e, ao fugir, leva Medeia, sua futura
esposa, que também era parte integrante do dragão, da mesma forma Hércules
veste-se com a pele do leão de Neméia após matá-lo, ou Perseu usa a cabeça da
medusa para salvar Andrômeda. [Mais detalhes em ‘O Herói de Mil faces’ de
Joseph Campbell]<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">O Oráculo de Delfos
estava, então, associado à práticas primitivas de invocação dos mortos, já que
era realizado sobre o corpo putrefato da serpente Píton e, pode-se dizer,
valia-se de sua força vital, de sua ligação com sua mãe Gaia, a Terra, para
realizar suas predições. Dessa maneira o Oráculo de Delfos, assim como Apolo,
também tinha sua ‘sombra’[Jung], seu enraizamento nessa dimensão ctônica (do
grego chthón ‘terra, terreno’) do reino dos mortos e do contato com os
ancestrais. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">A vidência ou
mântica, na Grécia, é uma prática ligada ao transe e a sacerdotisa do templo de
Apolo, a chamada Pitonisa (sim, também derivado da nossa velha amiga serpente),
além de só poder fazer predições após ter passado por um estado de transe,
também incorporava essa atmosfera perigosa, subterrânea, ligada à morte, às
sementes e às famílias. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Sentada sobre um
banquinho em tripé forrado com peles de serpente e que se equilibrava sobre uma
fenda no chão donde se desprendiam vapores que auxiliavam na entrada no estado
de transe, a Pitonisa passava as mensagens divinas a sacerdotes que a
interpretavam e passavam para o consulente. Quem fosse consultar o Oráculo de
Delfos não podia travar contato com a Pitonisa, somente com os
sacerdotes-intérpretes de Apolo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Antes de Apolo a
mântica (prática de adivinhação), estava ligada aos mortos e agora assumia a
forma da mântica solar de Apolo, sem perder algumas características anteriores.
O templo de Apolo em Delfos era um local de purificação, de cura de doenças,
contendas e chagas, mas ao mesmo tempo estava intimamente ligado à terra, aos
mortos, ao subterrâneo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">O
bom pastor<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-3pWYocKdExw/UDRd529UzhI/AAAAAAAABdA/2A05i1NMXoI/s1600/Apolo005.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-3pWYocKdExw/UDRd529UzhI/AAAAAAAABdA/2A05i1NMXoI/s320/Apolo005.jpg" width="222" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Píton era filho da
deusa Gaia, a Terra, que agora considerava Apolo um assassino por o haver
matado. Segundo o antigo direito grego, a Têmis, uma justiça que pode ser
compreendida como o ‘olho por olho’, Gaia tinha todo o direito de matar Apolo,
castigá-lo ou puni-lo como lhe aprouvesse. Mas como o jovem deus também era
predestinado a ser o deus que absolveria os pecados dos assassinos arrependidos
(ver Apolo na Oréstia), era preciso que primeiro ele próprio se purificasse do
crime. Resolveu, então, fazer isso mesmo, ainda que o assassinato que cometera
tivesse sido uma bênção para deuses e homens. Por isso – em algumas
interpretações por iniciativa própria e em outras por ordem de seu pai Zeus –
despojou-se de sua substância divina e rumou para a Tessália, onde se tornou um
humilde pastor a serviço do rei Admeto.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Coisas estranhas
aconteciam quando Apolo saía para levar ao pasto os rebanhos de seu patrão.
Quando o deus pegava a lira e dedilhava suas cordas, os animais selvagens,
encantados, saíam da floresta e saltitavam alegremente ao redor dele, junto com
os carneiros e as vacas. Posteriormente essa habilidade de Apolo foi herdada
por seu filho Pan, o sátiro dos bosques.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Desde a época da
chegada de Apolo a riqueza e a alegria inundaram a corte de Admeto: seus
animais se multiplicaram, seus estoques se encheram de sacas e sacas de
cereais, suas talhas transbordaram de azeite e vinho, de azeitonas e de
manteiga. Carregados também estavam os muros e o teto, de onde pendiam pesadas
sacolas com queijo e outros produtos comestíveis. Tudo do bom e do melhor, pois
aquela cidade era a morada – ainda que inadvertidamente – do deus da
abundância, da fartura e também irônicamente do métron, da moderação, do
comedimento. Como Apolo poderia ser simultaneamente o deus de tais opostos?
Veremos mais adiante.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Admeto, jovem e
belo, orgulhava-se de sua riqueza. Montado em seu cavalo branco, saía para a
planície, admirando seus rebanhos. Seus cavalos, cheios de vigor, beleza e
agilidade, corriam pela vasta campina e seus bois puxavam com força o arado,
que se metia bem fundo dentro da terra fértil, como se Gaia houvesse reatado
amizade ou ao menos perdoado Apolo por sua humildade.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Não era de se
admirar que muitos reis agora quisessem Admeto como seu genro e, para isso, lhe
apresentavam as filhas. Porém seu coração era de Alceste, a belíssima filha de
Pélias, o rei da vizinha Iolco.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="line-height: 115%;">A
façanha de Admeto</span></b><span style="line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Pélias, no entanto,
não tinha a intenção de casar sua filha, pois queria que ela cuidasse dele em
sua velhice – o que era a desculpa aberta para encobrir uma paixão platônica e
incestuosa que o rei de Iolco sentia pela própria filha -. Por isso Pélias
declarou que daria a mão de Alceste em casamento somente àquele que conseguisse
atrelar a um carro (os gregos costumavam usar quadrigas e não bigas, como os
romanos) um leão e um javali juntos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Como alguém poderia
atrelar lado a lado dois animais tão selvagens e diferentes, uma vez que até
então ninguém ousara nem mesmo jungir apenas um deles? <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Admeto, no entanto,
inflamado de amor por Alceste, decidiu enfrentar o grande desafio. Sua coragem,
porém, não deixou de comover Apolo. O perigo de que o ousado jovem fosse
despedaçado pelas duas feras era iminente e o deus de cabelos dourados resolveu
ajudá-lo e dar a ele a força necessária para atingir seu intento. Assim o
intrépido Admeto realizou a grande proeza exigida por Pélias e eis que agora
corria em direção a Iolco, sobre o carro puxado por um leão e um javali juntos!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Cheio de admiração pela
inacreditável façanha do rapaz – e um certo receio de que o jovem rei estivesse
sobre a proteção de algum deus –, Pélias deu-lhe a mão de sua filha em
casamento. Alceste sentou-se no mesmo carro e Admeto a levou em triunfo para o
seu palácio, onde realizou um grandioso casamento.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Por nove anos o
deus da luz teve de permanecer nas terras de Admeto. Ao término do nono ano, já
purificado de seu crime, retornou a Delfos. Desde então Apolo é o deus do
grande e nobre sentimento de perdão e protege todo o homem que mostrar um real
arrependimento.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Estar em Delfos,
onde agora erguiam-se o magnífico templo e o oráculo sagrado, muito agradava a
Apolo que, contudo, não se esquecia de Delos, sua ilha natal. Muito menos da
promessa que sua mãe, a deusa Leto, havia feito ali. Por isso, pouco tempo
depois, um templo resplandecente, o templo de Apolo, distinguia-se entre todos
os santuários de Delos.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="line-height: 115%;">Escravo
de Dânao</span></b><span style="line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-i2t1rTl0XXg/UDRe_gTP_vI/AAAAAAAABdI/PYcCanQy6iA/s1600/Apolo006.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-i2t1rTl0XXg/UDRe_gTP_vI/AAAAAAAABdI/PYcCanQy6iA/s200/Apolo006.jpg" width="166" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Outras versões
contam que Após matar Píton, Zeus mandara Apolo para o oriente, como escravo do
rei Dânao, para que este dele se servisse como melhor o aprouvesse. Esse rei
pediu a Apolo (e também a Possêidon que se encontrava juntamente com Apolo na
condição de escravo) que construísse as muralhas da cidade de Ílion, também
conhecida como Tróia. É por isso que as muralhas de Tróia não puderam ser
derrubadas. Não foram construídas por mãos humanas e mãos ou armas humanas não
seriam capazes de pô-las abaixo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Esta teria sido uma
outra forma de purificação para o crime de Apolo, que também pode ser lida como
punição de Zeus contra uma outra revolta dos deuses olímpicos chefiados por
Possêidon e Hera contra Zeus, mas essa é outra história.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">No
País dos Hiperbóreos<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Também chegava o
tempo em que deixava a Hélade (Grécia) para ir ao ilmunidado, ao fabuloso país
dos Hiperbóreos, onde morava sua mãe. Apolo é um deus com traços pluriculturais
e especialmente orientais e não é de se estranhar que sua mãe pudesse aparecer
algumas vezes como ‘estrangeira’. O fato de ser um deus oriental explica a
atuação de Apolo ao lado dos troianos na Ilíada, de Homero.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-0Iu0h5XhzME/UDRfVSKbWqI/AAAAAAAABdQ/B443JKr7vfM/s1600/Apolo007.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="197" src="http://3.bp.blogspot.com/-0Iu0h5XhzME/UDRfVSKbWqI/AAAAAAAABdQ/B443JKr7vfM/s200/Apolo007.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Apolo realizava uma
longa, mas belíssima viagem para chegar àquele país encantador. Montado em um
carro alado, puxado por dois grandes e branquíssimos cisnes, viajava por sobre
as nuvens, deixando a Hélade (Grécia) para trás de si. Conforme rumava mais e
mais para o norte, apareciam do alto as primeiras neves que cobrem os picos das
montanhas, como se fossem capuzes muito brancos. Em seguida a neve ia ficando
mais abundante, até que enfim, tudo o que se via abaixo do carro de Apolo
parecia estar coberto com um alvíssimo lençol. No alto, porém, onde voava o
deus de cabelos dourados, o tempo era como de primavera e os cisnes arrastavam
incansavelmente o carro divino.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Enfim, prosseguindo
ainda mais para o norte, a neve começava novamente a diminuir e ao longe, além
do norte, sobressaíam os raios dourados do sol, que passavam pelas nuvens e
iluminavam uma terra fascinante.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Esse era o país dos
Hiperbóreos, do eterno e fresco verão, das muitas cores e da abundância de luz,
das águas cristalinas e dos pássaros paradisíacos que cantavam docemente. A
tradução de ‘Hiperbóreos’ é ‘habitantes além do Bóreas’ (o vento norte), um
povo lendário que na imaginação mítica dos gregos morava na região norte do
mundo, onde o sol nascie e se punha apenas uma vez por ano, e onde esse povo
vivia em paz e era feliz.Segundo constava os Hiperbóreos tinham uma veneração
especial por Apolo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Estaria aí, talvez,
a lembrança nostálgica dessas paragens longínquas, de onde os primeiros helênicos
passaram à Grécia, no começo do décimo milênio antes da era cristã. Os gregos
consideravam o Hiperbóreo um pouco à maneira da Etiópia e da Atlântida, como
uma espécie de paraíso remoto, um sítio de recreio para bem aventurados, masl
definido geograficamente. Foi de lá que partiu a flecha prodigiosa que formou,
no céu, a constelação de Sagitário.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Mal o deus de
cabelos dourados descia do carro e pisava a relva verde, uma verdadeira festa
acontecia, com os pássaros que voavam entre as árvores e os raios dourados do
sol. Gorjeavam de modo tão belo que pareciam até mesmo as melodias divinas da
lira de Apolo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Todavia, no mesmo
instante, lá longe na Hélade, nuvens negras haviam coberto o sol. Fazia frio e
chovia, porque o deus da luz tinha partido, porque chegava o escuro inverno –
época em que Core, ou Perséfone, guiada por Hermes, voltava ao Hades para
conviver com seu marido e, sua mãe, Deméter, deusa da terra e das estações do
ano, entrava em profunda depressão -. Os homens, reunidos em torno do fogo,
esperavam pacientemente pelo retorno de Apolo em luz e calor e de Perséfone,
para que Deméter florescesse a terra. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<i><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">O
Hiperbóreo, então, era uma espécie de super-homem, vivente feliz, sábio, mágico
até um certo ponto, e habitante de um país um tanto Utópico. É interessante
verificar como, à medida que os deuses iam, passo a passo, se distanciando do
mundo dos mortais e à medida em que estes mesmo mortais se distanciavam das
‘leis’ personificadas nestes deuses, o país dos Hiperbóreos começou a florescer
para os homens como um Éden para os deuses, espaço em que eram valorizados ao
máximo, glorificados e exaltados por um povo que poderia ser interpretado pelo
povo helênico (o povo grego) como o povo merecedor dos deuses, o povo temente,
sem disputas, sem cismas, a raça perfeita, o paraíso na terra. É plausível que
essa comparação social feita pelos gregos aos seus ‘irmãos’ hiperbóreos tenha
uma forte influência na continuidade da religião helênica. Como se o fato da
crença nos deuses estar se tornando mais fluídica fosse também pelo fato desses
mesmos deuses encontrarem quem os adore de maneira mais própria. <o:p></o:p></span></span></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">As
desventuras amorosas de Apolo:<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="line-height: 115%;">Apolo
e Dafne</span></b><span style="line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Apolo amava muito o
belo da vida. Uma vez, em Delfos, quando experimentava com as setas de ouro sua
habilidade no tiro ao alvo, o jovem Eros, filho alado de Afrodite,
apresentou-se diante dele. Parecia estar à procura de uma oportunidade de
enlear o deus em alguma aventura amorosa.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Naquele momento a
flecha de Apolo havia atingido o talo de uma maçã pendurada no galho de uma
macieira distante. Eros apanhou então o seu arco e o ergueu, alvejando a mesma
maçã antes que esta chegasse ao solo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-Ta03gaNKa1o/UDRfpy3-N9I/AAAAAAAABdY/uWxEOMmce74/s1600/Apolo008.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-Ta03gaNKa1o/UDRfpy3-N9I/AAAAAAAABdY/uWxEOMmce74/s200/Apolo008.jpg" width="150" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">- Deixe-me atirar
minhas setas em paz, menino! – Disse Apolo aborrecido. – E te faria muito bem
não ousar medir-se comigo!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">- Sei que suas
flechas não erram o alvo – disse o risonho Eros -, mas as minhas também são
infalíveis. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Mais aborrecido
ainda do que Apolo, Eros abriu as asas e voou para o alto do Parnaso. Em
seguida puxou da aljava duas flechas: uma era a flecha que despertava o amor e
a outra era aquela que o recusa. Com a primeira feriu Apolo direto no coração e
com a segunda a ninfa Dafne, filha do rio Peneio, que àquela hora passava,
desapercebida, perto do deus de cabelos dourados.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Apolo, atingido
pela seta do amor, ficou maravilhado com a beleza da ninfa e seu porte
delicado, e avançou para o lugar onde ela estava, com o intuito de lhe falar.
Dafne, porém, atingida pela flecha que recusa o amor, assim que viu Apolo,
afastou-se. Ele, então, se aproximou ainda mais, mas a ninfa, com passos
ligeiros, foi para mais longe. Apolo com saltos rápidos tentou chegar perto da
bela Dafne. E foi isso. Ela saiu correndo. Como louco o deus a perseguia,
gritando-lhe para que parasse, mas ela corria cada vez mais.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">- Pare, eu lhe
peço! – implorava o filho de Leto. – Não quero lhe fazer mal!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Mas a ninfa de pés
ligeiros não dava sinais de que iria parar e escapava dele continuamente.
Apolo, por sua vez, também não desanimava e sempre a perseguia e a pedia que
parasse: - Não tenha medo, bela ninfa. Por que foge como se algum animal
selvagem a perseguisse? Não sou mal, sou Apolo, filho de Zeus. Ordeno a você
que pare de correr assustada.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><i><span style="line-height: 115%;">Por
essa passagem percebe-se o ‘fino trato’ que Apolo possuía ao lidar com a
natureza feminina, ao ‘ordenar’ que ela deixasse de se assustar com ele.</span></i><span style="line-height: 115%;">
<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Mesmo com toda a
‘sensibilidade’ de Apolo, Dafne continuava a correr. Ora Apolo se aproximava
dela parecendo que iria alcança-la, ora ela se distanciava dele com um súbito
solavanco. Em seguida ele a alcançava de novo, pronto para tocá-la, mas mais
uma vez a ninfa escapava, como uma borboleta assustada.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">O deus de cabelos
dourados, no entanto, não parecia estar disposto a parar sua desenfreada
perseguição. A flecha de Eros havia despertado nele uma paixão feroz.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">- Por mais que ela
resista, uma hora se cansará e eu a alcançarei. – E, de fato, Dafne começou a
ficar cansada. O deus da luz aproximava-se cada vez mais... e eis que estendia
os braços e chegava perto de tocá-la, de apanhá-la...<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">- Oh, deuses! E
você, meu pai, por que me deixas cair nas mãos de Apolo? Não o quero para meu
amante! Melhor eu me transformar numa pedra ou numa árvore, do que ser tocada
por alguém que não amo! Ainda que seja ele um deus!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">A
Metamorfose de Dafne<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">E, realmente, naquele
instante, Dafne enrijeceu-se. De seus braços e cabelos despontaram galhos e
folhas, enquanto seu corpo tornou-se o tronco de uma árvore. Assim, a jovem
ninfa se transformou no perfumado loureiro, que todos conhecemos. Apolo, em
alta velocidade, em vez de agarrar a linda moça, agarrou a copa de uma árvore.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Uma grande tristeza
se apossou então do deus da luz. Ficou muito aflito por ter causado o
desaparecimento da ninfa que ele amara tão repentina e fervorosamente. Com
olhos tristes, acariciou as folhas do cheiroso loureiro e, em seguida, cortou
um ramo e o colocou na cabeça. Nunca Apolo esqueceria a bela a indomável ninfa.
E é por isso que muito freqüentemente ele se apresenta com folhas de louro à
cabeça.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Apolo
e Marpessa<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Apolo jamais de
casou. Era o mais belo de todos os deuses, levava sua vida como lhe agradava, e
estava satisfeito. No entanto uma vez prometeu casamento, mas nem
nessa ocasião era seguro que permaneceria fiel e, felizmente, o casamento não
aconteceu.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Isso ocorreu com
Marpessa, a filha do rei da Etólia. O pai da moça, o rei Eveno, era muito duro
com ela, mas também era um guerreiro digno e valente. Tomou então a decisão de
que daria sua filha em casamento somente àquele que o vencesse em um duelo de
carros.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Pela mão da formosa
Marpessa e pela sua abundante fortuna, muitos tiveram a coragem de duelar com
Eveno, mas todos foram mortos e ninguém mais ousava se medir com ele. Até que
um dia apresentou-se diante de Marpessa, montado em Pégaso, um cavalo alado, um
lindo e audacioso rapaz. Esse era o invencível herói Idas, filho do rei da
Messênia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Marpéssia, que
havia escutado muitas histórias sobre as proezas de Idas, ficou aterrorizada ao
vê-lo. Melhor não se casar nunca do que tomar como esposo aquele que matasse
seu pai. Afinal, Eveno não tinha que lutar agora contra um rapaz qualquer, mas
com o célebre herói Idas, que poderia matá-lo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Marpessa
e Idas<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">O herói, ao ver o
rosto assustado de Marpessa, percebeu o que ela estava pensando e lhe disse
bondosamente: - Ouça, linda princesa: não vim para assassinar o seu pai. Nem
desejo a sua riqueza, nem o seu trono. Venha, pois, para que fujamos antes do
dia nascer.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Marpessa, ao ouvir
as sensatas palavras do gentil rapaz, sentiu-se envolvida pela felicidade e
prontamente aceitou acompanhar Idas. Ele a fez montar o belo Pégaso, que fora
presente do deus Possêidon, e agora corriam rapidamente para a Messênia.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Assim que o rei
Eveno tomou conhecimento de que sua filha havia fugido com Idas, chamou Apolo
em seu auxílio. O deus de cabelos dourados, que amava Marpessa, aceitou de bom
grado ajudá-lo e, como um raio, os dois partiram para alcançá-los.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Entretanto,
enquanto atravessavam o rio Licormas, Eveno foi arrastado por suas furiosas
águas. Apolo correu e conseguiu
apanhá-lo, mas já era tarde: Eveno tinha morrido. O deus da luz prometeu então
ao rei morto que tomaria Marpessa de Idas e a tornaria sua mulher, que seu neto
seria um famoso herói. Disse-lhe ainda que, mesmo morto, seu nome seria
imortal, porque aquele rio que lhe tomara a vida passaria a se chamar Eveno. E,
tendo dito estas palavras, como um raio partiu novamente ao encalço de Idas
que, antes de conseguir chegar à Messênia, viu-se face a face com Apolo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">A
luta de Apolo e Idas<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Idas percebeu de
imediato o que o deus queria e, em vez de recuar, entrou rapidamente na frente
de Marpessa para protegê-la, enquanto seu olhar taciturno mostrava que estava
pronto para tudo. Ele, que não quisera duelar com Eveno, não hesitava agora em
se indispor com um deus! Assim, os dois rivais não demoraram a começar a briga.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">A luta entre Idas e
Apolo foi terrível. Impulsionado por seu amor por Marpessa, Idas avançou sobre
Apolo como um leão e Zeus, notando a batalha do alto do Olimpo, quis
apartá-los, o que parecia impossível, até que o rei dos deuses decidiu lançar
um relâmpago no meio deles.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Ao se separarem o
deus dos raios ordenou que lhe pusessem a par do que estava acontecendo:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">- Zeus, meu pai –
disse Apolo – quero Marpessa para minha esposa e é um grande desrespeito que um
mortal queira me impedir!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">- Pai dos deuses e
dos homens – disse Idas – Marpessa é minha e nada irá me fazer recuar!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Zeus ficou
pensativo por alguns instantes e em seguida, virando-se para Marpessa,
disse-lhe:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">- Linda princesa,
você tem todo o direito de escolher sozinha o marido que deseja e eu lhe
prometo que será como você decidir!<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Marpessa, tendo
primeiramente agradecido humildemente ao grande Zeus por aquela decisão,
voltou-se para o deus da luz e lhe disse:<o:p></o:p></span></span></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-zy8UmYR1Hc4/UDRhSbjCMbI/AAAAAAAABdg/dD9OXhngCTg/s1600/Apolo009.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="189" src="http://1.bp.blogspot.com/-zy8UmYR1Hc4/UDRhSbjCMbI/AAAAAAAABdg/dD9OXhngCTg/s320/Apolo009.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Vaso grego mostrando Marpessa entre Apolo e Idas</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">- Apolo, você é um
deus. Goza e sempre gozará de eterna juventude, jamais envelhecerá. Eu, porém,
ficarei velha um dia e, então, você me abandonará. Senhor Zeus, há anos vivo
sofrendo, destinada a tomar por esposo, caso venha a me casar, o assassino de
meu pai. Apenas Idas demonstrou ter amor, sabedoria e bravura sem igual entre
todos os meus pretendentes. Eu o amo e quero me tornar sua esposa.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">E assim foi, Apolo
se submeteu à vontade de Zeus e, cheio de admiração pelo bom senso de Marpessa
e pela audácia de Idas, desejou-lhes que vivessem felizes e partiu para Delfos.
<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Cassandra<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Apolo também
apaixonou-se por Cassandra, filha de Príamo, o sábio rei de Ílion (Tróia) e ela
lhe prometeu que, se o deus da luz lhe ensinasse a arte da predição, a sua
mântica solar, ela, de posse dessa habilidade, se entregaria a ele. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-dIetfOYAGpQ/UDRh5k0vN8I/AAAAAAAABdo/6yf4RG7TDdE/s1600/cassandra001.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="133" src="http://3.bp.blogspot.com/-dIetfOYAGpQ/UDRh5k0vN8I/AAAAAAAABdo/6yf4RG7TDdE/s200/cassandra001.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Apolo então a acolheu
como sua sacerdotisa e a ela foi ensinada a arte da adivinhação, da
interpretação da vontade de Zeus, ou da vontade das Moiras, as deusas que
fiavam o destino dos homens. Ao final de seu período como neófita nas artes de
Apolo, Cassandra se recusou a entregar-se ao mais belo dos deuses e Apolo,
ultrajado por haver sido descartado, cuspiu na boca de Cassandra gerando um
miasma, uma chaga, que impedia qualquer pessoa de acreditar nas predições de
Cassandra, muito embora ela nunca houvesse errado uma única vez sequer.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Um outro efeito do
miasma de Apolo foi uma espécie de ‘histeria’ que fazia com que a profetisa não
conseguisse se conter ao fazer previsões, que as fizesse sempre aos berros,
sacudindo o corpo e arrancando os cabelos, de forma que nunca era acreditada,
como quando profetizou que o Cavalo dos gregos, dado de presente para a cidade
de Ílion (Tróia) após dez anos de guerra, estava repleto de soldados que
incendiariam a cidade à noite.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Calíope<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">A união de Apolo
com a ninfa Calíope deu nascimento ao músico e herói Orfeu. É significativo que
tanto Pan quanto Orfeu, conhecidos por sua habilidade musical, sejam filhos de
Apolo, o deus da música. Calíope morreu no parto.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: inherit;"><b><span style="line-height: 115%;">Corônis</span></b><span style="line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">A bela Coronis,
filha de Flégias, rei dos Lápitas, da Tessália, fugia das investidas de Apolo,
que conseguiu encurralá-la numa caverna e lá a forçou a entregar-se a ele. Ao
saber que Corônis o havia traído, Apolo flecha a princesa na barriga, mas salva
o próprio filho, Asclépio, que se torna o patrono da medicina.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Cirene<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Depois de várias
desventuras amorosas frustradas, Apolo resolve se consultar com seu pai Zeus,
que, ao contrário do absurdamente belo filho, não perdia uma conquista amorosa.
Zeus lhe aconselhou que, para que se aproximasse de sua escolhida, Apolo se
metamorfoseasse em um animal e brincasse um pouco com ela para deixá-la mais à
vontade, para que não fugisse dele como era o ‘modus operanti’ das vítimas dos
flertes do deus da luz.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Então Apolo,
enamorado da náiade Cirene, metamorfoseou-se em uma pequena tartaruga (convenhamos:
Zeus se metamorfoseava em cisne, urso, chuvas de prata, tinha um pouco mais de
charme) e Cirene se interessou pela pequena tartaruga. Pegou-a, acariciou,
brincou com sua cabeça e, já e sentindo bem à vontade com o pequeno réptil,
colocou-o em seu colo e o abraçou. Apolo não se contendo mais abriu a boca em
direção ao seio de Cirene e o abocanhou com força tal que jorraram gotas de
sangue enquanto a bela náiade se desvencilhava do pequeno animal traiçoeiro
jogando-o longe.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Ao
som da Lira de Ouro<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-UmBt-FwioIA/UDRiWRuDaLI/AAAAAAAABdw/ouyFTL_ibCE/s1600/p%C3%A3001.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="144" src="http://4.bp.blogspot.com/-UmBt-FwioIA/UDRiWRuDaLI/AAAAAAAABdw/ouyFTL_ibCE/s200/p%C3%A3001.jpg" width="200" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Apolo não conhecia
a aflição e, de posse de sua lira, espantava toda e qualquer preocupação e
concedia tranqüilidade e alegria. Freqüentemente tocava seu amado instrumento
nos banquetes do Olimpo. Quando o deus de cabelos dourados encostava os dedos
nas cordas mágicas de sua lira de ouro, as nove Musas corriam alegres para o
seu lado e começavam a cantar. Todo o palácio se enchia de doces melodias
divinas. Logo vinha a vontade de dançar, saltavam imediatamente as Musas e as
Graças e com elas a belíssima Afrodite. Quanto mais aumentava a alegria no
Olimpo, mais diminuía a infelicidade na Terra.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Apolo também tinha
filhos. Um deles era Pã de pés de bode, o deus dos bosques. Outro filho seu era
o célebre médico Asclépio. Sua mãe era Corônis, filha do rei da Tessália.
Porém, ela morreu assim que deu à luz. Seu pai então entregou-o nas mãos do
maior preceptor que havia no mundo: o centauro Quíron, que morava no verdejante
Pélion. Foi junto a Quíron que Asclépio aprendeu tantas coisas sobre medicina
e, por fim, superou seu mestre. Além de não haver doença que ele não pudesse
tratar, chegou mesmo a ressuscitar mortos! Entretanto, esse grande bem para a
humanidade não haveria de durar muito...<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"> Asclépio<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Hades, o inominável,
irmão de Zeus e senhor do mundo subterrâneo também denominado Hades, foi se
queixar ao seu irmão Zeus da ressurreição dos mortos, pois teve medo de que o
reino do mundo inferior ficasse vazio.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-wfkBoCVg0aY/UDRilRO8kpI/AAAAAAAABd4/ukTxqYPMexE/s1600/Ascl%C3%A9pio001.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-wfkBoCVg0aY/UDRilRO8kpI/AAAAAAAABd4/ukTxqYPMexE/s1600/Ascl%C3%A9pio001.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Asclépio, herói da medicina</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">O soberano dos
deuses e dos homens, ao ouvir falar da ressurreição dos mortos, pôs-se de pé de
um salto, cheio de ira. Suas sobrancelhas se franziam, seus olhos ganharam um
brilho de cólera e imediatamente nuvens negras encheram o céu. Começou a
relampejar e a trovejar, abalando a terra como se o céu inteiro viesse abaixo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">- Quem é ele para
querer modificar a ordem e as leis que existem no mundo? – Gritou com voz de
trovão. E, com um raio, atingiu Asclépio imediatementee o enviou ao reino do
Hades.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Apolo chorou a
perda do filho, porém os homens choraram ainda mais, pois o adoravam, mais até
que a muitos deuses. Entretanto, mesmo do reino do mundo inferior, Asclépio
tinha forças para ajudar os homens e curar doentes. Toda a Grécia estava cheia
de templos de Asclépio e de ‘asclepeions’, que eram como hospitais ou centros
de cura, construídos no ponto mais saudável de uma região. Neles os sacerdotes
do ‘deus-médico’ cuidavam dos doentes com conselhos, plantas e oraçãoes.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Asclépio ainda
contava em seu trabalho com a ajuda de suas filhas, a deusa Hígia e a deusa
Panacéia<sup>3</sup>. A primeira cuidava para que os homens vivessem de forma
saudável, para não adoecerem, e a segunda era uma importante farmacêutica.
Tinha elaborado ainda um remédio que levava seu nome. Como a ‘panacéia’ não
havia outro, era um remédio muito raro, mas curava todas as doenças. Assim diziam...<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Apolo
e Hélios, quem diabos é o deus-Sol?<o:p></o:p></span></span></b></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-IHd1_5jSEC4/UDRjLcuwyaI/AAAAAAAABeA/QNslOr0ZcfU/s1600/Colossoderodes001.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-IHd1_5jSEC4/UDRjLcuwyaI/AAAAAAAABeA/QNslOr0ZcfU/s1600/Colossoderodes001.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">O Colosso de Rodes, representando o deus sol Hélios</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Sendo o deus do dia
e da luz, Apolo não era, contudo, o próprio sol. Conduzia apenas o seu carro, o
carro do Sol, e, no desempenho dessa função, tinha o nome de Febo. Vivificava
os seres, fazia germinar as plantas e amadurecer os frutos e as searas,
purificava a atmosfera e destruía os miasmas, mas era ele igualmente o deus da
canícula, das secas; o deus forte e sempre vitorioso, mas também o deus que
mata. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Hélios era o
deus-Sol, o sol em si, o astro, filho dos titãs Hipérion e Téia, irmão de Eos,
deusa da aurora e de Selene, a Lua. Era uma divindade muito atarefada em
percorrer o mundo e pouco se envolvia nos assuntos de deuses e homens. Tem uma
participação importante em Homero, na Odisséia, onde, em sua ilha, tem seus
bois roubados e assados pelos homens de Ulisses.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Apolo
na tragédia grega<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">O
Apolo da Oréstia<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">A <i>Oréstia</i> é uma tragédia de Ésquilo, autor
de <i>Prometeu Acorrentado</i> e <i>Os Persas</i>. A Oréstia demonstra de
maneira espetacular o conflito que se forma entre o poder decrescente dos
deuses e da sua justiça arcaica, a Têmis, e o poder ascendente do homem grego
dentro da Polis democrática. O conflito básico em Ésquilo (e também em
Sófocles) se dá entre o Cosmo legitimado dos deuses e o poder profano, a
independência do homem arquitetada no seu arbítrio que lhe conferia também a
responsabilidade por seus atos. Esse homem da Polis grega, responsável por seus
atos, é o ‘homem trágico’ de Vernant em sua obra <i>Mito e Tragédia na Grécia Antiga</i>.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">O Apolo da Oréstia
é um deus <i>Kourós </i>(jovem entre 18 e 19
anos, ainda não adulto e já não mais criança, espécie de pós-adolescente),
ligado à iniciação, um guia iniciático de adolescentes em ritos de passagem. O
papel do Oráculo de Delfos na Oréstia está ligado à passagem da Têmis (justiça
dos valores Homéricos, do pensamento mítico e do homem como objeto dos deuses)
para a Dike (justiça alicerçada nos valores da Polis e do cidadão, do homem
como sujeito dotado de livre-arbítrio), a um processo de moralização da cultura
grega para os moldes da Polis, com a responsabilidade individual como um grande
marco, o horror ao crime como uma nova perspectiva e tendo o auto-conhecimento,
o famoso ‘conhece-te a ti mesmo’ (em grego <i>gnoti
sáuton</i>) inscrito no portal do templo de Apolo, como um conhecimento dos
próprios limites, como uma recomendação do <i>métron
</i>(a ‘moderação’).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">O funcionamento do ‘conhece-te
a ti mesmo’ de Apolo e a lógica interna da atuação, a princípio incoerente do
deus, é expresso perfeitamente na Oréstia. O primeiro passo é forçar o
indivíduo a ir ao seu limite, a cometer um crime, uma <i>Lyssa</i>, uma <i>hamartia</i>, uma
‘falta trágica’, ir às trevas de seu ser, literalmente descer ao mais baixo
ponto em que aquele ser humano em especial pode chegar. Apolo, na qualidade de
deus de uma tradição patriarcal, pede a Orestes que ‘vingue o assassinato de
seu pai’. Orestes, para ser guiado por esse Apolo Kourós, por esse Apolo guia
dos jovens em seus ritos iniciáticos, estava com seus 15 ou 16 anos. O segundo
passo é descer às trevas interiores, efetuar a Katábasis, que implica em
realizar a hamartia, a descer no mais profundo de sua alma, a conhecer, por
dentro, as trevas interiores do próprio inconsciente, da própria alma, pois
para que Orestes pudesse se vingar do assassinato de seu pai era preciso que
ele assassinasse também quem havia tomado a vida de seu pai, e essa era sua
mãe, Clitemnestra que, após alguns anos de guerra em que seu marido, Agamêmnon,
ficou em terras estrangeiras para resgatar a esposa do irmão, Helena, esposa de
Menelau, uniu-se com Egisto, o primo de seu marido, com o qual tramou e
executou a morte de Agamêmnon, pai de Orestes. E Orestes, por instrução de
Apolo e com a ajuda da irmã Electra, mata a mãe e o tio, chega ao fundo de seu
inconsciente, ao limite trágico de sua existência. O terceiro passo é o resgate
de Orestes, quando pensa que estará livre de qualquer sanção por haver
executado a mãe a mando de Apolo, o espírito da mãe invoca as Eríneas, deusas
ancestrais que salvaguardavam a família e o poder do matriarcado para seguir o
filho invocando-lhe a culpa e a loucura. Orestes foge das Eríneas e vai ao
templo de Apolo em Delfos para que o deus o salve dessa culpa e dessa loucura
que o perseguem sempre de perto. É aí que Apolo aparece, como personagem, na Oréstia,
em sua terceira parte, nas Eumênides:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Falas de Apolo como
guia iniciático, dirigindo-se a Orestes:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">- Jamais te
trairei! Serei até o fim teu guardião fiel, quer esteja a teu lado, quer nos
separem distância intermináveis e em tempo algum protegerei teus inimigos. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">- Deves, porém,
fugir daqui e ter cuidado. Elas querem continuar a perseguir-te e te procurarão
por todos os lugares, tentando sempre te expulsar de onde estiveres em tuas
longas caminhadas sem destino, além do mar e das cidades que ele cerca. E não
te deixes dominar pelo cansaço enquanto pastoreias tuas desventuras; mas,
quando perceberes que afinal chegaste À nobre cidade de Palas (Palas Atena, a
deusa, a cidade referida é a cidade de Atenas), ajoelha-te e abraça a imagem
antiqüíssima da deusa...<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Fala de Apolo como
representante da nova geração patriarcal de deuses e sem respeito pela antiga
geração:<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">- Já podes ver as
fúrias dominadas; vencidas por pesado sono, ei-las imóveis, estas virgens
malditas, filhas antiqüíssimas de um passado remoto (...) criaturas malditas
por todos os homens e pelos deuses que se reúnem no Olimpo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Apolo envia Orestes
para Atenas pois não pode efetuar a viagem para Orestes, não pode tirar de
Orestes o mérito por haver ido ao mais fundo de seu ser, ao seu último limite,
e ter retrocedido plenamente consciente de quem é de que escolhas é capaz. Esse
Apolo é plenamente consciente de seu papel como guia e protetor.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Na qualidade de
deus purificador, de deus da luz, em contraposição às sombras, aos fantasmas
representados pelas Eríneas, essas antigas deusas protetoras do matriarcado e
da dimensão pantanosa, nebulosa, terrena e aquosa do princípio feminino, Apolo
sai de seu templo infestado pelas Eríneas com o arco na mão pronto para ser
usado. Após humilhá-las verbalmente nos versos 235 ao 254: - ‘Abandonai agora
mesmo a minha casa! Ordeno-vos! Deixai em paz o santuário onde proclamo
profecias verdadeiras; se não obedecerdes sereis atingidas pelas serpentes
sibilantes de asas brancas (referência às próprias flechas) que, saltando da
corda de meu arco áureo, vos forçarão a vomitar, entre estertores a negra
espuma que deveis a tantos homens e a expelir o sangue que sugaste deles!’,
demonstra como a questão da aparência é importante para Apolo: - ‘E vosso
aspecto é condizente com tal gosto’. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-G8fdISS8xUs/UDRjt2abVeI/AAAAAAAABeI/4QcvJJ3whD4/s1600/Orestes001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="315" src="http://1.bp.blogspot.com/-G8fdISS8xUs/UDRjt2abVeI/AAAAAAAABeI/4QcvJJ3whD4/s320/Orestes001.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Os sofrimentos de Orestes</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">A estratégia
argumentativa de Apolo para com as Eríneas é impressionante em sua capacidade
de reverter os ditos das antigas deusas, mas contém seus hiatos porque coloca
em conflito direto duas lógicas essencialmente contrárias e complementares, o
matriarcado e o patriarcado. Ao mesmo tempo em que cumpre às Eríneas ‘expelir
do lar os matricidas’ [verso 245], Apolo relativiza a questão perguntando-lhes
o que faziam quando a mulher, Clitemnestra, mata o marido, Agamêmnon.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Uma questão que fica
levantada é a de que, ao instruir Orestes a que procure a deusa Atena ao invés
dele mesmo, Apolo, eliminar as Eríneas, Apolo estaria apenas ciente de que
Orestes precisava expiar ainda mais sua culpa e a ‘loucura’ de haver chegado ao
ponto de assassinar a própria mãe, ou se ele mesmo, Apolo, possuía
discernimento suficiente sobre si mesmo para perceber que julgaria Orestes sem
uma visão clara do lado representado pelo fantasma de Clitemnestra e suas
Eríneas, do lado matriarcal. Ou será que Apolo, como deus das predições, sabia
do destino das Eríneas, que haviam de se transformar em Eumênides e mudar sua
natureza, ou da importância da criação do tribunal em Atenas para julgar o
crime de Orestes?<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">O
Apolo simbólico<o:p></o:p></span></span></b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-b8Y7Q6t2P0E/UDRkGeZ79VI/AAAAAAAABeQ/ArPeaC86VYo/s1600/Apolo011.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-b8Y7Q6t2P0E/UDRkGeZ79VI/AAAAAAAABeQ/ArPeaC86VYo/s320/Apolo011.jpg" width="272" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Ao surgir durante a
noite, na Ilíada, Febo Apolo, deus do arco de prata (canto1), brilha como a
lua. Será preciso levar em conta a evolução dos espíritos e a interpretação dos
mitos para que se possa reconhecer nele, muito mais tarde, o deus solar, o deus
de luz, e para entender que seu arco e suas flechas sejam comparados ao sol com
seus raios. Originalmente talvez se relacionasse mais à simbólica lunar.
Apresenta-se no canto 1 acima mencionado como um deus vingador de flechas
mortíferas: <i>O senhor arqueiro, o
toxóforo, o argirotoxo (</i>que tem o arco de prata).<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"> <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">De início revela-se
sob o signo da violência e de um orgulho desvairado. Mas, ao reunirem-se
elementos diversos de origem nórdica, asiática e do mar Egeu, esse personagem
divino torna-se cada vez mais complexo, sintetizando em si inúmeras oposições
que consegue dominar, terminando por encarar o ideal de sabedoria que define o
milagre grego. Realiza o equilíbrio e a harmonia dos desejos, não pela
supressão das pulsões humanas, mas por orientá-las no sentido de uma espiritualização
progressiva que se processa graças ao desenvolvimento da consciência. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"><span style="font-size: small;">Deus muito
complexo, terrivelmente banalizado quando o reduzem à figura de um homem jovem,
sábio e belo, ou quando – numa simplificação do pensamento de Nietzsche – o
opõem a Dioniso, como a razão contraposta ao entusiasmo. Pelo contrário, Apolo
é o símbolo da vitória sobre a violência, do autodomínio do entusiasmo, da
aliança entre a paixão e a razão – filho de um deus (Zeus) e neto (por parte de
sua mãe, Leto) de um Titã. Sua sabedoria é fruto de uma conquista, e não uma
herança. Todas as potências da vida nele se conjugam a fim de incitá-lo a não
encontrar seu equilíbrio senão nos pináculos, e para conduzi-lo da </span><i>entrada da caverna imensa </i><span style="font-size: small;">(Ésquilo) </span><i>aos cimos dos céus </i>(Plutarco). Apolo
simboliza a suprema espiritualização; é um dos mais belos símbolos da ascensão
humana.<br /><br />Texto por Renato Kress<br />Criador do projeto Mito e Mente</span></span></div>
</div>
Renato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9100955754075500794.post-43511629716019901582012-07-11T08:30:00.001-07:002012-07-11T08:30:39.048-07:00Zeus, trecho da apostila do terceiro encontro Mito e Mente: Gerações<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-QCfkl5FrZSo/T_2bhOkikhI/AAAAAAAABaU/jogBdR_jXAA/s1600/pais+e+filhos001.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/-QCfkl5FrZSo/T_2bhOkikhI/AAAAAAAABaU/jogBdR_jXAA/s320/pais+e+filhos001.png" width="320" /></a></div>
"<span style="color: #38761d;">Zeus, o legislador aflito</span><br />
<span style="color: #38761d;">Em uma religião em que divindades se sobrepõem sobre um significado e que significados sobrepõem-se sobre uma única divindade, a divindade suprema é o superlativo dos mais diversos significados que englobam o arquétipo-guia, o fio condutor, legislador e mantenedor da ordem. Numa realidade mitológica rica, complexa e densa como a grega a divindade suprema representa também a descida às trevas e o retorno, a vitória, da luz renascida.</span><br />
<br />
Zeus, palavra que advém do indo-europeu “deiws” e do índico “dyaus”, donde advém “dyaus pitar” [deus pai], que gerou o latim diou+piter Júpiter, ou o germano “tues” (tues + Day Tuesday, o dia de Deus, Zeus, Odin, Wotan...), donde se conclui que, para além das significâncias conjugadas, a principal função de Zeus, aquela que se sobressai no cruzamento das culturas, é a de ser “pai”. Portanto na cultura e na religião gregas Zeus representava e servia de arquétipo para a estruturação moral, intelectual e espiritual dos homens e dos deuses, representando a lei, as instituições da Pólis (cidade) e do logos (razão).<br />
<br />
Para uma boa descrição da representação de Zeus dentro da mitologia grega, seria proveitoso destrinchar o termo logos e as suas concepções, todas relacionadas ao princípio Jupteriano de alicerce universal. Em Heráclito, o Logos seria o princípio cósmico que confere ordem e racionalidade ao mundo, de forma análoga a como a razão humana ordena a ação humana, portanto Zeus representa tanto a ordem mundial quanto a consciência humana, em sua luminosidade sobre nossos demônios interiores, como um padrão ético ou arquétipo moral. No estoicismo temos a razão seminal (logos spermátikós) que é a fonte cósmica da ordem: seus aspectos são o destino, a providência e a natureza, características que se confundem, dentro das histórias da mitologia, com a área de poder e influência de Zeus. O logos têm ainda uma outra perspectiva: permite-nos apreender os princípios e as formas, ou seja, um aspecto da nossa razão. Esta noção está presente na idéia posterior de leis da natureza, se forme concebidas como princípios independentes, reguladores do curso natural dos acontecimentos, existindo, no entanto, além desse mundo temporal que regulam. Essa é, em parte, a representação de Zeus, ponto onde o Grande Pai, Legislador, <span style="background-color: white;">Senhor e Herói grego convergem no logos.</span><br />
<br />
<span style="color: #38761d;">Simbolismo do rei dos Deuses</span><br />
Em Chevalier Zeus representa “o reino do espírito. É o organizador do mundo exterior e interior; é dele que depende a regularidade das leis físicas, sociais, morais.”. Ele é, segundo Mircea Eliade “o arquétipo do chefe da família patriarcal. Deus da luz, é o soberano pai dos deuses e dos homens”. Em Ésquilo “Zeus é o éter. Zeus é a Terra. Zeus é o Céu. Sim, Zeus é tudo o que há acima de tudo”.<br />
<br />
Ainda em Chevalier “a concepção de Zeus como divindade surema e como força universal evoluiu muito a partir dos poemas homéricos e chegou, entre os filósofos helenísticos, à concepção de uma providência única. Entre os estóicos Zeus é o símbolo do Deus único que encarna o Cosmo. As leis do mundo não passam de um pensamento de Zeus. O mito de Zeus é o de um líder nato, do qual advém todo o poder e a justificação de todo o autocratismo e que reveste as formas diversas do pai, do mestre, do professor, do chefe, do patrão, do proprietário, do juiz, do marido, do ser que detém o segredo e de quem depende a iniciativa em todas as coisas”.<br />
<br />
Destes pontos de interpretação da figura divina de Zeus podemos compreender o epíteto de “Zeus Polieus”, protetor da Pólis e das Leis, e também da compreensão de que o reinado de Zeus equivale ao reinado do espírito soberano que ordena o cosmo segundo os princípios racionais e justos.<br />
Patrono de heróis, o modelo maior de heroísmo<br />
<br />
Sendo o modelo do ideal de todo herói, Zeus é chamado “pai dos deuses e dos homens”, protegendo e guiando seus filhos mortais para que se tornem grandes heróis. Zeus passa por várias “mortes simbólicas”, ritos de passagem, “regressus ad uterum” (regresso, volta ao útero), Unio Mysticas (uniões sagradas com um fim maior), e uma mutilação, que representa a marca física de uma mudança espiritual, uma condição para o renascimento constante do herói em novos estágios da existência. Essa mutilação representa uma diferenciação de Zeus perante seus irmãos (principalmente os homens, Hades e Pósidon, que em muitas versões míticas ao gêmeos), uma eleição, tanto quanto uma maldição, a condição de ímpar, de único. Como guia de seus filhos mortais nesses mesmos ritos Zeus também não deixa a desejar, mostrando mais uma vez ser a personificação do superlativo em tudo a que se propõe.<br />
<br />
<span style="color: #38761d;">Representações e espelhamentos filiais</span><br />
Algumas representações de Zeus podem ser encontradas nas façanhas de seus filhos, a exemplo de Hércules, seu filho mais famoso: em nenhum momento, em todas as suas aventuras dentro dos famosos 12 trabalhos impostos por Hera (esposa enciumada de Zeus que vingava-se no rebento ilegítimo de seu marido, pois não tinha como se rebelar contra o todo-poderoso pai dos deuses) através de Euristeu, Hércules deixou de usar o raciocínio, o logos, a consciência, para livrar-se dos desafios ou para usá-los como alavancas que facilitassem a resolução da próxima etapa de sua jornada. O uso da inteligência, da sapiência, constantemente, assim como a honestidade e o empenho incansável na busca da redenção e do perdão pelo crime cometido, faz de Hércules um representação em menor escala dos atributos positivos de seu pai. O mesmo se efetua em suas beberagens e façanhas exuais. Essa questão justifica tanto o apoio de seu pai em suas empreitadas e a companhia da Vitória (Nike, uma deusa que acompanhava a Zeus e Atená), atributo paterno de Hércules, quanto sua posterior Apoteosis, sua ascensão ao caráter de divindade.<br />
<br />
<span style="color: #38761d;">Trajetória de um Deus-Rei</span><br />
Representando o superlativo da centralização de funções e poderes já desde o seu nascimento e toda a sua trajetória de disputas, iniciações e casamentos antes e depois do seu casamento oficial com Hera, Zeus era o deus de quem dependiam o Céu, a Terra, a Polis (cidade), a família (patriarcal) e os homens. A vitória de Zeus contra os Titãs e contra Tífon representa a vitória da luz sobre as trevas, da ordem sobre o caos (Kháos, divindade primordial indiferenciada), da consciência sobre os instintos animais.<br />
<br />
<span style="color: #38761d;">Casamentos, projetos de poder</span><br />
O casamento de Zeus com Têmis (deusa primordial da Justiça) e a reestruturação do significado do ideal de Justiça para os gregos foi um importante passo para a depuração do sistema judiciário grego.<br />
O posterior casamento oficial de Zeus com Hera pode representar um apaziguamento com o qual Zeus teve de arcar com uma divindade essencialmente representante das mulheres, principalmente como esposas, e protetora do casamento, assuntos e questões que, por natureza patriarcal e onipotente, Zeus, a princípio, não se mostrava muito disposto a considerar.<br />
<br />
Segundo Sir J.G. Frazer em “O Ramo Dourado”, o relacionamento de Zeus com Hera representava, também, principalmente, uma união do céu chuvoso, como logos spermátikos, como chuva-esperma que fecunda a terra num casamento das forças vegetativas, com a intenção de evitar o fracasso das colheitas. Essa visão pode contar com a perspectiva de que Hera fosse uma filha de Réa e, portanto, uma divindade também de alguma forma terrena ou que Hra fosse, de alguma maneira, assim como – embora em escala possivelmente inferior – Deméter, uma herdeira do trono matriarcal-telúrico(tereno) de Gaia e Réa.<br />
Após seu casamento com Têmis, Zeus é o deus supremo da Justiça, pois distribui com equidade as alegrias e as tristezas, os bens e os males. É o modelo de toda soberania, conferindo poder e legitimidade às leis, instituições e reis humanos. A característica de Zeus como um deus da execução judicial está mais explícita em Homero, onde, em diversas cenas de batalhas centrais da ilíada, o pai dos deuses coloca sobre uma balança de ouro a “quer”, o destino, o peso do destino de cada combatente, determinando quem irá perecer e quem irá sair vencedor.<br />
<br />
<span style="color: #38761d;">Com mil raios e trovões</span><br />
Zeus também é o deus dos fenômenos atmosféricos, ele é o “acumulador de nuvens”, “o que faz chover”, “o de nuvens negras”, “o que lança raios”, o “trovejante”. Essa característica está ligada a dois ramos interpretativos que comungam uma raiz única. A princípio a raiz física, material, da chuva enquanto símbolo da fecundidade da terra e da renovação da vida (que apazigua os ânimos de Gaia), como o céu que faz amor com a terra e gera o novo fruto, como no mito de Perséfone, Deméter, Hades e Zeus. E, por último, mas não menos importante, seu caráter espiritualizado, divino, superior, elevado tanto no sentido olímpico – fato de estar no pico de uma montanha – quanto no sentido de elevação espiritual, de compreensão dos significados ocultos da vida e dos grandes ciclos da existência histórica grega.<br />
<br />
<span style="color: #38761d;">A maldição familiar</span><br />
O casamento de Zeus com Métis dá a Zeus sua filha preferida Atená. Essa é a primeira vez das várias em que Zeus se livra da maldição familiar. Na obra “Prometeu Acorrentado” deste último, Prometeu revela a Zeus de forma indireta, após ter sido libertado por Hércules, que o Cronida seria destronado pelo filho que teria do caso que mantinha com Tétis, uma oceânide lindíssima, pois o fiho que esta tivesse estaria predestinado a ser muito mais poderoso do que o próprio pai. Compreendendo o recado e, sempre ciente do fantasma de sua maldição familiar, Zeus apressou-se em forçar o casamento de Tétis com um humano, do qual, por mais poderoso que lhe saísse o filho, não representaria risco para o grande trovejante. Graças a mais esta situação em que Zeus “driblou” seu destino familiar, o seu daimon da genós, toda uma raça de heróis e semideuses pereceu em Tróia. Tanto no caso de Atena e sua mãe, assumida como característica de Zeus num ato que lembra o padrão de Cronos em devorar seus “problemas”, quanto em Aquiles é possível que o padrão da maldição familiar seja rompido, mas nuna sem grandez perdas ou “regressões perigosas” para Zeus e seus protegidos.<br />
<br />
<span style="color: #38761d;">Outras uniões de Zeus</span><br />
Outras várias foram as uniões do rei dos deuses. Com Maia gera Hermes, com Leto gera Apolo e Ártemis. Quanto aos “casamentos” de Zeus com mulheres mortais temos Alcmena, que gerou Hércules, Sêmele que gerou Dioniso, Leda que gerou Helena, Clitemnestra, Cástor e Pólux, Io com quem gerou Épafo e Dânae, com quem gerou Perseu, um dos primeiros heróis gregos, além de várias outras escapulidelas menos memoráveis.<br />
<br />
Nada melhor, para terminar a decrição das atribuições de Zeus, que o hino a Zeus, de Cleanto (nascido em 331 a.C.) que marca o auge dessa ascenção de Zeus ao espírito dos homens, até que ele se torne um único deus onipotente, onisciente e muito mais próximo da idéia católica de divindade, que resolverá ter um filho-herói, fundador de uma instituição, que terá novos subdeuses, os santos, e semideuses, os beatos... enfim, ao hino:<br />
<br />
<i>“Salve tu, o mais glorioso dos Imortais, Tu que és designado por tantos nomes diferentes, Zeus, eternamente todo-poderoso, tu que és o autor da natureza, e que governas com lei todas as coisas!...</i><br />
<i>Tanto és em todo lugar senhor supremo do universo inteiro quanto nada na Terra, ó deus, nada acontece sem ti; nada no céu eterno e divino; nada no mar. Nada a não ser o que realiza a loucura dos maus, mas tu sabes reduzir à justa medida o que é excessivo, impor a ordem ao que é desordem e tornar amigas as coisas que te são inimigas...”</i> <br /><br />- Trecho da apostila do terceiro encontro Mito e Mente; Gerações: De Úrano a Zeus, de Zeus a Dioniso, de Atreu a Orestes, maldições e resgates em família.<br /><br />Texto de Renato Kress<br />Diretor do Instituto ATENA<br />Criador do projeto Mito e Mente<br />
</div>Renato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-9100955754075500794.post-16488537000181357562012-07-09T10:25:00.002-07:002012-07-09T10:25:38.227-07:00Encontros Mito e Mente, um olhar cotidiano sobre a mitologia<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-mtizOHcoBOI/T_r7ZnbbgsI/AAAAAAAABYY/nfnuQo0CCuo/s1600/AlicercesFoto003.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="179" src="http://1.bp.blogspot.com/-mtizOHcoBOI/T_r7ZnbbgsI/AAAAAAAABYY/nfnuQo0CCuo/s320/AlicercesFoto003.jpg" width="320" /></a><span style="color: #741b47;">"A verdade é que a gente não faz filhos, só faz o layout. Eles mesmos fazem a arte-final" - </span>Luis Fernando Veríssimo<br />
<br />
É maravilhoso quando percebemos que um filho nosso ganhou mundo, que se estabeleceu e está dando poderosos e novos passos na criação de sua própria história, que vai sempre muito além do que poderíamos ter planejado ou imaginado para aquele filho. Está sendo assim com o ciclo de encontros que denomino Mito e Mente.<br />
<br />
Um ciclo de oito encontros de três horas cada onde discutiríamos um tema contemporâneo através de três mitos, com debates abertos com o público no final e certificados de participação. Esse é o Projeto Mito e Mente. Nosso plano inicial era que esses encontros fossem quinzenais e apresentados no espaço do Studio Oficina, no Rio de Janeiro. Esse era o plano inicial. Mas existem crianças que são verdadeiros prodígios e demonstram um talento excepcional já em tenra idade.<br />
<br />
Estamos na iminência de fazer nosso terceiro encontro: "Gerações: de Úrano a Zeus, de Zeus a Dioniso, de Atreu a Orestes, maldições e resgates em família" e já temos data e viagem marcada para levar os dois primeiros encontros a Brasília e a possibilidade de levarmos a Salvador também!<br />
<br />
<span style="color: #741b47;">Um panorama do conceito Mito e Mente</span><br />
Todos que já estiveram presentes nos encontros Mito e Mente realizados sabem que estes são em número de oito, mas, até agora, eu não havia ainda dado o panorama completo, com as artes, as capas e os conteúdos trabalhados em cada encontro. Vamos então a eles:<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-QL2wyPhGADo/T_r81gD5BXI/AAAAAAAABYg/vrn06tQOlhc/s1600/Alicerces005.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="http://2.bp.blogspot.com/-QL2wyPhGADo/T_r81gD5BXI/AAAAAAAABYg/vrn06tQOlhc/s200/Alicerces005.png" width="200" /></a></div>
No encontro 'Alicerces: Édipo, Aquiles, Hermes e seus pés' trabalhamos como a relação de Édipo (o de ´pés inchados´), Aquiles (o de ´pés ligeiros´ e calcanhar vulnerável) e Hermes (o de ´pés alados´) com seus pés vai influenciar suas jornadas ao longo de suas vidas, sua relação com a matéria, com suas respectivas mães, com a verdade e a mentira.<br />
Discutimos nesse encontro sobre verdades e mentiras, relações de idealização, negação e aversão à mãe, à matéria e ao mundo físico.<br />
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<a href="http://4.bp.blogspot.com/-NGh_I8K8q-c/T_r-z4OvROI/AAAAAAAABYo/1bTfC_zvV88/s1600/Inimigos+%C3%ADntimos+004.png" imageanchor="1" style="background-color: white; clear: right; display: inline !important; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em; text-align: right;"><img border="0" height="148" src="http://4.bp.blogspot.com/-NGh_I8K8q-c/T_r-z4OvROI/AAAAAAAABYo/1bTfC_zvV88/s200/Inimigos+%C3%ADntimos+004.png" width="200" /></a><br />
<span style="background-color: white;">No encontro 'Inimigos Íntimos: Minotauro, Hidra, sereias, perigos e potências' trabalhamos com "o outro", não retomamos o mito através de seus Heróis (Teseu, Hércules e Odisseu/Ulisses), mas através de seus inimigos e da relação que estes famosos heróis gregos estabelecem com eles. A partir daqui discutiremos as relações que temos com o "não-eu", com aquele que nos irrita, nos fascina, nos desequilibra, nos instiga, nos encanta e nos amplia a visão sobre a vida e o universo.</span><br />
<br />
<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-PpCY7Qy4nv4/T_sB_F1AIJI/AAAAAAAABY0/OIK_HmvG-uk/s1600/pais+e+filhos001.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/-PpCY7Qy4nv4/T_sB_F1AIJI/AAAAAAAABY0/OIK_HmvG-uk/s200/pais+e+filhos001.png" width="200" /></a></div>
No encontro 'Gerações: De Úrano a Zeus, de Zeus a Dioniso, de Atreu a Orestes, maldições e resgates em família' trabalharemos as relações familiares de Zeus com seus antepassados e com seus sucessores observando a mudança na própria natureza e caráter do deus e também a família de Atreu, família real grega descendente de Zeus. Discutiremos padrões herdados, sejam eles filiais, mentais, culturais, sociais ou políticos e como obter consciência sobre esses padrões para permanecer ou sair deles, com mérito.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-DLO0tQeoofk/T_sFbo4lt6I/AAAAAAAABZA/uLV5e5wUL3E/s1600/Vendetta001.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="148" src="http://4.bp.blogspot.com/-DLO0tQeoofk/T_sFbo4lt6I/AAAAAAAABZA/uLV5e5wUL3E/s200/Vendetta001.png" width="200" /></a></div>
No encontro 'Vendetta: Hera, Clitemnestra, Medeia e a vingança feminina', trabalharemos as grandes figuras femininas da mitologia da vingança, Hera, a poderosa deusa do matrimônio, da superiodidade, do poder, esposa de Zeus e perpetradora das mais cruéis vinganças contra suas amantes, Clitemnestra, cujo marido assassinou sua primogênita por ambição e Medeia, que assassinou os próprios filhos para eliminar a progênie do marido. Discutiremos a vingança e as formas de expressão da repressão afetiva, intelectual e existencial.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-EPLAcImbXOg/T_sIzdrPl1I/AAAAAAAABZM/gkMUkR0NGck/s1600/O+Barqueiro.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="149" src="http://3.bp.blogspot.com/-EPLAcImbXOg/T_sIzdrPl1I/AAAAAAAABZM/gkMUkR0NGck/s200/O+Barqueiro.png" width="200" /></a></div>
No encontro 'O Barqueiro: Hades, Elíseos, Tártaro e a morte no mito grego' trabalharemos os significados da morte em Homero e em Hesíodo, os locais para onde vão cada tipo de morto, falaremos sobre a morte gloriosa e inglória, sobre a morte como passagem, punição e recompensa. Discutiremos nossa relação contemporânea com o tempo e a finitude, com a decrepitude, a velhice e a senilidade, nossa aversão e negação às ideias de morte e finitude e suas consequências em nossa vida e maturação.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-FvOSYlCc_IE/T_sKUcWrcCI/AAAAAAAABZU/DoF6dqnwDhk/s1600/De+Sangue+fraternidade001.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="149" src="http://2.bp.blogspot.com/-FvOSYlCc_IE/T_sKUcWrcCI/AAAAAAAABZU/DoF6dqnwDhk/s200/De+Sangue+fraternidade001.png" width="200" /></a></div>
<br />
No encontro 'De Sangue: Helena e Clitemnestra, Cástor e Pólux, Apolo e Ártemis, mitos da fraternidade' trabalharemos os mitos de irmandade, as relações de amor, ódio, inveja, companheirismo, identidade, competição e simbiose efetuados por irmãos. Discutiremos a construção da relação de culturas irmãs, preferência paterna ou materna, disputa e integração de leituras diversas de uma mesma realidade.<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-LcoO0Z3-qEM/T_sMTesv0oI/AAAAAAAABZc/xKy3oENG4L0/s1600/por+amor001.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="148" src="http://4.bp.blogspot.com/-LcoO0Z3-qEM/T_sMTesv0oI/AAAAAAAABZc/xKy3oENG4L0/s200/por+amor001.png" width="200" /></a></div>
No encontro 'Por Amor: Psiquê, Afrodite, Penélope, a luta, as provas e a resistência' trataremos do tema do amor. Do amor que busca, se sacrifica e morre para renascer em Psiquê, do amor que impõe provas, limites e desafios para entregar seu maior bem ou para testar os limites da vontade e do amor alheio em Afrodite, do amor que resiste, que espera, que tem fé, em Penélope. Discutiremos as possibilidades, desafios e potencialidades do amor em nossa sociedade contemporânea.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-uqWXh4yXJmM/T_sNV0KA8zI/AAAAAAAABZk/UiIVG08bhjM/s1600/Em+nome+do+pai001.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="149" src="http://4.bp.blogspot.com/-uqWXh4yXJmM/T_sNV0KA8zI/AAAAAAAABZk/UiIVG08bhjM/s200/Em+nome+do+pai001.png" width="200" /></a></div>
No encontro 'Em nome do pai: Crono, Zeus, Agamêmnon, luz e sombra do masculino' trataremos de ampliar o espectro interpretativo sobre a figura do 'grande pai', explicitando suas formas de ação, a natureza de sua condição simbólica, suas facetas luminosas e sombrias, sua relação com a resistência e a desobediência, sua violência e seu resgate. Discutiremos os grandes sistemas de dominação e leitura do mundo, capitalismo, internet, sistemas políticos e religiosos e suas relações com o poder.<br />
<br />
<span style="color: #741b47;"><br /></span><br />
<span style="color: #741b47;">Nosso Caldeirão Criativo</span><br />
<span style="color: #741b47;"><br /></span><br />
<br />
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-kEDdAAMtQT0/T_sSVTveEOI/AAAAAAAABZw/nS_anwmZ5Kk/s1600/Inimigos+%C3%ADntimosfoto001.png" imageanchor="1" style="background-color: white; clear: left; display: inline !important; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="212" src="http://1.bp.blogspot.com/-kEDdAAMtQT0/T_sSVTveEOI/AAAAAAAABZw/nS_anwmZ5Kk/s320/Inimigos+%C3%ADntimosfoto001.png" width="320" /></a>A maior vocação dos encontro Mito e Mente é justamente podermos levar a um debate rico, profundo e enriquecedor sobre diversos temas de nossa sociedade através de uma perspectiva que possa nos ampliar as leituras, a compreensão e a ver nosso cotidiano de uma forma mais criativa, dinâmica e passível de ser ressignificada, repensada e recriada!<br /><br />Minha parte preferida, nos encontros, é justamente a troca poderosa, inquietante e verdadeiramente poderosa de nosso "caldeirão criativo".<br />
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #741b47;">"Dê a seu filho raízes. Mais tarde, asas."</span> - Provérbio Judaico</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
Só posso agradecer a todos os que deram asas às aspirações desse filho que criei no Instituto ATENA, esse filho fruto da minha paixão por mitos, por psicologia analítica, por sociologia e ciência política. Esse filho prolífico, rico e maravilhosamente mais vasto que minhas primeiras aspirações para ele. Obrigado ao Thiago Greco, no Studio Oficina, a Lu Anastácio que me ajuda na revisão das apostilas e na criação dos encontros, a Ana Virgínia e Rosi Rosa em Brasília que me convidaram para levar essa proposta adiante, ao Fabio Steinberger que me ajuda a levar esse projeto para novas paragens, aos meus queridos amigos, alunos, participantes, hoje e sempre, obrigado por acreditarem nessa minha proposta, nessa minha paixão.<br /><br />Renato Kress<br />Diretor do Instituto ATENA<br />Criador dos Encontros Mito e Mente</div>
</div>Renato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-9100955754075500794.post-23215830459864019512012-06-01T10:05:00.000-07:002012-06-03T14:01:25.706-07:00Ciclo de Seminários "Mito e Mente"<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-f-ABCFt2pf0/T8kEo8YtxwI/AAAAAAAABW8/v2DosGjyP8g/s1600/alicerces004.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="241" src="http://2.bp.blogspot.com/-f-ABCFt2pf0/T8kEo8YtxwI/AAAAAAAABW8/v2DosGjyP8g/s320/alicerces004.png" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: inherit;"><span style="color: #a64d79;">Uma conversa informal, uma ideia simples e apaixonante!</span><br />Sempre ficava me perguntando como poderia levar a riqueza da mitologia e suas correlações com a nossa cultura ocidental e principalmente com as nossas vidas cotidianas para as pessoas. Através de uma conversa com a minha ex-aluna da Jornada do Herói</span><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 18px;">®, a </span><a href="https://www.facebook.com/lu.anastacio" style="font-family: inherit;">Lu Anastácio</a>, <span style="font-family: inherit;">tivemos a ideia de criar um seminário de três horas de duração sobre algum tema específico da mitologia grega. Lembrei de alguns anos atrás quando tive um problema no pé e tive que tomar antibiótico por umas duas semanas e, logo depois, caí de bicicleta e abri o calcanhar, que levou 4 pontos, quando dei por mim estava estudando mitos com ênfases nos pés e comecei a perceber o quão rica e significativa era toda a questão. Então pensei: vamos começar pela base! Vamos falar de "pés". </span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-xdW53BCvrhw/T8oodrWQ7UI/AAAAAAAABXc/qR4o_4z5eu0/s1600/euelu001.png" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="128" src="http://3.bp.blogspot.com/-xdW53BCvrhw/T8oodrWQ7UI/AAAAAAAABXc/qR4o_4z5eu0/s200/euelu001.png" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Eu e Lu Anastácio <br />
na Jornada do Herói</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: inherit;"><br /><span style="color: #a64d79;">Começando pela base...</span><br />Pensei nos "pés inchados" do Édipo, nos tornozelos costurados de Zeus, no calcanhar do Aquiles, no Prometeu amarrado pelos pés, na sandália que o Jasão perde atravessando o rio com a deusa Hera disfarçada de velhinha sobre seus ombros, nos pés alados de Hermes... a lista continuava! Então pensamos em algo mais simples e compacto, algo que coubesse em três horas, com espaço para perguntas, dúvidas, discussões abertas, um espaço para diálogos e troca. Diminuímos tudo para três mitos. Para abarcar o conteúdo simbólico dos pés resolvemos tirar Zeus e Prometeu que têm, ambos, simbolismos mais interessantes para outros assuntos no futuro. <br /><br /><span style="color: #a64d79;">Cortando os excessos</span><br />Ficamos com Édipo, Aquiles e Hermes. Ainda assim são mitos grandes! Então experimentei contar os mitos deles para a Lu e, ainda que fossem muito grandes, não levaram mais do que vinte minutos cada para serem contados. Então decidimos que seria possível colocar tudo num 'seminário' (prefiro esta palavra à inglesa 'workshop') de três horas de duração, dando espaço para análises psicológicas, culturais e simbólicas e, principalmente, espaço para a troca com os participantes. Tudo ficou extremamente sedutor nas nossas cabeças, delicioso como um bom café, que estávamos tomando.<br /><br /><span style="color: #a64d79;">Criando um pequeno universo</span><br />Mas (eu bem sei) café, como tudo o que nos excita e anima, é viciante! Nem bem passamos da euforia inicial da criação mental dos "Pés" e já estávamos anotando em guardanapos vários temas para outros no mesmo esquema: 1 tema, 3 horas, 3 mitos: vingança, conflitos de geração, amor, dinâmica do inconsciente, o grande pai, a grande mãe, a morte... Definimos que iríamos parar em oito! Estava lá presente também Cronos para dar o limite, claro!<br /><br /><span style="color: #a64d79;">Tijolo por tijolo e um apoio afetuoso de um grande amigo</span></span><span style="font-family: inherit;"></span><br />
<span style="font-family: inherit;"></span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-xnT21_F4sQE/T8kH_YK_ShI/AAAAAAAABXQ/BINC7lz3dzo/s1600/thiagogreco003.png" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-xnT21_F4sQE/T8kH_YK_ShI/AAAAAAAABXQ/BINC7lz3dzo/s200/thiagogreco003.png" width="159" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Thiago Greco, nosso patrono<br />
dos seminários no <br />
Studio Oficina</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: inherit;">Levamos a ideia para casa. Eu criava, a Lu revisava. Arquivos de word, power point e imagens, muitas imagens para cá e para lá durante algumas semanas até uma primeira versão final. </span> Toda nova ideia, todo novo universo precisa de dimensões: tempo e espaço, para crescer e frutificar. Era preciso um horário e um local para que essa nova empreitada pudesse frutificar, então <span style="font-family: inherit;">levamos ao nosso querido <a href="https://www.facebook.com/thiago.greco.92">Thiago Greco</a> no <a href="http://www.studiooficina.com.br/">Studio Oficina</a> e (para a nossa alegria!) ele curtiu a ideia e cedeu um dia e horário para darmos à luz a nossa criação!</span><br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span><br />
<span style="font-family: inherit;">Então está aí, o primeiro Seminário, já com o nome estudado e melhorado: <span style="color: #a64d79;">"Alicerces: Édipo, Aquiles, Hermes e seus pés"</span>, o primeiro do ciclo de seminários "Mito e Mente". </span><br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-MCrjtmzG53o/T8jw8aArtlI/AAAAAAAABWw/mDldAZmoyPI/s1600/alicerces_filipetaoficial001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="640" src="http://4.bp.blogspot.com/-MCrjtmzG53o/T8jw8aArtlI/AAAAAAAABWw/mDldAZmoyPI/s640/alicerces_filipetaoficial001.jpg" width="451" /></a></div>
<br />
<span style="font-family: inherit;"><br /></span><br />
<span style="font-family: inherit;">Desenvolveremos ao longo desses seminários as correlações simbólicas, culturais e psíquicas do mito com a nossa vida cotidiana, medos, desejos, esperanças e padrões, trazendo toda a riqueza do universo mítico grego para dentro da nossa vida contemporânea.<br /><br /><span style="color: #a64d79;">Todos os encontros terão:</span><br />* Contação de mitos<br />* Apostilas para acompanhamento e guias de estudo dos temas<br />* Coffee-Break<br />* Certificados</span><br />
<span style="font-family: inherit;">Temas abordados no seminário: "Alicerces:<span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 18px;"> Édipo, Aquiles, Hermes e seus pés"</span></span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; line-height: 18px;"><span style="font-family: inherit;"><br />* A relação dos pés com os recursos da alma<br />* Condição psíquica do manco/coxo<br />* A interação com a terra e a relação com a mãe nos três mitos<br />* A questão da criança divina e o problema dos pés<br />* Rastros, trilhas, pegadas e seus significados<br />* O pé como chave, ponto e elo<br />* O pé como símbolo de humildade, submissão, poder e suporte</span></span><br />
<div class="MsoNormal">
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; line-height: 18px;"><span style="background-color: white;"><br /><span style="font-family: inherit;"><b>Entre
em contato e confirme sua participação!</b></span><o:p></o:p></span></span></div>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; line-height: 18px;">
</span><br />
<div class="MsoNormal">
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; line-height: 18px;"><span style="background-color: white;">_____________<br />
<br />
</span><span class="textexposedshow"><b><span style="background-color: white;">DATA</span></b></span><span class="textexposedshow"><span style="background-color: white;">: 13 de junho (quarta feira) das 19:30 às 22:30</span></span><span style="background-color: white;"><o:p></o:p></span></span></div>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; line-height: 18px;">
</span><br />
<div class="MsoNormal">
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; line-height: 18px;"><b><span style="background-color: white;">LOCAL</span></b><span style="background-color: white;">: </span><span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif;">STUDIO OFICINA <o:p></o:p></span></span></div>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; line-height: 18px;">
</span><br />
<div class="MsoNormal">
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; line-height: 18px;"><span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif;">Marquês de Abrantes 185, 2o andar, Flamengo, Rio de Janeiro</span><span style="background-color: white;"><o:p></o:p></span></span></div>
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; line-height: 18px;">
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b><span style="background-color: white;">INSCRIÇÕES</span></b><span style="background-color: white;">:<span class="apple-converted-space"> </span>Studio@studiooficina.com.br<br />
(21) 2147-1782</span><span style="background-color: white; color: #a64d79; font-family: Arial, sans-serif;"><br />
</span><span style="background-color: white; color: black;">______________</span></div>
</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; line-height: 18px;"><span style="font-family: inherit;"><br />EM BREVE:<br />Inimigos Íntimos: Minotauros, Hidras, Sereias, perigos e potências</span></span><br />
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-MckYUM9mJ0o/T8kFRptyO1I/AAAAAAAABXE/PgtatgtG93U/s1600/Inimigos+%25C3%25ADntimos+002.png" imageanchor="1" style="clear: left; display: inline !important; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="148" src="http://4.bp.blogspot.com/-MckYUM9mJ0o/T8kFRptyO1I/AAAAAAAABXE/PgtatgtG93U/s200/Inimigos+%25C3%25ADntimos+002.png" width="200" /></a><br />
<span class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #333333; display: inline; line-height: 18px;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>Renato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9100955754075500794.post-5487029843411632722012-04-27T11:06:00.001-07:002012-04-30T18:45:09.557-07:00Trickster: o iluminado trapaceiro das trevas<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-GzPJYmpFtz8/T5rdVDidogI/AAAAAAAABS8/NaG6VmcDUrY/s1600/calendario+asteca.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="173" src="http://1.bp.blogspot.com/-GzPJYmpFtz8/T5rdVDidogI/AAAAAAAABS8/NaG6VmcDUrY/s200/calendario+asteca.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Calendário Asteca. A espera do <br />
próximo jogo universal...</td></tr>
</tbody></table>
<span style="color: #bf9000;">Quando vemos artigos sobre símbolos, mitos e crenças muitas vezes perdemos a ligação entre aqueles símbolos e o cotidiano natural de uma sociedade. Sorrisos são linguagem universal e assim também a graça, a brincadeira, o jogo, o lúdico. Através dele aprendemos muitas coisas, introjetamos conceitos, crenças e valores que vão alicerçando não só as regras da sociedade em que vivemos, mas principalmente quem somos diante dessas regras e o quanto precisaremos esgarçar uma margem de manobra para expressar nossa personalidade ou se, com sorte, nossa personalidade se adequa bem à sociedade em que vivemos.</span><br />
<br />
<span style="color: #990000;"></span><br /><span style="color: #990000;"></span><br />
<span style="color: #990000;">Eu só estava brincando...</span><span style="color: #990000;"></span><br />
Segundo o historiador especializado em Roma Antiga A. Piganiol, a função principal dos "ludi" (ludens, lúdico, brincar) era conservar uma força sagrada à qual estava ligada a vida da natureza, de um grupo humano ou de uma personalidade importante. Os jogos rituais constituíam o meio exemplar de rejuvenescer o mundo e os deuses, os mortos e os vivos. Entre as principais ocasiões em que eram celebrados os "ludi", temos os aniversários dos deuses agrários (cerimônias sazonais como a Páscoa etc), os aniversários das vitórias (para reforçar a força divina que garantiu a vitoria) ou a inauguração de um novo período (neste caso os jogos "tinham como objetivo garantir a renovação do mundo, ou até um novo término do mundo").<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-gr9hj9K6xXs/T5rjZwmB80I/AAAAAAAABTw/srVfNUR9np0/s1600/jogos002.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="130" src="http://4.bp.blogspot.com/-gr9hj9K6xXs/T5rjZwmB80I/AAAAAAAABTw/srVfNUR9np0/s200/jogos002.jpg" width="200" /></a></div>
Brincar, jogar, interpretar é também uma forma de apreender os conceitos da sociedade e cultura em que estamos inseridos. Por isso é importante o estudo da brincadeira e do jogo contemporâneos. Porque eles são fatores importantíssimos de socialização. Quando estava na minha graduação quis fazer uma monografia sobre "cultura infantil" e fui obrigado a desistir do tema, porque os estudos na área eram extremamente escassos e, segundo alguns professores, eu não teria bibliografia suficiente para levar a empreitada a um bom termo. Fiquei impressionado como o consenso sobre a infância ser a principal fase de socialização do indivíduo e como, mesmo assim, essa fase é tão pouco estudada. <br />
<br />
<span style="color: #990000;">Só pode ser brincadeira!</span><br />
Muitos estudos haviam, a meu ver perversos, no campo do marketing e da propaganda. Estudos aliando consumo, psicologia infantil e técnicas de venda. Isso também é um retrato claro dos valores da sociedade ocidental capitalista.<br />
<br />
Mas voltemos à brincadeira. Na Grécia instiuíram-se jogos olímpicos para relembrar grandes vitórias sejam elas míticas ou militares e até hoje corremos a "Maratona" porque os atenienses venceram a primeira <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_Guerra_M%C3%A9dica">Guerra Médica</a> contra os persas e Filípides, um soldado considerado o melhor dos corredores atenienses, teve de correr 42km entre o campo de batalha e a cidade de Atenas para impedir que as mulheres atenienses fossem adiante com o plano de assassinarem seus filhos e suicidarem-se para não serem escravizados caso os persas vencessem.<br />
<br />
<span style="color: #990000;">Na prática a teoria é um jogo</span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-UTThYxN2g3E/T5rjCq1KagI/AAAAAAAABTo/C8Ixb8CLUXo/s1600/teoriadosjogos.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="118" src="http://2.bp.blogspot.com/-UTThYxN2g3E/T5rjCq1KagI/AAAAAAAABTo/C8Ixb8CLUXo/s200/teoriadosjogos.jpg" width="200" /></a></div>
Atualmente a "teoria dos jogos", uma forma de avaliação do comportamento humano e suas decisões em ambientes complexos como uma sociedade, saiu da pura aplicação matemática para ramos como a estratégia militar, jogos de computadores, desenvolvimento de inteligência artificial, ciência política, ética, economia, filosofia, jornalismo, cibernética e outros. Amplos campos integrados onde resultados nunca ou quase nunca têm consequências retilíneas e uniformes, como sociedades, famílias, empresas ou a mente humana, podem ser usados como objetos de pesquisa para compreender a dinâmica envolvida nas atitudes, motivações e consequências dos movimentos dentro do "jogo".<br />
<br />
O problema do jogo é que ele, em si, pode querer jogar de volta conosco. Pode haver um "metajogo" nessa dinâmica toda, afinal, em sistemas complexos - abertos à interação com variáveis não consideradas a princípio - os resultados são sempre muito próximos do caos. O que ocorre é que a quantidade de dados e variáveis e serem considerados é exaustivamente grande, forçando um recorte que não invalida a teoria, mas retira muito de sua força.<br />
<br />
<span style="color: #990000;">O trapaceiro</span><br />
O que o mito pode nos ensinar em relação aos jogos? Creio que a melhor forma de compreendermos os limites dos jogos é estudarmos a figura mítica que vive nesses limites, o "Trickster", o "pregador de peças" ou "trapaceiro".<br />
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-xF384xJhtuQ/T5rigi0wrtI/AAAAAAAABTg/Ych35E1s5a4/s1600/lokithor.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-xF384xJhtuQ/T5rigi0wrtI/AAAAAAAABTg/Ych35E1s5a4/s200/lokithor.jpg" width="178" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Thor luta contra Loki<br />
Ordem e Caos em jogo</td></tr>
</tbody></table>
Geralmente representado como uma divindade, o Trickster quebra as regras dos deuses, da natureza ou da sociedade. Pode ocorrer de ele inaugurar novas regras, mas em geral ele está mais atento a quebrar padrões que a construir novos parâmetros. Pode acontecer de ele ser essencialmente perverso e mal-intencionado, como Loki, o meio-irmão do deus nórdico Thor, mas o que mais fascina nessas figuras é que, em geral, ainda que de uma forma involuntária, ele tem efeitos positivos ou cria as condições de sua própria derrota. O Trickster pode ser astuto ou tolo ou ambos, é uma figura nebulosa por definição. Frequentemente são engraçados e cômicos, mesmo quando considerados sagrados e perigosos.<br />
<br />
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-9cvESm3ml2Y/T5rgI1MUadI/AAAAAAAABTQ/CRd9bG5p1XU/s1600/coringa001.png" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="149" src="http://3.bp.blogspot.com/-9cvESm3ml2Y/T5rgI1MUadI/AAAAAAAABTQ/CRd9bG5p1XU/s200/coringa001.png" width="200" /></a><span style="background-color: white; line-height: 19px; text-align: -webkit-auto;"><span style="font-family: inherit;"><i>"Para Jung, tal simbolismo se refere à hamonização psiquica de Animus e Anima (imagens internas da Psique para Masculino e Feminino), dinâmica importante no processo de individuação. Loki, o trickster nórdico, também troca de sexo. Curiosamente, ele compartilha a capacidade de alterar os sexos com Odin, o deus nórdico que preside ao panteão, que também possui muitas características Tricksters (Malandro). No caso da gravidez de Loki, ele foi obrigado pelos deuses a parar um gigante, ele resolveu o problema ao se transformar em uma égua e atrair o cavalo mágico do gigante para longe. Voltou algum tempo depois com uma criança que tinha dado à luz, o cavalo de oito patas Sleipnir, que serviu como montaria a Odin."</i> - Trickster, Wikipedia, artigo.</span></span><br />
<br />
<span style="color: #990000;">Brinca comigo?</span><br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-03vIg16yBXI/T57uoSPVBhI/AAAAAAAABUE/xlrsmolIfhM/s1600/eucoringa-1+(1).jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-03vIg16yBXI/T57uoSPVBhI/AAAAAAAABUE/xlrsmolIfhM/s320/eucoringa-1+(1).jpg" width="300" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Se não pode (con)vencê-los, confunda-os!</td></tr>
</tbody></table>
O arqui-inimigo do Batman, Coringa, é um Trickster. Ele subverte as regras sociais e gosta de colocar à prova os valores dos indivíduos e as certezas principalmente do personagem principal. De qualquer forma o confronto com essa figura mítica do limiar da ordem sempre vai trazer um reforço para o status quo. Seja reestruturando em novos moldes a ordem que existe, seja abrindo espaço para a estruturação de uma nova. É na adversidade que se testam os limites das nossas certezas.<br />
<br />
Tudo isso é parte natural do movimento da libido na nossa dinâmica psíquica. Enquanto há vida há regra e quebra, certeza e dúvida. Enquanto há dúvida há inquietação, movimento, vida.<br />
<br />
E você? Já abocanhou seu bocado de caos hoje?<br />
<br />
Texto por: <a href="https://www.facebook.com/renato.kress">Renato Kress</a><br />
Diretor do Instituto ATENA</div>Renato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9100955754075500794.post-84260811279570481182012-04-23T17:28:00.000-07:002012-04-23T19:58:48.171-07:00Ensaio sobre o Mito<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/_lXUvFnYhUWE/TECVTKE7dUI/AAAAAAAAAcs/Z_alH-I1KB0/s1600/buda001.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5494555701747086658" src="http://2.bp.blogspot.com/_lXUvFnYhUWE/TECVTKE7dUI/AAAAAAAAAcs/Z_alH-I1KB0/s320/buda001.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; float: right; height: 239px; margin: 0 0 10px 10px; width: 320px;" /></a><span class="Apple-style-span" style="color: white;">[Postagem em constante re-edição]<a href="http://2.bp.blogspot.com/_lXUvFnYhUWE/TECVLzNAnOI/AAAAAAAAAck/McLw-Uqjhh4/s1600/buda001.jpg"><br /></a></span><br />
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="color: #741b47;">"O mito é o nada que é tudo" - Fernando Pessoa</span></div>
<div>
<span style="color: #bf9000;"><br /></span></div>
<div>
<span style="color: #bf9000;">A narrativa</span></div>
<div>
<span style="color: #bf9000;">O mito é a mais antiga forma de conhecimento, de consciência existencial e, ao mesmo tempo, de representação religiosa sobre a origem do mundo, sobre os fenômenos naturais e a vida humana. </span>Deriva do grego <i>Mythos</i>, palavra, narração ou mesmo discurso, e dos verbos <i>mytheyo</i> (contar, narrar) e <i>mytheo</i> (anunciar, conversar). Sua função, portanto, é a de descrever, lembrar e interpretar todas as origens, seja ela a do cosmo (cosmogonia), dos deuses (teogonia), das forças e fenômenos naturais (vento, chuva, relâmpago, acidente geográfico), seja a das causas primordiais que impuseram ao homem as suas condições de vida e seus comportamentos. O mito é, em essência, a narrativa que traz sentido à nossa realidade, a trama de significados sem os quais nossa vida não tem sentido. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-IQ0HkZaIkmI/T5X_PaCXraI/AAAAAAAABRk/Lmj6_oJhMgw/s1600/imagemmito001.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="http://3.bp.blogspot.com/-IQ0HkZaIkmI/T5X_PaCXraI/AAAAAAAABRk/Lmj6_oJhMgw/s200/imagemmito001.jpg" width="200" /></a><span style="color: #bf9000;">O mito e suas teorias</span></div>
<div>
O mito pode ser compreendido como uma narrativa sacra envolvendo seres sobrenaturais e incorporando à consciência coletiva, o mito é entretecido de crenças populares a respeito da humanidade e do mundo social, bem como da natureza e significado do universo. Ao longo do século XIX, várias escolas de pensamento se debruçaram sobre a interpretação dos mitos. As teorias do mito que desenvolveram podem ser divididas em psicológicas, funcionalistas, estruturalistas e políticas.</div>
<div>
<br />
<br /></div>
<div>
<span style="color: #bf9000;">Caos e Cosmos</span></div>
<div>
O mito é a primeira manifestação de um sentido para o mundo. Quando contamos histórias a nossos filhos pra ilustrar as leis, costumes e funcionamento do mundo estamos contando um mito que é real à medida em que agimos de acordo com ele. É como uma grande lente interpretativa da realidade, mas para isso ele deve abarcar as histórias da origem, deve responder a questões sobre quem somos, de onde viemos e para onde vamos. O mito dota o ser humano de um senso de propósito. <br />
<br />
Os mitos tanto podem relatar as genealogias (as gerações sucessivas desde o primeiro ser ou causa), como explicar os atributos dos seres e das coisas (poderes e capacidades). Outra característica comum a diversas mitologias, em seus aspectos cosmogônicos (explicação sobre a geração do cosmos), é a existência primeva do caos, ou seja, de um estado amorfo ou indiferenciado de elementos - as trevas, o oceano primordial, o espaço infinito, o Céu e a Terra ainda fundidos, o Ovo Cósmico, o Todo são imagens comuns a muitas mitologias ao redor do mundo. Em todas as mitologias do planeta é a partir do caos que se dá a criação do cosmo, de um conjunto de partes diferenciadas ou mesmo opostas (terra-céu, líquido-seco, noite-dia), mas ordenadas e mutuamente dependentes.</div>
<div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-rbiz0ABH77w/T5YAApuIVOI/AAAAAAAABRs/QUrfoeDuQjE/s1600/imagemmito002.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="102" src="http://3.bp.blogspot.com/-rbiz0ABH77w/T5YAApuIVOI/AAAAAAAABRs/QUrfoeDuQjE/s400/imagemmito002.jpg" width="400" /></a></div>
<br /></div>
<div>
<span style="color: #bf9000;">Antropologia do século XIX e abordagens psicológicas</span></div>
<div>
Os antropólogos do século XIX interessados na evolução e difusão de culturas buscaram descobrir a origem dos mitos, interpretando-os como pensamento não-científico e registros incompletos de eventos históricos. As abordagens psicanalíticas desenvolvidas por Sigmund Freud, em vez disso, tenderam a buscar no mito temas de conflito psíquico universal (repressão, tabu do incesto, inveja dos irmãos, complexo de Édipo), ou imagens arquetípicas brotando do 'inconsciente coletivo' (Jung, 1964).<br />
<br />
O que se deve salientar é que o mito, enquanto narrativa, se presta a várias possíveis interpretações. Sendo o que estudiosos de história das religiões e psicologia chamam de "símbolo vivo". Algo que possui um significado e um espectro interpretativo, mas que não pode ser completamente fechado em uma definição, estando sempre aberto a novas leituras. O mito muda, como a realidade muda e a realidade muda à medida que o mito que a explica muda também.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="color: #bf9000;">Crítica funcionalista</span></div>
<div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-C6YCD5ReYfA/T5YBDz3eElI/AAAAAAAABR8/euZxYvzbMlg/s1600/imagemmito004.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="180" src="http://3.bp.blogspot.com/-C6YCD5ReYfA/T5YBDz3eElI/AAAAAAAABR8/euZxYvzbMlg/s200/imagemmito004.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Bronislaw Malinowski em Trobriand</td></tr>
</tbody></table>
A tradição antropológica funcionalista, mais bem representada por Bronislaw Malinowski, criticou essas teorias por abstraírem os mitos de seu contexto social. A partir de estudos empíricos dos ilhéus de Trobriand, Malinowski afirmou que <i>"o mito preenche, na cultura primitiva, uma função indispensável"</i>: é produto de uma fé viva que serve para codificar e reforçar normas grupais, salvaguardar as regras e a moralidade e promover a coesão social. O mito é parte do ethos (síntese da cultura de um povo, espécie de "cola social" que mantém unida uma parcela da humanidade) de um povo. Como nossos indígenas buscavam sentido para suas vidas e ações em 'Tupã', muitos de nossos contemporâneos buscam sentido para a narrativa de suas existências no 'Mercado Financeiro', cuja base é crédito. Nunca é demais salientar que a origem da palavra 'crédito' é a palavra latina <i>credere, </i>que significa "acreditar".</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="color: #bf9000;">As leituras de Lévi-Strauss</span></div>
<div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-Xm5pLVlrIDY/T5YAt9V_HyI/AAAAAAAABR0/tIEEtIqgvwA/s1600/imagemmito003.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-Xm5pLVlrIDY/T5YAt9V_HyI/AAAAAAAABR0/tIEEtIqgvwA/s200/imagemmito003.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Claude Lévi-Strauss</td></tr>
</tbody></table>
As abordagens contemporâneas, incluindo as de Leach e Barthes, têm sido fortemente influenciadas pelo estruturalismo e, em particular, pelos estudos do antropólogo Claude Lévi-Strauss. Usando teorias desenvolvidas na psicanálise e na lingüística, Lévi-Strauss interpretou os mitos, não como guias de ação fornecendo explicações ou legitimação para disposições sociais existentes, mas como sistemas de signos - uma linguagem cujo sentido é codificado e se encontra sob superfície narrativa. Foi um resgate do mito como narrativa.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="color: #bf9000;">O mito na academia antropológica</span></div>
<div>
Os mitos são um expediente cognitivo usado para reflexão e resolução das contradições e princípios subjacentes em todas as sociedades humanas, cada mito sendo uma variação sobre temas universais, recombinando incessantemente os elementos simbólicos constituídos por grupos de oposições binárias (mãe/pai, natureza/cultura, fêmea/macho, cru/cozido), que supostamente refletem as categorias fundamentais da mente humana.<br />
<br />
Nossa apreensão da realidade se daria pela contraposição de pares complementares de opostos (dia/noite, yin/yang) e o mito seria uma forma mais lúdica e natural de aprendizagem sobre o mundo.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="color: #bf9000;">A compreensão platônica do mito</span></div>
<div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-wL0eSXZWS7Y/T5YB9iTC3MI/AAAAAAAABSE/OQOTxJ0gJco/s1600/imagemmito005.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-wL0eSXZWS7Y/T5YB9iTC3MI/AAAAAAAABSE/OQOTxJ0gJco/s1600/imagemmito005.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Platão e Aristóteles, ao centro da Academia</td></tr>
</tbody></table>
Para Platão a mitologia era uma maneira de traduzir aquilo que pertence à opinião e não à certeza filosófica. Sejam quais forem os sistemas de interpretação, eles ajudam a perceber a dimensão da realidade humana e trazem à tona a função simbolizadora da imaginação. Ela não pretende transmitir "a" (tão procurada) verdade filosófica suprema, mas expressar as diversas possíveis verdades de certas percepções. Toda a compreensão platônica do mito, pelo próprio peso que a figura de Platão adquire através dos tempos, acaba infundindo uma visão pré-conceituosa (porque anterior ao bom conhecimento do próprio 'conceito' do mito e de suas implicações) que engendrou o desafio em que a ciência e a filosofia ocidentais, a maior parte das vezes, às raras exceções de um Jung, Capra, Eliade ou Campbell, invariavelmente empacam.<br />
<br />
Muitos de nossos acadêmicos e filósofos até hoje compreendem o mito como uma espécie de "pré-razão", de um pensamento ainda não plenamente desenvolvido. Para eles o pensamento desenvolvido não permitiria a possibilidade de interpretação, mas apenas a concordância inevitável com uma única verdade absoluta, óbvia, clara e inegável. Essa pretensão ao alcance da verdade única é a raiz de todo o pensamento fascista e ditatorial, já que é completamente intolerante com quaisquer pensamentos que venham a se contrapor ou divergir a ele. Admitir o mito como passível de diversas interpretações também é admitir que possamos ter diferentes verdades pessoais, familiares, sociais, religiosas ou culturais. Não é só um ato de humanidade como um ato de humildade no mais alto grau.</div>
<div>
</div>
<div>
<br />
<span style="color: #bf9000;">O desafio da limitação acadêmica</span></div>
<div>
As técnicas estruturalistas de Lévi-Strauss têm proporcionado percepções úteis dos motivos subjacentes aos mitos, mas os críticos alegam que essa abordagem é reducionista, uma espécie de <i>"malabarismo verbal com uma fórmula generalizada e que não pode mostrar a verdade."</i> (Leach, 1970). A pretensão do encontro de uma "verdade" unívoca manifesta o vício racionalista da ciência ocidental e impede seu encontro com as infinitas interpretações possíveis dos mitos. A pretensão dogmática de encontro de uma única verdade absoluta e inequívoca, permanecendo, dará ao mito sempre sua atmosfera nebulosa e polissêmica. </div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="color: #bf9000;">Águas primordiais</span></div>
<div>
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-0JSdo3UI1DQ/T5YC3Mu68eI/AAAAAAAABSM/PtAW5tgEPw4/s1600/imagemmito006.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="170" src="http://3.bp.blogspot.com/-0JSdo3UI1DQ/T5YC3Mu68eI/AAAAAAAABSM/PtAW5tgEPw4/s200/imagemmito006.jpg" width="200" /></a><i>"O tema das águas primordiais, imaginadas como uma totalidade ao mesmo tempo cósmica e divina, é bastante frequente nas cosmogonias arcaicas. Também nesse caso, a massa aquática é identificada à 'mãe original' que gerou, por partenogênese, o primeiro casal, o Céu e a Terra, encarnando os princípios masculino e feminino"</i> - Mircea Eliade, <i>História das Crenças e das Idéias Religiosas</i>. </div>
<div>
<br />
Boa parte das tradições míticas da humanidade relatam a criação do cosmos (ordem) como surgindo através das águas ou mesmo de ondas. Mesmo a tradição Bíblica sustenta que "O Espírito de Deus movia-se sobre as águas". A ideia de uma espécie de caos aquoso é muitíssimo comum entre as tradições míticas e há interpretações antropológicas, religiosas, filosóficas, mitológicas, simbólicas e psíquicas para esse fato.</div>
<div>
<span style="color: #bf9000;"><br /></span><br />
<span style="color: #bf9000;">Pensamento simbólico</span></div>
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Embora seja um tipo de pensamento e de consciência pré-sintética (ou seja, pré-filosófica ou pré-científica), o mito oferece explicações para a realidade aparente e para a vida humana, como também para aquilo que, aos olhos dos mais antigos homens, aparecia como mistério, no sentido de algo velado, simbólico, só acessível a iniciados. </div>
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<span style="color: #bf9000;">Estruturação do discurso sagrado</span></div>
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<a href="http://4.bp.blogspot.com/-93u4oUWb0_g/T5YDZSX-_EI/AAAAAAAABSU/FRblP-Rsu5M/s1600/imagemmito007.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="143" src="http://4.bp.blogspot.com/-93u4oUWb0_g/T5YDZSX-_EI/AAAAAAAABSU/FRblP-Rsu5M/s200/imagemmito007.jpg" width="200" /></a>Por isso, habitualmente, o mito possui um valor sagrado que merece ser conservado e transmitido por pessoas dotadas ou escolhidas pelo deuses ou sacerdotes, poedas-rapsodos ou xamãs. Seus rituais de renovação ou de comemoração procuram manter vivas as forças criadoras e mantenedoras da vida, evitando a decadência e o retorno à indiferenciação primitiva (por exemplo, nas festas de Ano Novo). Como afirmou Van der Leeuw em O homem primitivo e a religião:<i> "o rito é um mito em ação"</i>.<br />
<br />
À medida em que estamos agindo de forma a marcar nossa trajetória nesse mundo, tendo vidas preenchidas de significado e essência, estamos ritualizando nossa vida, vivendo nosso mito pessoal. Viver fora do mito é viver uma vida sem um nexo final, sem uma congruência, onde o conteúdo de ontem e o de amanhã não estão interligados numa narrativa coesa. Viver o mito é viver a vida em plenitude.</div>
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<span style="color: #bf9000;">A linguagem do mito</span></div>
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<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-AoTbPDIhjKI/T5YD8tHQ8-I/AAAAAAAABSc/en4Ao7acx4I/s1600/schelling.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-AoTbPDIhjKI/T5YD8tHQ8-I/AAAAAAAABSc/en4Ao7acx4I/s200/schelling.jpg" width="146" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Friedrich Schelling</td></tr>
</tbody></table>
E conquanto se costume dizer que o mito constitui uma linguagem fortemente alegórica ou metafórica, o que também o distingue da filosofia e da lógica, há ensaístas que assumem uma interpretação contrária. </div>
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<br /></div>
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<i>"As representações mitológicas não foram inventadas, nem livremente aceitas. Produtos de um processo independente do pensamento e da vontade, elas eram, para a consciência que lhes fazia registro, de uma realidade incontestável e irrefutável. Povos e indivíduos não passam de instrumentos deste processo que ultrapassa os seus respectivos horizontes e a cujo serviço eles se colocam sem nem sequer o compreenderem"</i> - Schelling, Introdução à Filosofia da Mitologia.<br />
<br />
Para muitos autores, como para Friedrich Schelling, o mito é, também, uma entidade independente, superior, em efeito, às vontades humanas e aos caprichos das conjunturas em que atuem. Para ele o mito tem um percurso próprio e, talvez, essa teoria possa ser integrada às teorias de Carl Gustav Jung sobre a equilibração da dinâmica psíquica tanto dos sujeitos como das sociedades.</div>
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<i><br /></i></div>
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<span style="color: #bf9000;">O mito na Ciência Política</span></div>
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Em ciência política, o significado da palavra tem sido às vezes ampliado para a filosofia política, a ideologia e a religião. O autor mais famoso nessa tradição foi Georges Sorel, para quem os mitos (incluindo a "Greve Geral" e a "Revolução Proletária") eram imagens capazes de invocar instintivamente todos os sentimentos que permitem a um povo, partido ou classe colocar em jogo suas energias para a ação política. Para Sorel (1906), todos os grandes movimentos sociais desenvolvem-se através da busca de um mito que fornece o idealismo necessário para reunir e unir as pessoas atrás de uma causa. <br />
<br />
O mito, na sua qualidade simbólica, contém uma forte carga do que Jung denomina como "libido" (energia psíquica) pois, por estar aberto à interpretação e nunca completamente definido, não dá "descanso" para as atividades psíquicas que exercem continuamente sua função de delimitar um sentido, de sintetizar uma ideia ou de rotular um evento. A carga de energia psíquica de um mito é muito maior do que a carga de energia de um fato.</div>
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<span style="color: #bf9000;">O mito político</span></div>
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<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-idTyUz4Rxzs/T5YEpI9_jMI/AAAAAAAABSk/XgGhNMRuyFs/s1600/eva+peron.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-idTyUz4Rxzs/T5YEpI9_jMI/AAAAAAAABSk/XgGhNMRuyFs/s1600/eva+peron.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Eva Peron, um mito político argentino</td></tr>
</tbody></table>
A idéia do mito como elemento essencial urdido no tecido de uma ideologia geral teve eco na concepção mussoliniana do fascismo como uma fé viva. O mito político é um recurso mobilizador, uma celebração dos "impulsos irracionais", cujo apelo aos fabricantes de mitos reside mais na visão lúcida e instigante de redenção e salvação do que em argumentos baseados em princípios abstratos. A dificuldade de compreender a lógica dual do símbolo e a necessidade cultural da sociedade ocidental de idealizar a razão faz com que a filosofia política ocidental se assombre com determinados fenômenos sociais como fascismos e identifique-os como "irracionais".<br />
<br />
A razão também pode ser utilitária, interesseira e intolerante, como nos fascismos e nazismos cujo processo de racionalização, exclusão, escravidão e usofruto da mão de obra e bens dos judeus foram extremamente racionalizados e racionalmente bem delimitados. O que não deixou de constituir um genocídio vergonhoso praticado em nome da toda poderosa "verdade absoluta", naturalmente intolerante a todas as demais verdades.</div>
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<br /></div>
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<span style="color: #bf9000;">Evemero e sua "história mítica"</span></div>
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Evêmero (séc. IV a.C.), vira nos mitos uma representação da vida passada dos povos, sua história, com seus heróis e suas façanhas, sendo de alguma maneira reapresentada simbolicamente ao nível dos deuses e de suas aventuras: o mito seria uma dramaturgia da vida social ou da história poetizada. Para Evêmero, por exemplo, Heracles (Hércules entre os romanos) teria sido um chefe guerreiro que enfrentou outro chefe que se apresentava, ou se identificava como o "Leão da (região de) Neméia" ou como a "Hidra da (região de) Lerna". É uma interpretação que culmina, posteriormente, no desenvolvimento do trabalho arqueológico interessantíssimo de um Erik von Daniken, embora perca, no processo, toda sua riqueza simbólica e psíquica.</div>
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<span style="color: #bf9000;">Fenômeno liminar e "tempo forte"</span></div>
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<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-S0zqBSzX7h4/T5YFYPWDghI/AAAAAAAABSs/GhroEZScSXQ/s1600/mircea+eliade.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-S0zqBSzX7h4/T5YFYPWDghI/AAAAAAAABSs/GhroEZScSXQ/s200/mircea+eliade.jpg" width="177" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Mircea Eliade</td></tr>
</tbody></table>
Crucial para a maior parte das teorias é a idéia de que os mitos não estão relacionados com o espaço e o tempo comuns, mas se encontram fora deles. <i>"Era uma vez"</i>, a <i>"Idade de Ouro"</i>, a <i>"Aurora dos Tempos"</i> ou o <i>"fim da história"</i>, tudo isso implica eventos passados ou futuros que não estão diacronicamente ligados ao presente. Nesse aspecto, os mitos tem sido interpretados como <i>"fenômenos liminares"</i>, contados em épocas ou lugares que ficam em um grau intermediário entre os estados normais do ser. Assim, segundo o mitólogo e historiador das religiões romeno Mircea Eliade, os que participam do mito são transportados temporariamente do mundo cotidiano para um plano onde o tempo é considerado <i>"sacro, concentrado"</i> e de <i>"intensidade ampliada"</i>.<br />
<br />
O xamanismo, estudado por Mircea Eliade, utiliza o mito como uma forma de cura psíquica. Quando o Xamã relembra <i>"o tempo dos tempos" </i>ou <i>"o tempo dos primórdios</i>", onde tudo foi criado, desde o primeiro grão de mostarda até o ser humano e então o próprio paciente, o xamã está reintegrando à mente do seu paciente a narrativa da própria vida dele. Todo o sentido de trajetória de uma vida que invariavelmente passa. Isso tem um caráter catártico e terapêutico fortíssimo, porque interfere na constituição (ou na reconstrução) do caráter do sujeito e, muitas vezes, cura desequilíbrios de ordem psíquica ou mesmo reintroduz um criminoso dentro dos esquemas de lei e ordem que se estabeleceram naquela comunidade.</div>
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<i><br /></i></div>
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<span style="color: #bf9000;">Estrutura social, estrutura da psique</span></div>
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A civilização clássica e a cultura ocidental devem muito à mitologia grega. Em primeiro lugar, pela enorme capacidade que ela demonstrou de representar funções, sentimentos ou paixões psicológicas, tanto quanto atitudes mentais ou espirituais. Entre tantas outras, a Memória (<i>Mnemosyne)</i>, a Sabedoria e a Prudência (<i>Métis)</i>, o Amor (<i>Eros</i>), o Medo (<i>Phobos</i>), o Furor (<i>Lyssa</i>), o Destino Implacável (<i>Moiras</i>). Em segundo, por ter servido de fonte e seminário à poesia, ao teatro e às artes figurativas, desde então.<br />
<br />
Somos frutos de uma miscigenação de culturas míticas. A cultura grega influenciou a cultura latina que trocou com as culturas africanas e nórdicas e todos esses mapas interpretativos da realidade formaram então as nossas instituições contemporâneas e as nossas categorias de pensamento. O intrincado é muito denso para que possamos destrinchá-lo em suas partes constituíntes atualmente, mas podemos perceber algumas raízes aqui e acolá ao longo do tempo. </div>
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<span style="color: #bf9000;">Paul Diel e sua interpretação ético-psicológica</span></div>
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Segundo Paul Diel as figuras mais significativas da mitologia grega, em particular, representam, cada uma, uma função da psique e as relações entre elas exprimem a vida psíquica dos homens, divididas entre as tendências opostas que vão da sublimação à 'perversão' (a idéia de 'perversão' segue praticamente de forma patológica o desenvolvimento da interpretação de Diel, formando um eixo interpretativo que nem sempre desencadeia em uma compreensão plena do seu caráter simbólico e a-ético).</div>
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<a href="http://3.bp.blogspot.com/-lGeGpsFGODo/T5YF6x0l6FI/AAAAAAAABS0/gSxxquD-zn4/s1600/Olimpo.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="200" src="http://3.bp.blogspot.com/-lGeGpsFGODo/T5YF6x0l6FI/AAAAAAAABS0/gSxxquD-zn4/s200/Olimpo.jpg" width="199" /></a><i>"O espírito é Zeus; a harmonia dos desejos, Apolo; a inspiração intuitiva, Palas Atena; o refluxo, Hades etc. O elã evolutivo (o desejo essencial) encontra-se representado pelo herói; a situação de conflito da psique humana, pelo combate pelos monstros da perversão. Todas as constelações, sublimes ou perversas, do psiquismo, são assim sucetíveis de encontrar sua formulação figurada e sua explicação simbolicamente verídica com o auxílio do simbolismo da vitória ou da derrota de tal ou tal herói em seu combate contra tal ou tal monstro de significação determinada e determinável" - Paul Diel</i></div>
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<i><br /></i></div>
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[Ensaio virtual em constante atualização]</div>
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Por Renato Kress</div>
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Bibliografia:<br />
Dicionário SESC, a linguagem da Cultura.</div>
<div>
Dicionário do Pensamento Social do Século XX</div>
<div>
Mitologias, Roland Barthes</div>
<div>
<i>Mythes, rêves et mysteres,</i> Mircea Eliade</div>
<div>
<i>Interpretações estruturais dos mitos bíblicos</i>, Edmund Leach & Alan Aycock.</div>
<div>
<i>Mitológicas</i>, Cláude Lévi-Strauss</div>
<div>
<i>Magia, ciência e religião e outros ensaios,</i> Bronislaw Malinowski.</div>
<div>
<i>Reflexões sobre a violência,</i> Georges Sorel</div>
<div>
<i>Mito político, </i>H. Tudor</div>
<div>
<i>Mito e Símbolo, </i>Victor Turner</div>
<div>
<i>Dicionário de Símbolos, </i>Jean Chevalier & Alain Gheerbrant<br />
<i>História das Crenças e das Idéias Religiosas, Vol. 1, 2 e 3, </i>Mircea Eliade</div>
</div>Renato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9100955754075500794.post-29329261822724513002012-04-22T11:38:00.000-07:002012-04-23T17:20:52.231-07:00Mãe - Homenagem ao Dia da Terra<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<span style="background-color: white; color: #38761d; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: large; line-height: 17px;">O leite do meu seio é magma, o leito, do meu sono, é água</span><span style="background-color: white; color: #38761d; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 17px;">. Participo de um equilíbrio delicado, tenho nomes e meus nomes tem camadas, como a forma pela qual me entendem meus filhos. Se me arrebatam a roupa de cama, remexo, sinto frio, suo, tremo. Se me perfuram a carne em demasia escorre do meu ventre o que escorre dos seus, minha seiva, meu sangue, minha vida.</span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 17px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0in; margin-right: 0in; margin-top: 0in;">
<span lang="PT-BR" style="background-color: white;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 17px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0in; margin-right: 0in; margin-top: 0in;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-zeZleOSFKwE/T5ROb4B1QeI/AAAAAAAABOQ/hAN2dwGeAGI/s1600/gaia006.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-zeZleOSFKwE/T5ROb4B1QeI/AAAAAAAABOQ/hAN2dwGeAGI/s1600/gaia006.jpg" /></a><span lang="PT-BR" style="background-color: white;">Gaia, mesmo nos códigos que vocês inventam, esquecem depois seus significados. Vivem rodeados dela. Seja onde pisam, onde moram, o que respiram, comem, digerem, desejam, onde morrem e o que se tornam sempre: matéria. Lembro de quando descobriram a palavra matéria, vinha de Mater, Matris, “Mãe”. Porque certas palavras não se criam, certas palavras se sentem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 17px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0in; margin-right: 0in; margin-top: 0in;">
<span lang="PT-BR" style="background-color: white;">Erda, sou a anciã que sustenta teus saltos mais mirabolantes, tuas acrobacias e invencionices. Sou a senhora complacente e submissa, que recebe os castigos malcriados dos filhos imaturos. Sou a firmeza calma e duradoura. Além de ser suas bases, sei de algo que não sabem aceitar: eu fico, vocês passam. Antes de vocês houve outros e depois os haverá, tão cedo que nunca se lembrarão, tão tarde que nunca conhecerão. Ainda assim, os amo e nutro, como únicos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 17px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0in; margin-right: 0in; margin-top: 0in;">
<span lang="PT-BR" style="background-color: white;">Geb, sou universal, primordial, essencial. Sou fecundada pela água que sai de mim mesma. Minha língua é um sistema que se equilibra sozinho e eu tenho algumas eternidades para me equilibrar. Mesmo que eu tivesse pressa, vocês nunca notariam. Suas idéias, pensamentos, seus mais puros ou devassos sonhos são piscares dos olhos de seus próprios deuses, cada um dos quais precisou de um solo para erguer suas sinagogas e catedrais... e eu os doei com tanta alegria!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 17px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0in; margin-right: 0in; margin-top: 0in;">
<span lang="PT-BR" style="background-color: white;">Porque tenho um carinho especial pelas formas como resvalam em mim sem me perceber. Ninguém pode vir ao mundo sem passar por mim, ninguém pode ver a luz se não por mim. E vocês me procuram em tantos lugares incríveis, e vocês me projetam a alturas indizíveis. De alguma forma não cabe a vocês – ainda – perceber que eu possa estar abaixo da planta de seus pés e ainda assim palpitar dentro do seu peito saída diretamente de uma alga. Porque eu sou mais singela do que vocês imaginam e vos acaricio por inteiro, não importa o que vocês façam, não importa onde vocês vão, eu estarei lá, eu serei lá.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; line-height: 17px; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0in; margin-right: 0in; margin-top: 0in;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 11pt; margin-bottom: 10pt; margin-left: 0in; margin-right: 0in; margin-top: 0in;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-qJAq4EjGKHI/T5RO4x5YnFI/AAAAAAAABOY/YwUJmHsULX8/s1600/gaia007.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="186" src="http://1.bp.blogspot.com/-qJAq4EjGKHI/T5RO4x5YnFI/AAAAAAAABOY/YwUJmHsULX8/s200/gaia007.jpg" width="200" /></a></div>
<span lang="PT-BR" style="background-color: white;">Procuram meu centro em tantos espaços, terras santas, bem aventuradas, centros do mundo. No meu centro mesmo não podem viver, e já bem o conhecem, mas podem fazer de qualquer espaço meu um centro. Não sou mais eu aqui do que lá. Mas sinceramente? Gostaria que fizessem de si mesmos centros sagrados. Porque eu vou ficar aqui, mas me dói ver vocês partindo tão cedo.<br /><br />Texto por: Renato Kress</span></div>
</div>Renato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-9100955754075500794.post-60430141981415291332010-12-27T09:19:00.000-08:002013-07-05T10:00:12.595-07:00A Árvore - Coesão e coerência<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/_lXUvFnYhUWE/TRjKcWfpcjI/AAAAAAAAAuY/hsdaVqK_bU8/s1600/arvore001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="http://2.bp.blogspot.com/_lXUvFnYhUWE/TRjKcWfpcjI/AAAAAAAAAuY/hsdaVqK_bU8/s320/arvore001.jpg" width="320" /></a></div>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">E porque a árvore?<br />
Porque ela age como deveríamos se fôssemos todos sãos. Ela finca suas raízes, sua base, sua estrutura na terra para que possa seguir, dia a dia, seu lento e ininterrupto caminho em direção aos céus. Porque para a árvore n<span class="text_exposed_show" style="display: inline;">ão existem dicotomias entre a mãe terra (matéria) e o pai céu, como não existe mente sem corpo, como não existe cuidado interno sem cuidado externo, como não existe mundo externo - todo o vasto e infinito espaço ocupado por todas as outras árvores e todos os outros seres e todo o resto do universo - sem uma delimitação muito clara de que existe um espaço interno - o tronco, a seiva, a vida.<br />
Porque a árvore? Porque a árvore age como deveríamos. Se fôssemos todos sãos.<br />
<br />
Quando armo uma árvore de natal, às vésperas de um ano que se vai, lembro de armar meu eixo interno, meuminimundo, minha retrospectiva de amores, fatos ações e desejos (cumpridos ou em latência). Quando vejo uma árvore lembro de um totem numa sociedade tribal, lembro do eixo doador de sentido para toda aquela realidade ao redor. Quando vejo uma árvore me vêm uma ridícula ponta de admiração e inveja por sua integridade, afinal o meu eixo doador de sentido para a realidade externa não tem essa coerência, essa vivacidade, esse alinhamento perfeito aos ventos e às intempéries, não é flexível, maleável nem ordenado como uma árvore. Ver a árvore e seu caminho do solo ao céu sem esquecer ou renegar nenhum dos dois pontos, é uma ode à vida. À vida que teríamos, se fôssemos todos sãos.</span></span><br />
<span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
</span><br />
<span class="text_exposed_show" style="display: inline; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Renato Kress</span></div>
Renato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-9100955754075500794.post-72068310046361041092010-09-24T12:57:00.000-07:002012-04-23T17:29:34.751-07:00Religiões da África (África Central)<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_lXUvFnYhUWE/TJ0BkmcVXnI/AAAAAAAAApA/C7X3FlQ5dqA/s1600/bantos.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="137" src="http://2.bp.blogspot.com/_lXUvFnYhUWE/TJ0BkmcVXnI/AAAAAAAAApA/C7X3FlQ5dqA/s200/bantos.jpg" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ritual Banto</td></tr>
</tbody></table>
<span class="Apple-style-span" style="color: orange;">Religião dos Bantos</span><br />
<br />
Cerca de dez milhões de bantos vivem na <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_Central">África Central</a>, na bacia do Rio Congo, numa área que se estende desde a <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Tanz%C3%A2nia">Tanzânia</a>, a leste, até o <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Congo">Congo</a>, a oeste. Os mais conhecidos são os 'Ndembos' e os 'Leles', graças aos trabalhos de <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Ritos_de_passagem">Victor Turner</a> (<i>The forest of Symbols,</i> 1967; <i>The Drums of Affliction</i>, 1968) e de <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Ritos_de_passagem">Mary Douglas</a> (<i>The Lele of the Kasai</i>, 1963).<br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: orange;">Sociedades secretas, oráculos e exorcismo</span><br />
No centro das religiões bantos figuram os cultos espíritualistas e os rituais mágicos de propiciação. São ligadas aos primeiros: As sociedades secretas iniciáticas criadas por certos povos como os 'Ndembos', mas também a instituição mais difundida dos oráculos régios e dos cultos de aflição, que consistem em exorcizar os espíritos 'aflitos' que possuem os vivos. Esses espíritos às vezes sào marginais pertencentes a diversos grupos étnicos; pedem aos médiuns que falem em sua língua. A feitiçaria, como atividade feminina por excelência, não existe entre todos os povos bantos.<br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: orange;">O criador</span><br />
O criador, que é assexuado, de modo geral tornou-se um <i>deus otiosus</i>; não recebe culto, mas é invocado nos juramentos.<br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: orange;">Os pigmeus da floresta tropical</span><br />
Formam três grupos principais: akas, bakas e mbutis, de Ituri ao Zaire, estudados nos célebres livros de Colin Turnbull, entre os quais o mais conhecido é T<i>he Forest People</i> (1961). Incitados pela vontade do padre Wilhelm Schmidt (1868-1954) de encontrar, em todos os povos sem escrita, crenças monoteístas originais, muitos missionários católicos e grande número de etnógrafos confirmaram a existência, nos três grupos, da crença num criador que se torna <i>otiosus</i>. Mas Colin Turnbull nega que os 'Mbutis' reconheçam um deus criador: para eles, deus é o habitat, a mata. Entre eles encontra-se certa pobreza ritual: não tem sacerdote e não praticam adivinhação. Tem ritos de passagem associados à circuncisão para os rapazes e ao isolamento para as moças, quando de suas primeiras regras.<br />
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<span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; border-collapse: collapse; color: #333333; font-family: 'trebuchet ms', verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Texto básico de Renato Kress</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; border-collapse: collapse; color: #333333; font-family: 'trebuchet ms', verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;"><br />
</span><span class="Apple-style-span" style="-webkit-border-horizontal-spacing: 2px; -webkit-border-vertical-spacing: 2px; border-collapse: collapse; color: #333333; font-family: 'trebuchet ms', verdana, arial, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Adaptado de "Dicionário das Religiões" de Mircea Eliade. Esse texto vai sofrer várias alterações de estudos complementares até tornar-se uma referência diversa. O texto base de Eliade foi escolhido por ser o mais completo e proporcionar mais abrangência ao tema.</span></div>Renato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9100955754075500794.post-74258673820765208802010-09-01T16:09:00.000-07:002012-04-23T17:29:47.787-07:00Religiões da África (África Oriental)<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/_lXUvFnYhUWE/TH75-J3p0pI/AAAAAAAAAmw/xV0R9iKd1-k/s1600/nuer.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5512117840144618130" src="http://2.bp.blogspot.com/_lXUvFnYhUWE/TH75-J3p0pI/AAAAAAAAAmw/xV0R9iKd1-k/s200/nuer.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; float: right; height: 200px; margin: 0 0 10px 10px; width: 146px;" /></a><span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;"></span><br />
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Religiões da África Oriental</span></div>
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A região leste da África comporta 100 milhões de habitantes pertencentes aos quatro grandes grupos lingüísticos mencionados na postagem anterior, que formam mais de 200 sociedades distintas. Um suaíle simplificado serve de língua veicular na região, mas a maioria das pessoas fala línguas bantos, como os "gandas", "nyoros", "nkores", "sogas" e "gisus" em Uganda: os kikuyus e kambas no Quênia; e os "kagurus" e "gogos" na Tanzânia. As religiões dos povos bantos apresentam algumas características comuns, como o caráter de <i>deus otiosus</i> do criador que, com exceção dos kikuyus, é visto como figura distante que não intervém nos acontecimentos do dia a dia. Consequentemente sua presença no ritual é pequena. As divindades ativas são os heróis e os ancestrais, muitas vezes consultados em seus santuários por médiuns que, em estado de transe, entram em comunicação direta com eles. Em princípio os espíritos dos mortos também podem possuir o médium. Por isso, convém aplacá-los e fazer-lhes oferendas periódicas. Vários rituais têm a finalidade de livrar a sociedade de certos estados de impureza nos quais se incorreu em virtude de transgressão, voluntária ou involuntária, da ordem.<br />
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">A arte divinatória (adivinhação)</span></div>
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A adivinhação de tipo geomântico simplificado é encontrada na maioria dos povos da África Oriental. É praticada com o fim de ajudar as decisões binárias (sim/não), de denunciar um culpado ou de prever o futuro. Como o feitiço é considerado a causa da morte, da doença e do infortúnio, a adivinhação também serve para mostrar o autor de um malefício mágico a fim de puni-lo. O estudo de E. E. Evans-Pritchard sobre os azandes - Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Azande, Jorge Zahar Editores Br - esclarece a relação entre feitiçaria e oráculos.</div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Iniciações pubertárias</span></div>
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Todos os povos da África Oriental conhecem a iniciação pubertária, geralmente mais complexa entre os meninos que entre as meninas. A maioria dos povos bantos pratica a circuncisão e a cliteridectomia ou a labiectomia. </div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Iniciações guerreiras</span></div>
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As iniciações guerreiras mais intensas servem às vezes para cimentar a unidade de organizações secretas, como os Mau-maus dos kikuyus, no Quenia, que participaram da libertação do país.</div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Populações</span></div>
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Os povos nilóticos da África Oriental compreendem os shilluks, os nuers e os dincas na república do Sudão; os acholis em Uganda; e os inos no Quênia. </div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Os Nuers</span></div>
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A religião dos nuers e dos dincas é bem conhecida, graças aos trabalhos excepcionais de E. E. Evans-Pritchard e de Godfrey Lienhardt. Como os outros habitantes da região dos Lagos (masais, por exemplo), os nuers e os dincas são criadores transumantes de gado. Esse dado ecológico é a base de sua religião. Os primeiros seres humanos e os primeiros bovinos foram criados juntos. O deus criador não mais participa da história humana. Os diversos espíritos que podem ser invocados e os ancestrais estão próximos do homem.<br />
<br />
Os <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Nuers">nuers na wikipedia</a><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: sans-serif; font-size: 100%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 13px; line-height: 19px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 130%;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 16px; line-height: normal;"><br /></span></span></span></span></div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Os especialistas do sagrado</span></div>
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Nas duas sociedades encontram-se especialistas do sagrado que se comunicam com as forças do invisível: os sacerdotes-leopardos entre os nuers e os mestres do arpão entre os dincas, que executam o rito do sacrifício do boi para livrar a comunidade da desonra e o indivíduo da doença que o acometeu. Os profetas dos nuers e dos dincas são personagens religiosas possuídas pelos espíritos.</div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: white; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 18px;">Texto de Renato Kress<br />Adaptado de "Dicionário das Religiões" de Mircea Eliade. Esse texto vai sofrer várias alterações de estudos complementares até tornar-se uma referência diversa. O texto base de Eliade foi escolhido por ser o mais completo e proporcionar mais abrangência ao tema.</span></div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;"><br /></span></div>
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</div>Renato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-9100955754075500794.post-24492558197062007292010-08-17T04:53:00.000-07:002012-04-23T17:35:28.525-07:00Religiões da África (Introdução e África Ocidental)<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/_lXUvFnYhUWE/TGreWZaNgYI/AAAAAAAAAk4/fIJTQdNskhc/s1600/africaocidental001.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5506457970773164418" src="http://3.bp.blogspot.com/_lXUvFnYhUWE/TGreWZaNgYI/AAAAAAAAAk4/fIJTQdNskhc/s400/africaocidental001.jpg" style="cursor: hand; cursor: pointer; float: right; height: 400px; margin: 0 0 10px 10px; width: 400px;" /></a><br />
<a href="http://2.bp.blogspot.com/_lXUvFnYhUWE/TGreRJWVfNI/AAAAAAAAAkw/YY92oDGh0H8/s1600/atenalogo01"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5506457880562597074" src="http://2.bp.blogspot.com/_lXUvFnYhUWE/TGreRJWVfNI/AAAAAAAAAkw/YY92oDGh0H8/s400/atenalogo01" style="cursor: hand; cursor: pointer; float: left; height: 36px; margin: 0 10px 10px 0; width: 99px;" /></a><br />
[Postagem em contante re-edição] <span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Classificações</span><br />
<br />
O homem nasceu na África há pelo menos cinco milhões de anos. Hoje o continente abriga numerosos povos que falam mais de 800 línguas (das quais algo em torno de 730 estão classificadas). Seus habitantes foram distingüidos por "raças" e por "áreas culturais", mas esses critérios se mostram insuficientes há mais de meio século. Embora a delimitação das línguas não seja precisa, a classificação lingüística é preferível às outras.<br />
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Divisão lingüística do continente africano</span><br />
Joseph H. Greenberg propôs, em 1966, uma divisão do continente africano em quatro grandes grupos lingüísticos, compostos por várias famílias. O mais importante é o grupo Congo-Kordofan, cuja principal família é a nigério-congolesa. A área lingüística Congo-Kordofan abrange o centro e o sul da África.<br />
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Um segundo grupo lingüístico, que compreende as línguas dos nilóticos, do Sudão Ocidental e do Médio Níger, é o grupo nilo-saariano.</div>
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Ao norte e a nordeste estende-se a área do grupo afro-asiático, que compreende as línguas semíticas faladas na Ásia Ocidental, o egípcio, o bérbere, as linguas kuchitas e as do Chade, como o hauçá.</div>
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O quarto grupo compreende as línguas comumente chamadas do "clique" (devido aos quatro sons característicos da língua dos bosquímanos), às quais Greenberg deu o nome de khoïsan e cujos principais falantes são os bosquímanos e os hotentotes.</div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Língua e religião</span><br />
As fronteiras religiosas não acompanham o contorno das fronteiras lingüísticas. Nos países do norte desenrolou-se a longa história do islamismo egípcio e bérbere, este último, principalmente, impregnado de cultos de possessão femininos, que já foram comparados ao antigo culto grego de Dioniso, e de magias africanas. No sincretismo afro-islâmico, o <i>marabu</i>, receptivo ao <i>baraka</i> ou força espiritual, é a personagem central. Antes do islamismo houve o judaísmo das tribos bérberes e o cristianismo africano que, na expansão do movimento puritano donatista combatido por Agostinho (354-430), já prenunciava esse particularismo dos bérberes, que sempre os fez escolher uma forma de religião que não coincidia exatamente com a de seus dominadores.</div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">País a país no oeste</span><br />
A oeste a situação é diferente. No Senegal convivem os cultos autóctones, a cruz e o crescente. Quanto mais se avança para o sul, tanto mais complexa se torna a escolha. Na Guiné, na Libéria, na Costa do Marfim, em Serra Leoa e em Benim, predomina o sincretismo. Os Mandês são islamizados, mas o mesmo não ocorre com os bambaras, os miniankas e os senufos. Na federação nigeriana predominam os cultos autóctones. A religião dos iorubás é uma das mais importantes da região.</div>
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O sincretismo domina a África equatorial e o sul evangelizado pelos portugueses e pelas missões protestantes britânicas e holandesas. A leste, o sincretismo dos bantos é dominado pelo estandarte do profeta. Finalmente, as tribos dos lagos (zandes, nuers, dincas, masais), a despeito da atividade missionária inglesa, continuam praticando as religiões de seus ancestrais.</div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Problemas de metodologia e referência</span><br />
A diversidade regional complica as possíveis análises pelos historiadores da religião. B. Holas faz um apanhado geral sem se deter em lugar nenhum em <i>Religions de l'Afrique noire</i> (1964), Benjamin Ray tratou da matéria segundo uma perspectiva fenomenológica, sem atribuir importância nenhuma às divisões geográficas e históricas em <i>African Religions</i> (1976) e Noel Q. King escolheucerto número de religiões representativas e as descreveu individualmente, comparando-as, em <i>African Cosmos</i> (1986). Cada uma dessas opções têm vantagens e desvantagens.</div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Crenças comuns</span><br />
Mesmo não sendo universais numerosas religiões autóctones da África partilham duas características em comum: a crença num Ser-Supremo, muitas vezes um <i>deus otiosus</i> (deus ocioso) que se afastou dos assuntos humanos e, por conseguinte, não está ativamente presente no ritual; e a adivinhação em forma dupla (por possessão espírita oracular e por diversos métodos geomântricos), que, por sua vez, parece provir dos árabes.</div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;"><b>Religiões da África Ocidental</b></span><br />
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Os </span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Iorub%C3%A1s"><span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">iorubás</span></a><span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">, sociedades secretas, religião e poder político</span><br />
A religião dos iorubás, entre as africanas, é a que tem provavelmente o maior número de praticantes (mais de 15 milhões), na <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Nig%C3%A9ria">Nigéria</a> e nos países limítrofes, como o Benim.</div>
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Ainda no início deste século, a coletividade iorubá era denominada por uma confraria secreta que nomeava o mais alto representante do poder público, o rei. Antes de sua nomeaçao o rei nada sabia, pois não era membro dessa confraria, chamada Ogbonis. Ser membro desse clube fechado significa falar uma língua initeligível aos profanos e praticar formas de arte hierática e monumental inacessíveis à maioria dos iorubás.<br />
<br />
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Ilê, Orum e Aiyê</span></i><br />
Envolvido no segredo iniciático, o culto interno dos Ogbonis continua misterioso. No centro: Onila, Grande Deusa Mãe do <i>ilê,</i> que é o "mundo elementar" no estado caótico, antes de organizar-se. O <i>ilê</i> opôe-se, por um lado ao <i>orum</i>, que é o céu enquanto princípio organizado e, por outro, <i>aiyê</i>, o mundo habitado, proveniente da intervenção do <i>orum</i> no <i>ilê</i>.<br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Incesto primordial iorubá</span><br />
Enquanto todos conhecem os aspectos assumidos pelos habitantes do <i>orum</i>. os <i>orixás,</i> que são objetos de cultos exotéricos, e o <i>deus otiosus Olorum (</i>Olodum), que não é cultuado, a presença do <i>ilê</i> na vida dos iorubás é carregada do inquietante mistério da ambivalência feminina. A deusa <i>Iemanjá</i> é fecundada pelo próprio filho <i>Orungã, </i>e os produtos dessa relação incestuosa constituem grande número de deuses e espíritos. <i>Iemanjá </i>é a mestra de todas as feiticeiras Iorubás, que a tomaram por modelo dado o esenrolar excepcional e atormentado de sua vida. Outra situação associada à feiticeira é a esterilidade, representada pela deusa <i>Olokun, </i>mulher de Odudua.</div>
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Uma terceira situação que leva à feitiçaria é a da Vênus iorubá, a deusa Oshun, protagonista de uma série de divórcios e escândalos. é a inventora das artes mágicas, e as feiticeiras consideram-na uma das suas.</div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">A arte divinatória Iorubá</span><br />
O mundo organizado mantém-se afastado do <i>ilê.</i> O criador é <i>Obatalá</i>, deus que forma o embrião do ventre materno. Com ele, o <i>Orum (Ogum)</i>, enviou para o <i>Aiyê</i> o deus dos oráculos <i>Orunmila</i>, cujos instrumentos de adivinhação estão presentes nas casas tradicionais iorubás. A adivinhação <i>Ifá</i> é uma forma de geomancia proveniente dos árabes. Comporta dezesseis figuras básicas, cujas combinações determinam o prognóstico. O adivinho não interpreta a sentença; limita-se a recitar versos pertencentes ao repertório tradicional, mais ou menos como os comentários do <i>I-Ching</i>, o livro de adivinhação chinês. Quanto mais versos o adivinho conhecer, tanto mais respeitado será por sua clientela.</div>
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<i><span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Exu</span><br /><span class="Apple-style-span" style="font-style: normal;">Outro orixá importante é o </span>Exu</i> <i>Trapaceiro,</i> pequeno e itifálico. Por um lado provoca riso e, por outro, engana. É preciso saber torná-lo propício mediante sacrifícios de animais e oferendas de vinho de palmeira.<br />
<br />
<i><span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Ogum</span><br /><span class="Apple-style-span" style="font-style: normal;">O padroeiro dos ferreiros, cujo estatuto é muito particular em toda a África e implica isolamento e suspeita mas também atribuição de poderes mágicos ambivalentes, é o deus guerreiro </span>Ogum.</i> </div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Os gêmeos entre os Iorubás</span></div>
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Essa mesma ambivalência encontra-se na idéia que os Iorubás têm dos gêmeos. A anomalia do nascimento de gêmeos representa um dilema para os povos africanos: é preciso ou neutralizá-la enquanto ruptura do equilíbrio do mundo (caso em que um dos gêmeos ou os dois precisam ser suprimidos), ou prestar-lhe reverência especial. Os iorubás dizem que, em passado distante, preferiam a primeira solução, mas que um oráculo ordenou-lhes que adotassem a segunda. Entre eles os gêmeos são alvo de atenção especial.</div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Deuses secundários</span><br />
Se <i>Obatalá</i> modela o corpo, <i>Olodumaré</i> insufla-lhe o espírito (<i>emi</i>). Na morte, as componentes do ser humano retornam para os <i>orixás</i> que as retribuem através dos recém-nascidos. Há, porém, componentes imortais, pois os espíritos podem voltar para a terra e tomar posse de algum dançarino <i>Egungum</i>. Este passa a mensagem dos mortos para os vivos.<br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Religião dos </span><i><span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Akans</span></i></div>
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Os <i>Akans</i> são um povo de língua <i>twi</i>, do mesmo tronco <i>kwa</i> dos <i>iorubás</i>. Formam uma dúzia de reinos independentes em Gana e na Costa do Marfim, sendo o mais importante o dos <i>Achantis</i>. Sua organização por clãs, em oito unidades matrilineares, não coincide com a organização política. Como os <i>iorubás, </i>os <i>achantis</i> têm seu <i>deus otiosus</i> celestial, <i>Nyame, </i>que fugiu do mundo dos humanos por causa do barulho insuportável que as mulheres fazem quando batem inhames para fazer pirão. Em cada casa achanti, <i>Nyame</i> tem um pequeno altar acomodado numa árvore. Por ser deus criador, é invocado constantemente ao lado da deusa da terra, <i>Asase Yaa.<br /><br /><span class="Apple-style-span" style="font-style: normal;">Os achantis veneram as divindades pessoais </span>abosuns</i> e as impessoais <i>asumans </i>e invocam os ancestrais (<i>asamans)</i> usando escabelos escurecidos com sangue e outros materiais. A casa do rei tem seus escabelos negros que recebem oferendas periódicas. A instituição monárquica dos achantis comporta um rei (<i>Asantehene)</i> e uma rainha (<i>Ohennemmaa)</i>, que não é sua esposa nem sua mãe, mas uma representante do grupo matrilinear que se identifica com o grupo político.<br />
<br />
A festa religiosa principal em todos os reinos akans é o Apo, período de reflexão sobre os ancestrais e de cerimônias purificadoras e propiciatórias.</div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Visão do mundo dos Bambaras e dos Dogons do Mali</span><br />
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Populações diferentes com um mesmo substrato religioso.</span><br />
Germaine Dieterlen escrevia, em 1951, em seu <i>Essai sur la religion bambara: </i>"Pelo menos nove populações de importância desigual (dogons, bambaras, ferreiros, kurumbas, bozos, mandingas, samogos, mossis e kules) vivem no mesmo substrato metafísico, se não religioso. Têm em comum o tema da criação por um verbo inicialmente imóvel, cuja vibração vai determinando aos poucos a essência e, depois, a existência das coisas; o mesmo ocorre com o movimento em espiral cônica do universo, que está em extensão constante. Importante salientar a similaridade entre essa concepção da criação e da metafísica do universo com as descobertas da astrofísica e da física quântica atuais.<br />
<br />
Têm a mesma concepção da pessoa e da geminidade primordial, expressão da unidade perfeita. Uns e outros admitem a intervenção de uma hipóstase da divindade que, às vezes, assume o aspecto de um redentor e senhor do mundo, cuja forma é idêntica em todos os lugares. Todos crêem na necessidade da harmonia universal, como na da harmonia interna dos seres, estando as duas interligadas. Um dos corolários dessa noção é o sutil mecanismo da desordem que chamamos impureza, por falta de termo melhor, e que é acompanhado pelo das práticas catárticas muito desenvolvidas."<br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Mitologia Aritmédica</span><br />
Na cosmogonia dos dogons, os arquétipos (tipos primordiais) do espaço e do tempo estão inseridos, sob a forma de números, no seio do deus celeste <i>Amma.</i> É o Trapaceiro Raposa Branca, Yurugu, que institui o espaço e o tempo reais. Em outra versão o universo e o homem são criados a partir de uma vibração primordial que procede, em forma helicoidal, de um centro cujo impulso é dado por sete segmentos de diferentes comprimentos. Essa forma de compreensão do espaço-tempo como trapaça primordial coincide com a lógica do <i>Samsara,</i> a roda das encarnações indiana. </div>
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<br /></div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Homem e Cosmos</span><br />
Cosmificação do homem e antropomorfização do cosmos são as duas operações que definem a visão dogon do mundo. Assim, o dogon "procura seu reflexo em todos os espelhos de um universo antropomórfico, onde cada haste de capim, cada mosquito é portador de uma 'palavra' (<i>Ethnologie et language,</i> Calame-Griaule). </div>
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<br /></div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">Palavra e silêncio</span><br />
É idêntica a importância das palavras entre os bambaras: "O verbo estabelece (...) uma aproximação entre o homem e seu deus, ao mesmo tempo em que uma ligação entre o mundo objetivo concreto e o mundo subjetivo de representação." (D<i>ialetique du verbe chez le Bambaras). </i>A palavra pronunciada é como uma criança que vem ao mundo. Há várias operações cuja finalidade é facilitar o parto da palavra pela boca: o cachimbo e o fumo, o uso do caroço de cola, limar e esfregar os dentes, tatuar a boca. No fundo, parir a palavra não é uma operação sem risco, pois ela rompe a perfeição do silêncio. O silêncio, segredo que se cala, tem valor iniciático que caracteriza a condição original do mundo.</div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">O nascimento da língua<br /><span class="Apple-style-span" style="color: #ff9900;">No princípio não havia necessidade de linguagem, pois tudo o que existia estava integrado numa 'palavra inaudível', um sussurro contínuo que o criador rude, fálico e arborícola Bemba confiou ao criador celeste, requintado e aquático, Faro. Muso Koroni, mulher de Bemba, que engendrara as plantas e os animais, sentiu ciúme do marido, que copulava com todas as mulheres criadas por Faro. Por isso traiu-o, e Bemba perseguiu-a e agarrou-a pela garganta, estrangulando-a. Desse tratamento violento da esposa, infiel ao marido infiel, nasceram as rupturas no fluxo sonoro contínuo, absolutamente necessárias para engendrar palavras, uma língua.</span></span></div>
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<br /></div>
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<span class="Apple-style-span" style="color: #ffcc66;">De como o "desequilíbrio espiritual" dá início às sociedades</span><br />
Como os dogons, os bambaras acreditam na decadência da humanidade, sendo o surgimento da linguagem apenas um de seus sinais. no plano individual, a decadência caracteríza-se pelo <i>wanzo</i>, a feminilidade desregrada, feiticeira, do ser humano que, no estado perfeito é andrógino. O sustentáculo visível do <i>wanzo</i> é o prepúcio. A circuncisão retira do andrógino seu componente feminino. Despojado da feminilidade, o homem sai à procura de uma esposa e é assim que aparece a comunidade. A circuncisão física ocorre na primeira iniciação infantil, o <i>n'domo</i>, enquanto a última das seis <i>dyows </i>(iniciações) sucessivas, o <i>kore</i>, tem por objetivo restituir ao homem a feminilidade espiritual, tornando-o novamente andrógino, portanto perfeito. O <i>n'domo</i> marca a entrada do indivíduo na existência social; o <i>kore</i> marca sua saída, para reunir-se à plenitude e à espontaneidade divinas. Os dogons e os bambaras contruíram, com base em seus mitos e rituais, uma arquitetura do conhecimento sutil e complexa.<br />
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Texto de Renato Kress<br />
Adaptado de "Dicionário das Religiões" de Mircea Eliade. Esse texto vai sofrer várias alterações de estudos complementares até tornar-se uma referência diversa. O texto base de Eliade foi escolhido por ser o mais completo e proporcionar mais abrangência ao tema.</div>
</div>Renato Kress ®Ҝhttp://www.blogger.com/profile/10890289956530090856noreply@blogger.com0